O Brasil é o sétimo país mais violento do mundo para as mulheres de um total de 83 países, aponta levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), organização não governamental que formula análises e pesquisa as estatísticas sobre violência.
Os dados do Monitor da Violência foram divulgados pelo Fórum nesta quinta-feira, 8, Dia Internacional da Mulher.
Os números mostram que 4.473 mulheres foram vítimas de homicídio em 2017, o que representa 6,5% a mais do que em 2016, quando foram registrados 4.201 casos. Isto significa que uma mulher é assassinada a cada duas horas no Brasil.
O levantamento aponta ainda 946 casos de feminicídios ano passado, ou seja, casos de mulheres mortas em crimes de ódio motivados pela condição de gênero. Isso representa um aumento de 16,5% em relação a 2016.
O relatório mostra que 50% das vítimas de homicídio do sexo feminino no Brasil são mortas por parentes, dos quais 33% são os maridos ou companheiros. Por isso, estima-se que ao menos 2.200 mulheres tenham sido vítimas de feminicídios íntimos em 2017.
O estado que apresentou a maior taxa de feminicídios foi o Mato Grosso, com 4,6 mortes para cada 100 mil mulheres, seguido do Acre, com taxa de 3,2, e do Espírito Santo, com taxa de 2,0. Sob a análise de homicídios de mulheres, o pior cenário registrado foi no Rio Grande do Norte, com 8,4 mortes para cada 100 mil mulheres, seguido do Acre, com taxa de 8,3, e na terceira posição Espírito Santo e Pará, com 6,7 mortes para cada 100 mil mulheres cada um.
A Lei do Feminicídio (13.104 de 2015) foi sancionada há apenas três anos no Brasil, o que explica o reduzido registro de casos nesta categoria. Como as estatísticas de mortes são produzidas a partir dos boletins de ocorrência lavrados pela Polícia Civil, muitas vezes o registro inicial é de homicídio e a classificação como feminicídio só será possível após encerradas as investigações, exigindo dos setores responsáveis pela produção de estatísticas a retificação destes casos.

“O crescimento nos homicídios de mulheres preocupa e evidencia a incapacidade do Estado brasileiro, em suas diferentes esferas e poderes, de interromper a violência de gênero no país. Nesse contexto, o feminicídio coloca-se como tragédia anunciada, mas também como uma oportunidade de tirar o tema da invisibilidade”, destaca a diretora-executiva do FBSP, Samira Bueno, indicando que o aumento nos casos de feminicídio retratam que os estados estão se empenhando em aprimorar os registros deste crime.
Segundo o estudo, uma mulher é estuprada a cada 11 minutos no país. Entretanto, só 30% a 35% dos casos são registrados e é possível que a relação seja “de um estupro a cada minuto”, de acordo com Samira.
Para ela, o dia 8 de março e todos os outros dias do ano deviam ser dias de luta e enfrentamento às pequenas violências cotidianas tão incorporadas na sociedade. “Deixemos para celebrar o dia em que nenhuma mulher for assassinada apenas por ser mulher”.
Com informações do portal G1