O Conselho Parlamentar pela Cultura da Paz pode, finalmente, iniciar as atividades. O colegiado, criado pela Câmara dos Deputados com objetivo de formular políticas e ações de promoção da paz, foi instituído em 2004, mas nunca promoveu nenhuma ação. Ativista do tema, a deputada federal Keiko Ota (PSB-SP) quer chamar a atenção do presidente da Casa, Marco Maia, e de outros parlamentares para a importância do funcionamento do Conselho.
“Observamos que, mesmo com leis severas, a violência só tem aumentado no Brasil. A conclusão que chegamos é que leis sozinhas não vão mudar o quadro, temos que quebrar o ciclo de violência promovendo a paz”, avalia a deputada paulista. Presidente da Frente Parlamentar em Defesa das Vítimas de Violência no Congresso Nacional, Keiko aponta que o brasileiro tem enraizado na mente uma cultura de exploração, que resulta na violência contra o outro. Para ela, o quadro pode ser revertido com educação. “Paz é um processo de educar”, defende.
Ela cita como exemplo um projeto bem sucedido no Japão. “Uma metodologia usada em sala de aula elevava a auto estima dos estudantes, coibindo sentimentos ruins. Em apenas três meses, os pais notaram mudança de comportamento”, descreve a parlamentar. O país oriental registra baixo índice de homicídio, mas amarga a estatística de 50 mil suicídios por ano. “No Japão, os suicídios são causados pelo ódio. No Brasil, o mesmo sentimento gera a violência, só que diferente, porque matam o outro”, descreve.
O deputado federal Walter Feldman (PSDB-SP) sugeriu a criação do Conselho em 2003. Ele lembra que o ideal de paz une pessoas no mundo inteiro com o sonho de ver conflitos entre povos, nações, grupos e etnias chegarem ao fim. “O Poder Legislativo, de quem se espera traduzir os anseios do povo, não pode ficar ao largo desse processo”, destaca.
Atividades
O Conselho deverá ser composto por 48 membros, sendo 36 indicados por organizações e movimentos sociais e 12 deputados. Os integrantes terão mandato de dois anos e não serão remunerados. Entre as atividades do grupo está a produção de estudos, debates e pesquisas. O colegiado também deve sugerir e fomentar ações governamentais e assessorar o Poder Legislativo com a emissão de pareceres, acompanhamento e elaboração de ações.