O XII Congresso Nacional do Partido Socialista Brasileiro foi marcado por uma unidade partidária sem precedentes na história da legenda. Militantes, segmentos organizados e lideranças que compõem o PSB estavam unidos em torno do mesmo projeto socialista difundido pelo presidente Eduardo Campos e pelos demais dirigentes.
Em entrevista ao Portal PSB Nacional, o primeiro secretário Nacional, Carlos Siqueira, conta como foi o XII Congresso. Os pontos marcantes, como a homenagem a Jamil Haddad e Nelson Mandela; a eleição de Ariano Suassuna para a presidência de honra do Partido; a recondução do governador Eduardo Campos e dos demais dirigentes da Executiva Nacional; os congressos dos segmentos organizados; a presença massiva de representantes internacionais; e, principalmente, a bandeira do PSB: melhorar a vida das pessoas nas cidades e propor soluções para os problemas urbanos.
“O PSB tem o desafio de crescer com qualidade e em consolidação de propostas de políticas públicas capazes de atender aos interesses estratégicos de nosso País e aos interesses maiores de nossa população, mantendo o nível de respeitabilidade que sempre teve ao longo desses 64 anos de existência”, ressaltou Carlos Siqueira.
Confira, abaixo, a íntegra da entrevista:
Portal PSB: Dr. Carlos Siqueira, qual o balanço que o senhor faz desse XII Congresso Nacional do PSB, realizado nos dias 2 e 3 de dezembro?
Carlos Siqueira:O balanço é extremamente positivo. Nós tivemos um congresso com total unidade dos militantes, segmentos organizados e lideranças que compõem o Partido Socialista Brasileiro. Esta unidade, que foi conseguida pela nossa liderança maior, que é o nosso presidente, governador Eduardo Campos, eu já disse e reafirmo, é uma unidade sem precedentes.
Tivemos um congresso onde o clima de tensão, eu diria que foi mínimo, praticamente nenhuma tensão se verificou durante o encontro. Este fato, politicamente, se refletiu em toda a descontração que marcou o evento, desde a solenidade de abertura até o encerramento. A participação espontânea, a alegria, o entusiasmo da militância e das lideranças, foi realmente impressionante e sem precedentes em congressos anteriores.
Além disso, gostaria de realçar o tema central do encontro: a questão urbana no Brasil. Este tema , deve, pelas decisões do congresso, transformar-se em uma agenda de trabalho para todos os militantes, dirigentes e, principalmente, para todos os pré-candidatos a prefeitos, vice-prefeitos e vereadores.
Os trabalhos em torno desta agenda terão prosseguimento logo no início do próximo ano, provavelmente, em fevereiro ou março, quando o PSB e a Fundação João Mangabeira realizarão vários seminários destinados aos pré-candidatos a prefeitos, vice-prefeitos e vereadores. O objetivo é poder contribuir, para os seus programas de governo e as suas plataformas eleitorais, com orientações e um estudo mais profundo sobre os problemas urbanos que existem em nosso País.
Há muito tempo, o PSB tem como bandeira da questão urbana. Portanto, não há momento mais oportuno do que o período das eleições para levantar esta bandeira socialista, do Rio Grande do Sul ao Amazonas, da Paraíba ao Acre, de Norte a Sul, Leste a Oeste. A bandeira do PSB é melhorar a vida das pessoas nas cidades e propor soluções para os problemas que afligem grande parte da população brasileira. Para se ter uma ideia, atualmente, cerca de 85% da população habita os centros urbanos no Brasil.
Portal PSB: As eleições de 2012 também foi tema durante o congresso. O presidente Eduardo Campos disse que o PSB vive 2012 e vai trabalhar por 2012, e que o PSB terá 1500 candidaturas nas próximas eleições. Como o senhor analisa esta questão?
Carlos Siqueira:O que o nosso presidente Eduardo Campos quis dizer é que nós temos que trabalhar cada momento e não atropelar os fatos políticos. O momento que o PSB vive é muito bom e positivo. O partido cresce gradativamente e, seguramente, também irá crescer nas próximas eleições. Mas, a política – como eu gosto de dizer – não é apenas uma questão de números. Não são apenas os números que nos interessam e nos entusiasmam, embora eles tenham a sua importância e o seu lugar. Mas, sobretudo,nos interessa que o partido seja um instrumento de luta e de transformação social. Um instrumento de luta para que a população melhore as suas condições de vida.
