O secretário nacional de Esporte de Alto Rendimento, Ricardo Laser, anunciou nesta quarta-feira (28) que o Ministério dos Esportes deve enfim enviar ao Congresso Nacional o projeto de lei que cria a Agência Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD). O secretário participou nesta manhã da abertura do seminário Legislação Desportiva e o Doping – das escolas ao alto rendimento, promovido pela Comissão de Turismo e Desporto da Câmara dos Deputados.
Em conjunto com outras medidas, a agência deve aperfeiçoar o controle de dopagem no País. A ideia é disseminar uma cultura de controle e fiscalização desde o esporte de base até o de alto rendimento. A previsão do Ministério é que o projeto chegue à casa legislativa dentro de um mês.
O órgão de controle será nos moldes de agências internacionais, a exemplo da Agência Mundial Antidoping (Wada, na sigla em inglês). A criação da agência foi um compromisso assumido pelo Brasil com o Comitê Olímpico Internacional durante a campanha que elegeu o Rio de Janeiro sede dos Jogos Olímpicos de 2016.
De acordo com Laser, o Ministério esta migrando de uma visão de que controle do doping está ligada a competição para uma visão de controle mais amplo. “É uma questão de saúde, podemos ver hoje o uso de inúmeros medicamentos para aumentar o desempenho nas academias, o que vem trazendo terríveis malefícios”, aponta.
Uma das medidas imediatas é fazer com que todos os esportistas que recebem recursos do Bolsa Atleta passem pelo controle de dopagem. “O objetivo é criar consciência”, explica Laser.
O presidente da Comissão de Turismo e Desporto da Câmara, deputado Jonas Donizette
(PSB-SP), lembra que a descoberta de doping em um atleta de alto rendimento gera um impacto sem dimensões em milhares de esportistas de base em todo País. “O doping está muito associado ao uso de droga. E isso não destrói só a carreira do atleta, afeta inúmeros jovens que tinham aquela atleta como ídolo”, afirma. Para Donizette, a visão de que o controle de doping é uma questão de saúde para a população está correta.
Brasil deve inaugurar nova política de controle de doping
A nova concepção do Ministério está alinhada com outros órgãos que regem o esporte no País como o Comitê Paraolímpico Brasileiro. O presidente da instituição, Andrew Parsons, explica que existem três formas de combate ao doping: educação, teste e transparência.
Neste sentido, Andrew Parsons também defende mudanças na legislação. Ele lembra que a indústria do doping se modifica rapidamente e a legislação precisa acompanhar isso. O presidente também levanta a questão sobre a punição aos treinadores. “Um atleta nunca está sozinho, tem sempre uma equipe em volta. O treinador é o cara que pode facilitar ou afastar o uso de alguma substância. Qual é a punição para esta pessoa?”, questiona.