Reunidos na tarde de sexta-feira (27) para a última atividade proposta pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB) e pela Fundação João Mangabeira (FJM) durante o Fórum Social Temático 2012, militantes socialistas participaram da oficina “A mídia e a conjuntura nacional/internacional”. A deputada federal Luiza Erundina (PSB-SP) e o vice-presidente nacional do PSB, o cientista político Roberto Amaral, foram os painelistas da atividade que abordou diferentes enfoques da mídia no Brasil e no mundo.
Para Roberto Amaral, a grande mídia presta um desserviço à população à medida que constrói um discurso – absorvido e reproduzido pela classe média – de que a política é a culpada pelos problemas do País. “A grande mídia serve aos interesses das elites econômicas, defendendo os interesses internacionais do grande capital”, afirmou.
Amaral lembrou que há algumas décadas havia cerca de uma dezena de jornais estaduais no Rio de Janeiro. “Hoje, existe apenas o Globo e sua versão popular, o Extra”. Conforme o painelista, a redução do número de jornais e veículos de comunicação facilita a criação de um discurso único, já que o conteúdo dos poucos jornais nacionais é reproduzido pelos poucos estaduais e, após, pelos jornais locais. “É o monopolismo capitalista, que ocorre em todo o mundo. Se formos analisar as agências de notícia, por exemplo, encontraremos apenas quatro concentradas em três países: França, Estados Unidos e Inglaterra”, acrescentou.
Luiza Erundina, que lidera na Câmara dos Deputados, o debate sobre a democratização dos meios de comunicação, destacou a importância de a população discutir o conteúdo do que é reproduzido pelas emissoras de rádio e TV. O funcionamento do Conselho Nacional e a criação de conselhos estaduais de Comunicação são apontados pela parlamentar como fatores que podem colaborar na qualificação do conteúdo que chega à população. Para Erundina, a grande mídia divulga que os conselhos são uma maneira de proibir a liberdade de expressão quando na verdade eles são instrumentos para que a sociedade discuta o cumprimento do papel das rádios e TVs, que funcionam com concessão pública e devem atender ao interesse público. “A comunicação deve ser entendida como um direito de cidadania”, destacou.
A painelista encerrou sua fala conclamando os socialistas protagonizarem o debate sobre a democratização dos meios de comunicação. “Os partidos políticos de esquerda ainda não se deram conta da importância estratégica deste debate. Teremos que ser nós, os socialistas, a realizarmos este processo de transformação”, afirmou.
No debate que se seguiu, lideranças de diferentes segmentos do Partido destacaram a importância das rádios comunitárias para a divulgação da produção cultural e das notícias locais, bem como de uma nova utilização das redes sociais, onde o entretenimento ceda mais espaço à informação. A garantia da liberdade de expressão na internet e a ampliação de banda larga gratuita também foram apontadas pelos participantes.
Participaram da oficina o presidente do PSB-RS, Caleb de Oliveira, a dirigente nacional e representante da FJM, Mari Machado, a secretária de Políticas Públicas para a Mulher de Alagoas, Kátia Born, a secretária Nacional de Mulheres do PSB, Dora Pires, a secretária Nacional do MPS, Maria de Jesus Natividade, o secretário Nacional da SSB, Joilson Cardoso, o secretário Nacional da JSB, Bruno da Matta, além de dirigentes estaduais e militantes socialistas.