Portanto, este é o momento de preparação, de agregação, de soma de idéias e de formulação de propostas de políticas públicas que sejam capazes de orientar as campanhas eleitorais. E, esse momento, tem que ser vivido intensamente. Então, não poderíamos tratar de outro tema durante o congresso e nem trataremos nos próximos meses, até o próximo ano, até as eleições de 2012, que não seja esse conjunto de problemas que existe nas cidades e que precisam de soluções.
O PSB parte para as eleições com uma bandeira clara, objetiva e com propostas. Mas, também, há de se realçar a importância de que o Partido estará nas eleições mostrando à população que muitos dos seus administradores – e no congresso nós tivemos uma experiência extraordinária com a exposição do prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda – estão entre os melhores do País. Temos os governadores mais bem avaliados do Brasil, como também, prefeitos de capitais e de cidades grandes, médias e pequenas.
Esses bons exemplos de administração são importantes. Devem ser mostrados e levados aos demais prefeitos e pré-candidatos para que o Partido possa criar uma identidade,não apenas política e ideológica – como ele já tem claramente, mas também, um partido que sabe governar, que sabe fazer e que encontra soluções para os problemas da população.
Portal PSB: Dr. Carlos, os seguimentos organizados do PSB também realizaram os seus congressos, alguns foram pela primeira vez, como é o caso do LGBT e outros estão na sua décima edição, como a juventude socialista . O congresso correspondeu a expectativa dos seguimentos organizados?
Carlos Siqueira:Neste XII Congresso, os segmentos organizados do PSB reuniram-se, em grande número, durante todo o dia 2 de dezembro. Foram mais de 600 militantes participando dos seis segmentos: mulheres, juventude, sindical, negritude, movimento popular e LGBT.
No caso do movimento LGBT, foi realizada a primeira plenária nacional. É muito bom que eles estejam se organizando e que possam também ter a sua representação dentro do Diretório Nacional e na sociedade.
A realização da abertura do Congresso dos movimentos sociais e populares, teve a presença do governador Eduardo Campos e de outros companheiros importantes do nosso partido. Já a partir daí, foi visível a empolgação dos militantes, que após a abertura coletiva, distribuíram-se entre os seus diferentes segmentos para as discussões específicas, com ampla participação.
Esses segmentos são a parte mais dinâmica da militância política do Partido Socialista Brasileiro, porque são eles que dão o toque de vibração mais forte na militância. Cada um representa os seus interesses e suas reivindicações específicas. Eles têm, sobretudo, o papel de levar o partido para fora, para a sociedade e para se legitimar. Os militantes dos segmentos organizados do PSB devem estar enraizados nos movimentos sociais e populares em todo o Brasil, mas não apenas com a visão corporativa de sindicalista, de negritude ou de outra coisa. Eles devem estar enraizados e compreender a especificidade da sua luta e a amplitude política que cada uma dessas lutas específicas devem se inserir. Ou seja,compreender os problemas do País, dos estados, dos municípios e, sobretudo, as necessidades da população brasileira, para que cada um possa na sua militância fortalecer os movimentos sociais.
Um partido socialista seria inexplicável sem uma inserção nos movimentos sociais e populares. O nosso partido, nesse aspecto, também tem avançado de maneira significativa e eu quero aproveitar a ocasião para congratular todos os secretários, líderes e militantes desses seguimentos. Parabenizá-los pela mobilização que eles foram capazes de fazer durante o XII Congresso do PSB, pelas discussões que foram capazes de promover e pelo dinamismo que eles imprimiram nesses movimentos. Desejo que eles possam nos próximos três anos aumentar ainda mais a capacidade e preparar as militâncias para a luta política dentro e fora do Partido.
Portal PSB: O XII Congresso homenageou duas pessoas importantes tanto na questão nacional como na internacional que foram Jamil Haddad e Nelson Mandela. Em relação a Jamil Haddad, ele era o presidente de honra do PSB até a sua morte em 2009. Neste Congresso, o Partido elegeu o acadêmico Ariano Suassuna como o seu substituto. Qual é a importância de Ariano Suassuna na presidência de honra do PSB?
