Um livro contando os 35 anos de filiação do presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, e uma década à frente do partido será lançado nesta quarta-feira (14), às 19h, na sede nacional, em Brasília. Intitulado “Em defesa dos ideais do Socialismo Democrático”, o livro será autografado pelo autor durante a inauguração da Livraria Luso-Brasileira “Miguel Arraes e Mário Soares”.
À equipe de comunicação do PSB, Siqueira falou sobre a concepção e o conteúdo do livro que reflete sua vida de militância política e partidária, seus pensamentos e ideais.
CONCEPÇÃO
“A ideia do livro se deve aos 35 anos de militância no PSB, de filiação ao partido, completados neste último 20 de abril.”
“A princípio, o livro seria em formato de perguntas e respostas. Mas a jornalista que conduziu a entrevista, Adriana, sugeriu que o livro tratasse também de minha vida pessoal, o lugar onde nasci, onde estudei, como eu vivi, os episódios que antecederam a minha vida política e o meu ingresso no PSB.”
“Aceitei a sugestão e me dispus a isso. Foram muitas horas de gravação durante vários dias e disso nasceu o conteúdo que está nesse livro.”
“São mais de 200 páginas, com fotos de todas as fases, o que exigiu uma ampla pesquisa. Rememorar tudo isso, como uma revisão histórica, realmente valeu a pena”.
INFÂNCIA E JUVENTUDE MILITANTE
“Começo o livro falando sobre a minha infância, minha família, a cidade onde nasci, Bom Conselho, no interior de Pernambuco, depois sobre a minha ida para Recife, o ingresso no curso de Direito da Universidade Católica de Pernambuco. Lembro da convivência com várias personalidades como Dom Hélder Câmara, Miguel Arraes, que conheci no período de militância democrática contra o regime autoritário. Roberto Freire também, que foi minha referência, meu primeiro voto, meu primeiro candidato a deputado federal.”
“Foi interessante revisar essa história, essa vivência política que eu tive no movimento estudantil, no apoio a movimentos populares e na Ordem dos Advogados do Brasil, quando atuei como recém-formado na Comissão de Direitos Humanos, conhecendo o sistema penitenciário e denunciando as violações que eram cometidas. Na Universidade Católica, recordo, liderei o movimento de reabertura do diretório estudantil, fechado havia dez anos.”
MILITÂNCIA NO PCB
“Antes de ingressar no PSB, militei no Partido Comunista Brasileiro. Com muita honra. Também atuei na juventude do MDB, que era o partido que abrigava toda a esquerda na época da ditadura, e de onde combatíamos o regime autoritário.”
“Como jovem advogado, percebi que não me adaptava completamente às teses do PCB. Nunca admiti a ideia de ditadura do proletariado, de partido único, de proibição de religiões e de não ter imprensa livre. Sempre estive convencido de que esses pressupostos da democracia jamais poderiam ser negados, que não se poderia abrir mão deles. Além desses pressupostos que são essenciais e indispensáveis a uma democracia, era preciso fazer a ligação entre liberdade e igualdade, lutar pela igualdade de oportunidade a pessoas de todas as classes sociais.”
“Passei muito tempo com essas discordâncias com o PCB, mas ao mesmo tempo convivia com pessoas maravilhosas do partido, jovens como eu à época, e também pessoas mais velhas. Em Pernambuco, o PCB, especialmente em Recife, durante muito tempo teve uma influência em movimentos populares e também na vida eleitoral da cidade, do Estado e reunia pessoas interessantes, intelectuais. Então, apesar das divergências que eu tinha com o PCB, a convivência era tão solidária, tão boa, que eu tinha dificuldade em sair do PCB.”
“E no dia que saí do PCB, eu chorei porque tinha um grande apreço pelo partido e por seus integrantes. Naquele momento, participava do segundo governo do Dr. Miguel Arraes. Quando ele anunciou que iria mudar do MDB para o PSB, eu falei: Mas o PSB? Ele disse: O PSB é um partido pequeno, mas um partido histórico, que a gente pode contribuir para o crescimento dele.”
INGRESSO NO PSB
“No mesmo momento que o doutor Arraes decidiu vir para o PSB, eu fiz o mesmo, vim com ele, em abril de 1990. Há 35 anos.”
“Quando li o manifesto e o programa do PSB – ainda antes de me filiar a ele – me identifiquei profundamente. Tudo aquilo que eu já defendia estava ali. Não comungava dos ideais propriamente que eram proclamados pela União Soviética, mas sim das ideias do Partido Comunista Italiano. No Brasil, participávamos de um grupo dentro do PCB chamado de ‘Eurocomunista’, onde participavam várias figuras interessantes que defendiam ideias de democracia, do pluralismo, da igualdade. Essas ideias me conduziram ao PSB.”
