
Foto: Instituto Vladimir Herzog
O PSB lamentou a morte do ex-deputado federal e militante histórico da esquerda brasileira Ricardo Zarattini, ocorrida neste domingo (15), em São Paulo. Aos 82 anos, ele estava internado na UTI do hospital Sírio-Libanês em decorrência de complicações provocadas por um câncer de medula.
Em nota divulgada nesta segunda-feira (16), o partido destaca a resistência de Zarattini à ditadura militar e sua obstinada luta pela redemocratização. “O PSB registra, com grande pesar, a morte de Ricardo Zarattini, militante histórico da esquerda brasileira; resistente que lutou, obstinadamente, contra a ditadura e pela redemocratização do País”, afirma o texto.
“Poucos seres humanos conseguem manter, ao longo de suas vidas, coerência política e dedicação inabalável às causas de sua juventude; Ricardo Zarattini, seguramente, está entre eles”, diz a nota.
Amigo pessoal do ex-deputado, o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, lamentou a morte do amigo. “Perdi um amigo pessoal e um companheiro de luta, alguém que dedicou seus melhores anos à construção de um Brasil democrático, independente e mais justo”, disse.
“Ao defender um país autônomo e enfrentar a ditadura militar, Zarattini assumiu riscos à sua própria vida em nome do que sempre acreditou ser mais importante não para si, mas para todos os brasileiros. Neste sentido, nos deixa um grande exemplo de vida, de perseverança e idealismo”, destacou Siqueira.
Natural de Campinas (SP), Zarattini iniciou sua militância política quando ainda era secundarista. Aos 16 anos, participou da campanha “O Petróleo é Nosso”, que resultou na criação da Petrobras. Foi também presidente da União Estadual dos Estudantes (UEE) de São Paulo.
Em 1964, no início da ditadura militar, Zarattini trabalhava como engenheiro no Nordeste e atuava na reorganização do movimento canavieiro. Em 1968, integrava o Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR).
Preso três dias antes da decretação do Ato Institucional Nº 5 (AI-5), foi torturado e permaneceu no Quartel Dias Cardoso (PE), onde fez amizade com alguns soldados e passou a lecionar para eles.
Em 1969, conseguiu fugir com a ajuda dos soldados. Ficou escondido em Pernambuco por um mês, com o auxílio de Dom Hélder Câmara, e depois se dirigiu a São Paulo, onde foi preso pela Operação Bandeirante (Oban). Sua libertação ocorreu no mesmo ano, junto com outros 14 companheiros, em troca do embaixador estadunidense Charles Burke Elbrick.
Zarattini seguiu para o México, depois para Cuba e Chile. Em 1974, voltou ao Brasil clandestinamente e, em maio de 1978, foi novamente preso e torturado. No ano seguinte, foi libertado em decorrência da anistia.
Na década de 1980, participou das lutas pelos direitos dos trabalhadores e atuou na Assembleia Nacional Constituinte como assessor. Em 2002, candidatou-se pelo PT à Câmara dos Deputados, mas somente em 2004 passou a exercer o mandato de deputado federal.
Ricardo Zarattini foi inocentado, em 2013, da acusação de ser o responsável, ao lado de Ednaldo Miranda, pela explosão de uma bomba no saguão do Aeroporto dos Guararapes do Recife, ocorrida em 1966. A reparação foi possível graças a documentos dos órgãos de segurança, apresentados pela Comissão Estadual da Memória e Verdade Dom Hélder Câmara, que os isentam da acusação.
Assessoria de Comunicação/PSB Nacional