Na avaliação da deputada Luiza Erundina (PSB-SP), o Brasil está “muito atrasado na tarefa de fazer justiça aos mais de 180 cidadãos desaparecidos no regime militar”. A parlamentar é coordenadora da Rede Legislativa pela Memória, Verdade e Justiça, lançada nesta quarta-feira (28) pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados. O grupo vai investigar os crimes cometidos por agentes públicos na Ditadura Militar.
Erundina lembra que a Comissão Nacional da Verdade (CNV), criada a partir de lei aprovada pelo Congresso Nacional no ano passado, tem poderes limitados, orçamento baixo e contará com número reduzido de investigadores. “A CNV é bastante limitada. Por isso, é importante que a gente se esforce para que essa nossa Comissão da Verdade, Memória e Justiça desencadeie um grande movimento nacional para conseguirmos realizar essa demanda da sociedade brasileira”, explica.
No ato, a Procuradora Federal dos Direitos do Cidadão, Gilda Pereira de Carvalho, lembrou que o trabalho da rede legislativa deve focar nos estados. “É a partir daquela célula, dos estados e dos municípios que vamos conseguir reunir as informações e apurar melhor o que ocorreu na Ditadura”, avalia.
Drama
A deputada Janete Capiberibe (PSB-AP), que foi perseguida e teve que se exilar durante a Ditadura, faz parte da rede e deu um emocionante depoimento sobre o que sofreu. “Quando voltamos do exílio Moçambique eu e dois filhos fomos sequestrados no Rio de Janeiro. Fomos trazidos em um voo da Varig para Brasília e, aqui, fui levada para a Polícia Federal. Duas crianças sequestradas e presas”, relatou.