As regiões brasileiras com baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) não são contempladas com ações voltadas para inovação tecnológica e novos conhecimentos. O alerta foi feito pelo deputado Ariosto Holanda (PSB-CE), nesta terça-feira, em pronunciamento realizado plenário da Câmara dos Deputados. Uma das formas de mitigar esse problema é, para o deputado, a aprovação no Senado do Projeto de Lei 120 de 2010, que cria o fundo para extensão tecnológica. O projeto já foi aprovado na Câmara dos Deputados.
A partir da criação do fundo é possível destinar recursos para a implantação dos Centros Vocacionais Tecnológicos (CVTs), unidades de ensino de ciência e tecnologia. A proposta do deputado é que três CVTs sejam implantados em torno de cada Instituto Federal de Educação, que o governo pretende implantar em 600 municípios. “Se houver essa decisão política por parte do governo, teríamos no país a criação da maior rede de extensão tecnológica voltada para atacar esses dois problemas crônicos: o analfabetismo funcional da população e o analfabetismo tecnológico das micro e pequenas empresas”, destacou Ariosto.
O deputado apontou que a Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco), já conclamou os pesquisadores a atuarem nas regiões mais podres para identificar problemas e abrir caminhos para solucioná-los. “Para isso, o relatório da Unesco acrescenta que as ações de extensão devem estar na pauta das instituições de ensino e pesquisa. Levando conhecimento para capacitação da população e fomento à criação de unidades de produção”, aponta.
O deputado realizou um balanço do seminário realizado em agosto sobre a Extensão Tecnológica no País. Segundo Holanda, com o evento, a Comissão Especial que trata do Nordeste na Câmara dos Deputados percebeu que a extensão é o caminho viável para que os 50 milhões de brasileiros considerados analfabetos funcionais do país possam se capacitar para o mercado de trabalho. “Como essa população não tem mais tempo de ir para a escola, a Extensão seria o caminho mais ágil e flexível para levar o saber a todos eles”, afirmou.
Já a Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara constatou, através do seminário, que as ações relacionadas à extensão tecnológica ainda não são executadas para um segmento abrangente da população. “A comissão identificou que as ações relacionadas com a extensão tecnológica ainda continuam ausentes dos planos de ciência e tecnologia como ações abrangentes e de massa”, alertou o deputado.
Holanda também considerou que o verdadeiro desenvolvimento do país só será alcançado quando problemas graves como o da pobreza, concentração renda e violação das liberdades políticas estiverem superadas. “O Brasil ainda não atingiu essa liberdade. Se de um lado é a 7ª potência do mundo em PIB, de outro, ocupa o 71º lugar em desenvolvimento humano”, finalizou o parlamentar.