 O superintende da Sudene, Danilo Cabral, explicou durante o “Conexões Transnordestina – A Ferrovia que Moverá Pernambuco”, realizado em Salgueiro (PE), as consequências que a retomada das obras da Transnordestina representará para o Nordeste e para o país, sobretudo no que diz respeito às atividades econômicas.
O superintende da Sudene, Danilo Cabral, explicou durante o “Conexões Transnordestina – A Ferrovia que Moverá Pernambuco”, realizado em Salgueiro (PE), as consequências que a retomada das obras da Transnordestina representará para o Nordeste e para o país, sobretudo no que diz respeito às atividades econômicas.
Na última semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou um novo pacote de investimentos da ordem de R$ 1,4 bilhão para as obras da ferrovia, que enfrentou sucessivos entraves ao longo dos anos.
Um raio de 300 quilômetros ao longo do traçado da ferrovia abrange cerca de dois mil municípios nordestinos, concentrando 41% do Produto Interno Bruto (PIB) da região. Atualmente, a Sudene é uma das principais financiadoras da Ferrovia Transnordestina por meio do Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (FDNE).
“A gente quer construir um Nordeste que seja sustentável. Quando a gente fala em Transnordestina, estamos falando em meio ambiente, em inovação, em infraestrutura, em desenvolvimento produtivo e desenvolvimento social. Esse conjunto de eixos está presente nessa obra”, afirmou Danilo.
“É esse o tamanho da área de interferência da Transnordestina, e fundamentalmente o interior do Nordeste brasileiro. Apenas para mostrar que existe um projeto para o país, e que foi retomado pelo governo do presidente Lula, de colocar o transporte ferroviário, mais uma vez, como uma alternativa estruturante para o desenvolvimento do país”, explicou.
A estimativa da Infra S.A., responsável por gerenciar a construção e os estudos para a nova concessão da ferrovia, é de que sejam necessários R$ 3,5 bilhões para concluir o trecho de Pernambuco da Transnordestina.
“Quando a gente fala em Transnordestina, estamos dialogando com as cadeias produtivas do estado de Pernambuco: do gesso, da fruticultura, do hub logístico, que é a vocação de Salgueiro. Desde que se falou em Transnordestina, da sua localização estratégica – a encruzilhada do Nordeste –, sempre se colocou Salgueiro como uma vocação de uma grande plataforma multimodal, e a partir disso a gente pudesse fazer toda a distribuição no Nordeste daquilo que circulava de mercadoria aqui”, explicou.
Para ilustrar a importância da conclusão da ferrovia, Danilo Cabral citou o município de Belo Jardim, onde está instalada a fábrica de baterias Moura, como um dos principais beneficiados. “Sessenta por cento dos carros que circulam no Brasil têm uma bateria Moura, e 30% dos veículos na Argentina também utilizam o produto”, afirmou. Segundo ele, a ferrovia será fundamental para o escoamento da produção da empresa e para fortalecer a competitividade da indústria regional.
Danilo Cabral acrescentou que o governo federal, em parceria com a Sudene, já está desenvolvendo uma nova política industrial para o Nordeste. “Lançamos uma ação pioneira, fruto dessa articulação, a Chamada Brasil, que reúne R$ 10 bilhões em recursos de todos os bancos que operam na região, com foco no financiamento de diversos setores, inclusive o de energia”, adiantou.
A iniciativa do governo federal é impulsionar o desenvolvimento do Nordeste, focando em projetos de infraestrutura, serviços públicos e empreendimentos produtivos. A chamada abrange diversas modalidades de fomento, incluindo crédito, subvenção econômica e recursos não reembolsáveis, com foco em energias renováveis, bioeconomia, descarbonização e indústria automotiva, entre outros.
Transporte ferroviário em Pernambuco
Durante o seminário, a Sudene e a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) firmaram uma parceria estratégica para a elaboração de dois estudos voltados ao fortalecimento da infraestrutura ferroviária em Pernambuco. Um deles prevê a retomada do transporte de passageiros entre as cidades de Recife e Caruaru; o outro, o escoamento de cargas entre os municípios de Salgueiro e Petrolina.
“Nosso objetivo é contribuir para as ações de integração logística regional, ampliando a competitividade e induzindo o desenvolvimento sustentável e inclusive do Nordeste”, declarou Danilo Cabral. Segundo ele, os estudos estão alinhados com a nova política federal de transportes, que aposta no modal ferroviário como vetor de transformação econômica e social.
O primeiro projeto, focado no transporte de cargas, prevê a elaboração de um estudo técnico que analisará custos e possíveis traçados de um ramal ferroviário ligando Petrolina ao entroncamento da Transnordestina em Salgueiro. A proposta visa fortalecer o escoamento da fruticultura irrigada do Vale do São Francisco, bem como de outros produtos oriundos de arranjos produtivos locais. A conexão também facilitaria o acesso estratégico aos portos de Suape (PE) e Pecém (CE), além de integrar a hidrovia do Rio São Francisco à malha ferroviária nordestina.
O segundo estudo tem como foco a retomada do transporte de passageiros entre Recife e Caruaru. O trabalho buscará avaliar o potencial de demanda, comparar o antigo traçado ferroviário com tecnologias mais modernas e analisar a viabilidade de um novo percurso que acompanhe o traçado da BR-232.
De acordo com o cronograma, os estudos devem ser concluídos no primeiro semestre de 2026. O reitor da UFPE, Alfredo Gomes, celebrou a iniciativa e destacou a importância estratégica do investimento público no transporte ferroviário tanto de cargas quanto de passageiros.
Com informações da Folha de PE e da Sudene