BRASÍLIA
“Vim para Brasília a convite do deputado José Carlos Saboia, do Maranhão, então líder do PSB, que havia ouvido falar da minha pessoa e de meu trabalho. “Comecei aqui a militância no PSB, com o Dr. Jamil Haddad como presidente nacional do partido. E foi uma figura excepcional, uma das figuras humanas mais extraordinárias que já conheci. Era senador, depois foi deputado federal, ministro da Saúde e voltou a ser deputado estadual. Uma figura realmente extraordinária.”
PERSONALIDADES E REFERÊNCIAS
“Falo muito do doutor Jamil Haddad no livro, assim como falo do Dr. Miguel Arraes, uma referência que permanece até hoje na minha vida, depois Eduardo Campos. Assim como lembro de Dom Hélder Câmara, também uma referência importantíssima. São pessoas que ficaram marcadas não só como políticos, mas como pessoas e que carregavam uma sabedoria muito grande. Uma capacidade de reflexão e uma capacidade de marcar a vida das outras pessoas pelas ideias e, sobretudo, pelas ações.”
DEMOCRACIA E 35 ANOS DE PSB
“O livro percorre todos esses períodos de militância e construção partidária e apresenta minha avaliação sobre todos os governos que se sucederam ao longo dos 40 anos de período democrático. Então, falo sobre esses fatos, sobre o que vivi e como vivi. Tudo isso foi muito importante para fortalecer as minhas convicções democráticas.”
“Já sou um homem de 70 anos, portanto, os 35 anos vividos no PSB são exatamente a metade da minha vida. No livro conto o período em que já como presidente pude defender a Autorreforma do próprio PSB, a partir de uma visão crítica sobre quase 40 anos de democracia. Esta democracia tão importante para a criação de direitos sociais fundamentais, como o Sistema Único de Saúde, a universalização do ensino básico, o seguro desemprego, a aposentadoria social rural.”
CONJUNTURA POLÍTICA E AUTORREFORMA
“Analiso a democracia brasileira e o sistema político que começaram a se deformar profundamente, ao ponto de chegarmos à eleição de Jair Bolsonaro. Porque ele não foi um acaso, não caiu do inferno, não veio do céu. Ele foi fruto dos erros cometidos ao longo de um período bastante razoável, de um acúmulo de erros políticos, de práticas inaceitáveis.”
“Falo da necessidade de mudança do sistema político. E exatamente por ter essa visão crítica sobre um sistema reprovado em boa parte pela população é que propusemos a Autorreforma do PSB, que durou mais tempo do que imaginávamos, foi mais ampla do que a minha própria ideia.”
“A ideia da Autorreforma foi plenamente aceita pelo Diretório Nacional, e o processo de debate durou mais dois anos com participação de pessoas de todo o país. Infelizmente, não foram presenciais porque a pandemia não permitiu, mas o trabalho resultou no novo Programa partidário, que é iluminado pelas ideias centrais dos fundadores do partido – a democracia, o pluralismo político, ideológico, cultural, religioso, a liberdade de imprensa e a igualdade de oportunidade para todos, ou seja, o chamado socialismo democrático.”
“Destaco a mudança profunda que fizemos no Manifesto e no Programa. Acho que esse novo Programa do PSB pode ser referência para todas aquelas pessoas que pretendem se candidatar, que pretendem governar Estados, municípios, o próprio país, porque ele se confunde com um projeto nacional de desenvolvimento, que defendemos.”
RENOVAÇÃO
“Acredito que para levar adiante as novas ideias do PSB, para levar adiante um projeto nacional de desenvolvimento capaz de dar uma virada de página no país, precisamos de novas lideranças, é preciso sangue novo e, por isso mesmo, trabalhei pela candidatura de João Campos, que é uma liderança muito promissora, com potencialidade extraordinária, e que tenho certeza, dará muito orgulho a toda militância do PSB.”
“Aposto nele, assim como todo o PSB aposta na sua capacidade para liderar a implementação do nosso novo programa, de ideias inovadoras do ponto de vista político, ideológico, programático, tecnológico, das novas formas de comunicação política.”
“E é no futuro, é na renovação com os jovens que nós apostamos. Figuras novas, pessoas novas, ideias novas e prática nova. Vamos em frente.”
Assessoria de Comunicação/PSB Nacional