 Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) confirma, mais uma vez, o que a maior parte do povo brasileiro sente no bolso todo mês: A cobrança de impostos diretos sobre patrimônio no Brasil atinge uma fatia maior da renda das famílias mais pobres do que daquelas que estão nas camadas mais altas.
Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) confirma, mais uma vez, o que a maior parte do povo brasileiro sente no bolso todo mês: A cobrança de impostos diretos sobre patrimônio no Brasil atinge uma fatia maior da renda das famílias mais pobres do que daquelas que estão nas camadas mais altas.
A análise comparou o impacto de 4 tributos (IPTU, IPVA, IRPF e contribuição previdenciária) nas diferentes faixas de renda e apresenta sugestões para corrigir distorções e tornar o sistema tributário brasileiro mais progressivo, quanto mais a pessoa ganha, maior deve ser o peso do imposto pago. Segundo o Ipea, o Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) perde a sua estrutura progressiva na hora de tributar os chamados super-ricos.
As propostas apresentadas pelo estudo, divulgado na última semana, pretendem alimentar o debate da reforma tributária e da redução da desigualdade via tributação.
Dos 4 tributos analisados pelo pesquisador do Ipea, Pedro Humberto de Carvalho Junior, o mais regressivo – que pesa mais no bolso dos mais pobres do que dos mais ricos – é o IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores). O IPTU e a contribuição previdenciária também passam a ter impacto menor nas faixas de maior renda.
Já o imposto de renda perde força no nível de progressividade a partir da faixa de rendimento domiciliar mensal acima de 36 salários-mínimos, grupo que reúne o 1,2% mais rico do Brasil
O estudo corrobora constatações de outros levantamentos que apontam que os mais ricos pagam, proporcionalmente, menos impostos do que os pobres e os menos ricos. De acordo com a análise do Ipea, a progressividade do imposto de renda é progressiva só até certo ponto, passando a cair significativamente para os contribuintes do topo extremo de faixa de renda, que têm isenção sobre lucros e dividendos e, em razão disso, conseguem ter uma tributação sobre a renda menor do que a que incide sobre salários.
O governo do presidente Jair Bolsonaro enviou ao Congresso em agosto de 2020 a primeira parte da sua proposta de reforma tributária, com foco na unificação do PIS e da Cofins. As propostas de reforma em discussão no Congresso também têm como foco principal a simplificação e o aumento da produtividade.
PSB e a taxação de grandes fortunas
“Nós, da Oposição, defendemos uma Reforma Tributária justa, sustentável e solidária. Simplificação não é suficiente. Precisamos de um sistema mais progressivo, que tribute mais os super-ricos e menos os mais pobres”, explica o líder da oposição da Câmara, deputado Alessandro Molon.
A crise imposta pelo coronavírus acelerou o debate sobre a revisão dos impostos como alternativa para o combate à desigualdade, fazendo com que até mesmo o Fundo Monetário Internacional (FMI) passasse a defender o aumento da taxação dos mais ricos e o fim de subsídios.
Nos Estados Unidos, o presidente Joe Biden passou a defender o aumento dos impostos sobre ganhos de capital para que o governo consiga arcar com estímulos econômicos para reerguer a economia.
A análise do Ipea é mais um reforço à importância de projetos de Lei apresentados pela bancada do PSB que visam combater os privilégios de grandes contribuintes, tributando fortunas e cobrando impostos sobre lucros e dividendos. As propostas são de autoria do deputado federal e líder do PSB na Câmara, Danilo Cabral (PSB-PE), e subscritas pela bancada socialista.
O PL 1.981/19 propõe a cobrança de Imposto de Renda Pessoa Física sobre a distribuição de lucros e dividendos, que estão isentos desde 1995, por medida do governo de Fernando Henrique Cardoso. Já o Projeto de Lei Complementar nº 9/19 institui o Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF), previsto na Constituição Federal em 1988, mas nunca regulamentado em lei.
Com informações do G1






