O Plenário do Senado comemorou, nesta segunda-feira (12), os 109 anos de nascimento do ex-presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira. A homenagem começou com o Coral do Senado executando o Hino Nacional e entoando a melodia de Peixe Vivo, considerada a música preferida de JK.
Autor do requerimento solicitando a comemoração, o senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) foi o primeiro a homenagear JK, a quem classificou como o "mais eloquente exemplo de estadista que este país conheceu".
Rollemberg lembrou que a "trajetória pública ímpar" do médico Juscelino começou a despontar quando de sua posse como prefeito de Belo Horizonte, em 1940. Com "dinamismo sem igual, perseverança e esforço ilimitado", afirmou o senador, JK revolucionou os métodos administrativos vigentes ao adotar na capital mineira "uma nova concepção de urbanismo", já ao lado do arquiteto Oscar Niemeyer.
Para Rollemberg, a posse de JK como presidente da República, em 1956, significou o início da "mais extraordinária experiência administrativa da história do Brasil". Logo depois, viria a transformação do país, com o Plano de Metas, investimentos maciços em infraestrutura, industrialização e interiorização do desenvolvimento nacional, simbolizada pela construção da nova capital, Brasília, reconhecida depois como patrimônio da humanidade pela Unesco.
– O grande feito de JK foi ter incutido na alma brasileira a confiança em si mesma. Inundou-se o país com a mensagem da transformação plena, tudo se encaminhando para a conquista da modernidade. Na cultura, Bossa Nova e Cinema Novo, surgidos nesse contexto, explicitavam o sentimento criador que tomava conta do Brasil – disse.
Rollemberg lembrou que JK chegou a ser senador por Goiás, eleito em pleito suplementar em 1961, mas teve seu mandato cassado e seus direitos políticos suspensos em 1964, logo no início da ditadura militar. Seu desejo de candidatar-se novamente à Presidência da República não se realizaria.
– Impedido pela força do arbítrio de voltar à Presidência, como seria natural em 1965, morreu sem reassumir seu lugar na vida pública brasileira – disse Rollemberg.
Período crucial
Para a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) afirmou que lembrar JK "é evocar um dos períodos mais cruciais e importantes da história recente do Brasil".
– O Brasil viveu um tempo de otimismo, de criatividade, de entusiasmo juvenil, de arrojo, e tudo isso se cristalizou em torno da figura carismática de JK. Se não foram de puro ouro, ao menos aqueles anos foram, sim, dourados – afirmou a senadora.
O senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) lembrou a biografia de JK, desde a infância, em Diamantina, até ele se tornar um estadista. Segundo o senador, Juscelino tinha "fé no trabalho", além de ser um líder excepcional e um amigo do povo.
Crivella disse que, como prefeito de Belo Horizonte, JK foi um inovador, e como governador de Minas Gerais, se preocupou com os investimentos em infraestrutura. Na visão do senador, o período de JK na presidência foi marcado pela democracia e pelo desenvolvimento.
Ele definiu o ex-presidente como um político por excelência e afirmou que o Brasil amanheceu triste em 23 de agosto de 1976, dia da morte de Juscelino.
– Minas chorou e o Brasil se calou de tristeza e de saudade – recordou Crivella.
Político completo
O senador Pedro Simon (PMDB-RS) recordou que JK foi um político completo em sua caminhada, exercendo os cargos de deputado, prefeito de Belo Horizonte, governador de Minas Gerais e presidente da República.
Como prefeito da capital mineira, JK foi inovador, disse Simon, citando o conjunto arquitetônico da Pampulha e a aliança entre Juscelino, Oscar Niemeyer e Lúcio Costa na construção de Brasília. Simon considerou o governo de JK como um marco na história, pelos investimentos em estradas, energia e indústria.
Filho do operário Miguel Borges, que trabalhou na construção de Brasília, o senador Geovani Borges (PMDB-AP) relatou que Juscelino gostava de inspecionar pessoalmente as obras e de conversar com os trabalhadores.
– Ele se notabilizou por essa compaixão com o povo humilde e trabalhador e pela percepção de que a democracia se assenta na observância das leis – disse.
Geovani Borges afirmou que, durante os anos em que JK foi presidente do Brasil, o país mudou, com forte crescimento populacional e urbanização, além de "níveis de expansão asiáticos", com grande incremento do PIB.
Surpresas e preocupações
O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) optou por citar características atuais do país que poderiam preocupar ou surpreender Juscelino Kubitschek. A estabilidade monetária, a democracia plena e a economia aberta, por exemplo, seriam surpresas para JK. Já a ausência de debates ideológicos, o aumento da corrupção e o crescimento descontrolado de Brasília, na opinião de Cristovam, seriam vistos com preocupação pelo ex-presidente.
Segundo Cristovam, entre as propostas que JK faria se estivesse vivo, estariam a federalização da educação de base, a transformação da economia para a produção de bens de alta tecnologia e a implantação de transportes públicos mais eficientes.
Para a senadora Ana Amélia (PP-RS), poucos nomes continuam tão vivos na memória dos brasileiros como o do ex-presidente, que promoveu mudanças no destino de milhões de brasileiros ao interiorizar o país.
Segundo a senadora, JK encontrou um país essencialmente agrário, conduziu um progresso de 50 anos em 5, como prometido na campanha presidencial, e entregou a seu sucessor as bases prontas para o ingresso do Brasil no grupo das maiores economias do mundo.
Último senador a discursar na solenidade, Anibal Diniz (PT-AC) disse que o período JK é sempre lembrado como sendo de grande desenvolvimento, incentivo ao progresso econômico e de expansão para o Oeste. Ele destacou, entre outras obras, a construção da BR-364, que liga Cuiabá (MT) a Porto Velho (RO) e Rio Branco (AC).
– Um feito épico com efeitos visíveis e duradouros principalmente para a vida da população da região Norte – definiu Aníbal Diniz, ressaltando também a habilidade política e o respeito às instituições democráticas em JK.
Agradecimento
Falando em nome da família de JK, a neta do ex- presidente, Ana Cristina Kubitscheck, se disse emocionada pelas manifestações de carinho ao seu avô. Ela agradeceu ao senador Rodrigo Rollemberg, pela solicitação da sessão de homenagem a Juscelino.
– Achei que depois de tanto tempo vindo, estaria já acostumada, mas me enganei, eu me emocionei, ainda estou muito emocionada – disse Ana Cristina, que é presidente do Memorial JK, em Brasília.
Também prestigiaram a solenidade o embaixador da Eslováquia, Branislav Hitka; o ex-senador Paulo Otávio; o coronel e ex-presidente do Memorial JK e ex- presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal, Afonso Heliodoro; entre outros convidados.