Por Lídice da Mata
Deputada Federal (PSB-BA)
No último dia 19 de junho, o Brasil alcançou o triste recorde de meio milhão de mortes por Covid-19, em um ano e três meses de pandemia. Foram pessoas que choraram e tiveram a dor de perder pais, mães, avós, primos, companheiros, amigos, vizinhos, num luto que parece não ter fim.
A demora na aquisição das vacinas e o ritmo lento de imunização fizeram com que a taxa de letalidade do País ficasse entre uma das maiores do mundo, sem perspectiva alguma de melhora deste cenário tão desolador. E isso não causou apenas o desaparecimento de 500 mil pessoas, mas também o fechamento de estabelecimentos, bem como a quebradeira de outros milhares de pequenos empreendimentos. E não foram os governadores, prefeitos e nem ministros do Supremo Tribunal Federal que quebraram o Brasil, mas sim o senhor Jair Messias Bolsonaro, que, infelizmente, é o Presidente da República do Brasil neste período tão crítico que o mundo enfrenta.
Com vacinas atrasadas e uma imensa sabotagem às medidas de restrições sanitárias e, consequentemente, à ciência, desestimulando o uso de máscaras e apostando na divulgação de medicamentos sem eficácia, o chefe do Executivo Federal tornou-se o maior serial killer da história do País e, por ironia, sem usar nenhuma arma de fogo, algo que ele tanto idolatra.
Os brasileiros e brasileiras vítimas da Covid-19 morreram por asfixia, perderam suas vidas por falta de vacina, de kit intubação e de sensibilidade de um genocida. O nome é este mesmo: genocida. Ah, e aí os negacionistas questionam: agora só se morre por coronavírus? A resposta é não, mas é certo que hoje é a doença que mais mata. Segundo o DataSus, em maio deste ano 33 mil pessoas faleceram por complicações do coronavírus no Brasil, contra 19 mil por câncer. Já o infarto e as doenças vasculares vitimaram 17 mil e a hipertensão 4,5 mil pessoas.
O povo brasileiro já chegou ao limite e está transformando sua indignação em luta. No mesmo dia em que chegamos ao triste marco de meio milhão de mortos, milhares de pessoas foram às ruas em todo o País para gritar basta contra esse genocídio. Com pessoas usando máscaras, acessório indispensável neste momento que estamos passando, jovens, adultos e pessoas idosas protestaram contra uma infinidade de motivos e crimes de responsabilidade que este presidente comete a todo o instante.
Em todas as capitais e em mais de 100 municípios, as pessoas foram às ruas para dizer que não aguentam mais, pois o governo Bolsonaro sufoca tanto quanto o vírus. Na última semana, foi um festival de reajustes, com o gás subindo mais de 6%, um aumento de 20% na bandeira vermelha da energia elétrica e a gasolina custando mais de R$ 6. Tudo isso misturado ao recorde do desmatamento, do desmonte do Estado e da caçada ao livre pensar tornam o Brasil um iminente país de miseráveis, com 14 milhões de desempregados e outros milhões de endividados.
Em Salvador, vi uma mensagem que parecia ser o sentimento de cada brasileiro. O texto dizia: é tanto crime que não cabe num cartaz.
Também passamos pelo dissabor de ver o falso patriotismo deste governo, que vende refinarias e, mais recentemente, passou à diante a Eletrobrás a preço de banana. É o entreguismo vestido de verde e amarelo de um presidente que faz orçamentos paralelos, gabinetes paralelos e mente sem nenhum limite.
Aliás, a mentira generalizada parece ser a marca do Presidente da República e de seus aliados. No Nordeste, tentaram promover desinformação sobre a recuperação do Rio São Francisco e acusaram opositores do governo de estarem contra um projeto que sequer existe. Ora, qual deputado ou senador não bolsonarista vai ser contra a revitalização do Velho Chico? Nenhum.
Mas, mesmo assim, é preciso que vacinemos o povo brasileiro não só contra o coronavírus, mas também contra as fake news, que são política de governo desde 2019. Felizmente, a gente começa a vislumbrar um futuro mais auspicioso, pois é crescente e recorrente o número de pessoas que votaram em Bolsonaro e começam a demostrar arrependimento.
Sabemos que a tarefa não é fácil, afinal ele passou quase três décadas no Congresso Nacional e tem à sua disposição os orçamentos oficiais e paralelos. No entanto, o clamor do povo nas ruas, que antes estavam ocupadas apenas por fascistas, vai levá-lo ao fim para o bem do Brasil, uma vez que este país não suporta mais quatro anos de um governo cujo único projeto é matar. Ele mata a floresta, mata índios, mata pobres, mata rios, mata as instituições democráticas e mata também a soberania nacional, com sua fome insaciável de privatizações, sobretudo de mecanismos estratégicos para a Nação.
Bolsonaro e seus seguidores representam a personificação da morte e de tudo que há de mais sombrio na sociedade contemporânea.
*Coluna da deputada federal Lídice da Mata na Revista Carta Capital