
Foto: Aaron Phillipe
Durante o painel que teve como título “O trabalho para transformar realidades com Democracia e Justiça Social”, neste sábado (23), na Conferência da Aliança Progressista realizada no Rio de Janeiro, o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, destacou que a questão central deve ser pensar em como realizar uma transformação da política progressista em todo o mundo, de forma a enfrentar a ameaça à democracia.
O socialista lembrou que as transformações econômicas e tecnológicas aceleraram drasticamente o modo de produção, no mundo do trabalho, na circulação de mercadorias e no modo de vida das pessoas. “Nunca antes, em tão pouco espaço de tempo, foram produzidos tantos milionários como agora. Nunca, em tão pouco tempo, se multiplicaram tantos pobres e miseráveis como agora. Jamais tivemos tantas migrações e imigrações forçadas com a geração de milhões e milhões de documentados ou ilegais mundo afora. Nunca exploramos tantos recursos naturais como agora. Ou seja, a crise ambiental provocada pelas mudanças climáticas é algo real e absurdamente perverso especialmente com os mais pobres e excluídos”, disse.
Segundo Siqueira, a democracia e a forma de representação política no pós-Segunda Guerra, que produziu harmonia e riqueza, não respondem mais adequadamente aos anseios atuais da sociedade. “Dessa forma, as queixas propagadas pela extrema-direita avançam em vários países, especialmente naqueles em que os governos democráticos eleitos não respondem ou não responderam adequadamente aos problemas mencionados anteriormente”, afirmou.
O presidente do PSB defendeu então que, para superar esses problemas, é preciso uma revolução democrática com medidas concretas de criatividade que criem nas gerações atuais e nas futuras uma esperança de mudança nas profundas contradições que vivem a humanidade, nesse momento crucial em que o fascismo e o nazismo recuperam forças em vários lugares do mundo.
Para ele, as forças políticas das instituições que compõem e que virão a compor a Aliança Progressista precisam criar um novo momento político e uma nova perspectiva por meio da formulação de uma política de comunicação capaz de levar a todos o significado dos partidos que compõem essa aliança de partidos social-democratas, fazendo a interação com a sociedade civil, com diferentes setores sociais, mas particularmente com os setores sociais mais vulneráveis.
“Para isso, nós temos que fazer a diferença e não temos que titubear, não podemos ter nenhuma dúvida de nos diferenciar daquilo que se apresenta como esquerda ou como socialismo, sem socialismo ser, porque socialismo de fato não é e muito atrapalha a ação de quem de fato faz uma política progressista, revolucionária e democrática. Acho que devemos ter uma política de comunicação para diferenciar a Aliança Progressista de outras instituições, inclusive da Internacional Socialista, do que significa hoje uma política democrática, revolucionária, inovadora e criativa para o planeta em diferentes sentidos”, ressaltou.
Segundo Siqueira, em cada país há situações e realidades diferentes, mas é preciso que aqueles que compõem a Aliança Progressista tenham um “sentido comum” na revolução que se pretende adotar.
“Acho que é nesse sentido comum, quase uma missa do que venha a ser o nosso socialismo, que nós podemos ganhar mentes e corações capazes de estarem imbuídos em partidos que podem oferecer um sentido diferente para a humanidade, sobretudo nessa crise ambiental, nesses conflitos internacionais que se apresentam no momento, nessa marcha da insensatez que segue o homem, matando uns aos outros, se desrespeitando e se tratando de formas tão desiguais, e relações internacionais tão desiguais que são estabelecidas entre os países, entre os povos e entre as classes sociais”, falou.
O socialista ainda defendeu que os progressistas e social-democratas precisam aprender a criar narrativas porque a extrema-direita conseguiu fazer isso, mesmo que com narrativas que não tem base na realidade, e fez com que muitas pessoas acreditassem nessas ideias tenebrosas.
Como sugestão para criar essas narrativas, Siqueira sugeriu algumas ideias a serem discutidas pelos membros da Aliança Progressista. A primeira delas foi fazer justiça social e econômica por meio de políticas públicas de distribuição de renda, como o aumento de impostos sobre grandes fortunas e rendas altas para financiar programas sociais de combate à pobreza e à desigualdade, incluindo investimentos em educação, saúde, moradia, garantindo acesso universal aos serviços essenciais e promovendo igualdades de oportunidades.
A segunda sugestão apontada pelo presidente do PSB foi promover uma transição ecológica e energética justa para uma economia verde, investindo em energias renováveis como a solar, a eólica, e a hidrelétrica de pequena escala, e na eficiência energética. Além de implantar medidas para reduzir a dependência de combustíveis fósseis, apoiar a agricultura sustentável e ecológica, e proteger a biodiversidade. Essa transição, segundo ele, também deve incluir o apoio aos trabalhadores dos setores prejudicados pela mudança, garantindo a requalificação e novas oportunidades de emprego.
Outra sugestão foi a questão da democracia participativa e os direitos humanos. “É preciso fortalecer a democracia através da expansão da participação cidadã em decisões políticas usando ferramentas como referendos, plebiscitos, e orçamentos participativos. E ainda promover políticas que garantam a igualdade de direitos e o combate a todas as formas de discriminação, seja racial, de gênero, sexual, religiosa ou cultural. Também implantar medidas rigorosas de transparência e combate à corrupção”, citou.
Por último, Siqueira sugeriu a adoção de uma política externa baseada na promoção da paz, do respeito ao Direito Internacional e na cooperação multilateral, especialmente em questões ambientais e climáticas. Também incentivar a cooperação internacional para o desenvolvimento sustentável, o combate às mudanças climáticas e a promoção da justiça social global, incluindo a defesa de acordos internacionais que promovam esses objetivos.
“Essas são apenas algumas sugestões que eu creio que uma instituição internacional nunca substituirá as atividades de cada partido em cada um dos seus países, porque temos aqui objetivos muito claros e programas específicos que só podem dar resultados importantes se tiverem base na realidade e nas necessidades objetivas de cada povo, de cada país, de cada região. No entanto, a Aliança Progressista pode promover algo que é comum, que é coletivo, que nos une e que nos dá esperança, que nos caracteriza como pessoas e instituições progressistas, revolucionárias, que querem oferecer à humanidade um tipo de desenvolvimento diferente”, pontuou o socialista, destacando que tudo isso precisa ser feito com riquezas, desenvolvimento econômico e criando prosperidade.
Para finalizar sua participação no painel, Siqueira agradeceu a oportunidade de o PSB participar da Conferência da Aliança Progressista como anfitrião e falou do entusiasmo da participação ativa dos seus membros nas reuniões do grupo.
“Acho que a Aliança deve ser sustentada e financiada por todos os membros daqueles partidos que a integram e nós devíamos ter uma contribuição anual, para promover nossas atividades, melhorar a nossa imagem e criar uma imagem positiva de uma instituição internacional de peso progressista capaz de oferecer esperança ao planeta porque esse é o sentido que nós devemos dar as nossas vidas, as nossas instituições e é com muito orgulho que fazemos isso”.
Assessoria de Comunicação/PSB nacional