Carlos Siqueira:Esse foi o ponto alto do XII Congresso. O dr. Jamil Haddad recebeu juntamente com Nelson Mandela homenagens mais do que merecidas. Para nós, os dois significam grande inspiração para aqueles que querem mudar o Brasil, mudar o mundo, para quem quer um mundo diferente, mais igual , com mais oportunidades para todos.
Ariano Suassuna é um intelectual da maior qualidade, um dos maiores entre outros que o nosso País possui. Membro da Academia Brasileira de Letras, expoente da cultura nacional, e que para nossa sorte e alegria, é membro também do nosso Partido há muitos anos. Para nós, o fato desse intelectual aceitar ser o nosso presidente de honra é realmente uma alegria muito grande. A honra é para o PSB poder tê-lo como seu presidente de honra.
A eleição de Ariano Suassuna foi um momento de muita alegria e entusiasmo da militância e da direção do Partido. Ariano representa a expressão da cultura nacional e traz consigo a inspiração para os nossos militantes . Além de grande nacionalista, ele é socialista. Um homem que tem um grande amor pelo nosso país e pelo seu povo, e isso coincide com o pensamento do PSB. Não por acaso ele está no PSB. Na realidade, a aceitação por parte de Ariano em ser o nosso presidente de honra corou completamente de êxito o XII congresso. Foi realmente um grande momento e nós estamos muito honrados.
Portal PSB: A presença internacional no XII Congresso também foi bastante positiva e repercutida , inclusive na grande mídia. O que significou para o Partido essa presença massiva de representantes internacionais?
Carlos Siqueira: A presença de mais de uma dezena de partidos políticos socialistas e comunistas de várias regiões do mundo foi muito importante e revela, de alguma maneira, o prestígio e o crescimento do PSB. Como também, o reconhecimento da importância do PSB no cenário internacional dos partidos progressistas e de esquerda.
Nosso partido tem se inserido de uma maneira mais significativa e ampla no plano internacional. A presença de companheiros da Coordenadora Socialista Latino America (CSL), da qual o secretário geral é o nosso vice-presidente, Roberto Amaral, e de tantos outros companheiros de partidos de diferentes países significou um dado positivo e de grande relevância que verificamos dentro do sucesso geral que Foi o XII Congresso Nacional do PSB.
Portal PSB: Durante o XII Congresso Nacional do PSB, foi eleito o novo Diretório Nacional e também reconduzida a Executiva Nacional. O que representa essa recondução e também qual é o próximo passo?
Carlos Siqueira: Nós tivemos um congresso democrático, de debates, e de grandes momentos. Mas, a unidade, como eu mencionei acima, foi o fator mais importante, porque ninguém se animou em concorreu contra a direção. A direção do PSB permaneceu. Foram realizados apenas alguns ajustes, como a incorporação de todos os governadores que não faziam parte da Executiva e outros pequenos ajustes que os próprios Estados, através de suas delegações, propuseram tanto no diretório como na Executiva Nacional.
A tarefa da Executiva Nacional é enorme. O Partido na medida em que ele cresce – como está crescendo – com um número cada vez maior de eleitores e de segmentos sociais, aumenta também a responsabilidade de quem o dirige. E como todos nós sabemos, a tendência dos partidos ao crescerem é se deformarem. Esse é o desafio que nós precisamos enfrentar. Nós precisamos crescer em quantidade e em qualidade, sem permitir as deformações que por vezes tenham acontecido em outros partidos. Para que isso aconteça, é necessário que haja uma espécie de núcleo duro na militância partidária capaz de sustentar o partido em suas reivindicações, ideologias e ideário. Capaz de manter sua plataforma programática sem desvirtuá-la, sem levar o partido para descaminhos que muitas vezes, ao longo da história, assistimos em outras agremiações partidárias.
Nós esperamos que a direção tenha a capacidade de enfrentar o desafio de fazer o Partido crescer com qualidade, e em consolidação de propostas de políticas públicas capazes de atender aos interesses estratégicos de nosso País e aos interesses maiores de nossa população. Ao mesmo tempo, esperamos que o Partido possa se manter no nível de respeitabilidade que sempre teve ao longo desses 64 anos de sua existência.