
Por falta de políticas públicas efetivas, os negros seguem vivendo uma situação de profunda vulnerabilidade. “Reverter esse quadro é um desafio urgente de toda a sociedade”, afirma Siqueira. Foto: Humberto Pradera
Nesta segunda-feira (20) é celebrado o Dia Nacional da Consciência Negra. Dedicada à reflexão sobre a inclusão dos negros na sociedade brasileira, a data também marca a morte de Zumbi dos Palmares, símbolo da resistência negra contra a escravidão no período do Brasil Colonial.
Atualmente, segundo o instituto de pesquisas Locomotiva, 55% da população brasileira se declara negra e parda — um número que vem crescendo na última década. Há dez anos, por exemplo, essa porcentagem era de 50% e, em 2004, de 48%.
Apesar de avanços pontuais, os negros são uma fatia da população que ainda está mais exposta à violência, tem menos acesso à educação e recebe salários mais baixos.
“Temos um legado histórico de mais de três séculos de escravidão que nunca foi enfrentado. Por falta de políticas públicas efetivas, os negros seguem vivendo uma situação de profunda vulnerabilidade. Reverter esse quadro é um desafio urgente de toda a sociedade”, afirma o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira.
O socialista afirma que a situação da população negra se agrava com a agenda conservadora, neoliberal e antipopular de Michel Temer.
“A redução de investimentos em áreas e programas sociais, a recessão, o desemprego, e as reformas que eliminam direitos dos trabalhadores e dos mais pobres atingem, em especial, a população negra do país, reforçando ainda mais a desigualdade”, avalia.
Para Siqueira, são urgentes ações inclusivas na área de educação e políticas que incentivem a diversidade no mercado de trabalho.
Esse quadro de dificuldades é atestado pela recente pesquisa O Desafio da Inclusão, elaborada pelo Instituto Locomotiva. Segundo o levantamento, 78% dos negros avaliam de forma negativa a situação atual do país.
O estudo tem como base dados da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) e foi divulgado na última quinta-feira (16). O levantamento ouviu 2 mil pessoas em 70 cidades do país.
Segundo o estudo, a disparidade salarial no mercado de trabalho entre negros e brancos com o mesmo grau de escolaridade é o que prejudica a economia nacional. Se os homens e mulheres negros ganhassem salários iguais aos dos brancos, seriam injetados R$ 808,83 bilhões por ano na área econômica.
Entre trabalhadores homens com ensino superior, os brancos ganham 29% a mais do que negros e possuem renda média de R$ 6.702. Já os negros têm rendimento médio de R$ 4.810.
A pesquisa também mostra a distinção de gênero, visto que entre as mulheres com graduação a diferença entre os salários é de 27%. As brancas possuem renda média de R$ 3.981. Enquanto as negras têm rendimentos no valor médio de R$ 2.918.
Com acesso mais restrito à educação, apenas 6% dos homens negros e 9% das mulheres negras possuem nível superior. Enquanto, homens e mulheres brancos correspondem a 18% e 21%, respectivamente.
Violência
A população negra também é a que está mais exposta à violência. Segundo um levantamento feito pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, os negros representam 54% da população, mas são 71% das vítimas de homicídio.
O levantamento mostra que o abismo entre brancos e negros aumentou na última década. Entre os mortos nos homicídios registrados de 2005 a 2015, o número de brancos caiu 12% e o de negros aumentou 18%.
Assessoria de Comunicação/PSB Nacional