
Foto: Ruy Baron
A luta em favor da democracia nas eleições de 2022 une de forma sólida os partidos do campo progressista no apoio “incondicional” à chapa Lula-Alckmin, afirmou nesta sexta-feira (29) o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, em seu discurso durante a abertura da Convenção Nacional do partido, em Brasília. “A disputa se afigura essencialmente entre democracia e autoritarismo, entre civilização e barbárie”, afirmou Siqueira.
Para o presidente do PSB, as forças progressistas e democráticas não têm o “direito de perder” as eleições deste ano, diante da ameaça de destruição completa da democracia, das políticas públicas e da fragilização das instituições pelo governo Bolsonaro e seus “sócios” político-partidários. “E não bastará vencer a disputa presidencial. É preciso formar maiorias, eleger governadores progressistas, atrair para a tarefa de reconstrução nacional o melhor que houver na política, na economia, no mundo intelectual e cultural”, defendeu.
Na convenção, os cerca de 400 socialistas presentes aprovaram a coligação nacional entre o Partido Socialista Brasileiro e o Partido dos Trabalhadores para a eleição presidencial de 2022. Os delegados também referendaram, por unanimidade, a candidatura do ex-governador Geraldo Alckmin a vice-presidente da República na chapa encabeçada pelo ex-presidente Lula.
Siqueira destacou que, depois da vitória nas urnas, o projeto político-social das forças progressistas e democráticas “precisa ir muito além do que já se fez”. “Empreender mais, muito mais, do que aquilo que já teve oportunidade de fazer de bom em passado próximo”, sugeriu. Para isso, o PSB tem dado não só sua contribuição eleitoral, mas também programática à chapa Lula-Alckmin, complementou.
Siqueira voltou a defender uma urgente reforma no sistema político-partidário para assegurar uma mudança da qualidade da democracia, na vida da população e modernização da economia. “Partidos sólidos, bem definidos do ponto de vista político, ideológico e programático são uma pré-condição necessária, ainda que não suficiente, para que se possa configurar e implementar um projeto nacional de desenvolvimento no país”, disse Siqueira.
O presidente defendeu também a ampliação de “forma dramática” da capacidade de investimento em um planejamento estratégico a curto, médio e longo prazos do país, e afirmou que a economia deve servir às pessoas. Ele também listou uma série de propostas do PSB recentemente aprovadas em sua autorreforma, como melhoria radical na qualidade da educação, renascimento criativo da indústria e a valorização dos biomas naturais com o projeto Amazônia 4.0.
“Uma vida digna e próspera precisa incluir acesso universal a serviços de saúde de qualidade, daí a necessidade de aprimorar o Sistema Único de Saúde (SUS), este a principal conquista social do período democrático”, apontou Siqueira. “E deve compreender a proteção de políticas abrangentes de assistência social, que contemplem a infância, os idosos, incapacidades, vulnerabilidades persistentes e ocasionais etc”, defendeu.
Diante dos ataques do governo Bolsonaro e da extrema-direita aos direitos humanos, Siqueira defendeu também acesso irrestrito aos direitos políticos e sociais, “contemplando igualmente todas as demandas e direitos de gênero, raça, etnia e orientação sexual”, o que requer, segundo o socialista, um aumento significativo e efetivo da participação na política de mulheres, negros, pessoas LGBT e outras minorias. “Não se trata apenas da militância de tais segmentos, mas de seu acesso objetivo a posições de poder no executivo, legislativo e judiciário, de tal forma que se possa modificar de maneira substantiva o descalabro a que assistimos atualmente em nosso país”, disse.
Para Siqueira, a vitória de Lula e Alckmin será “a vitória da democracia, do desenvolvimento, da justiça social, da esperança civilizatória que sempre nortearam o socialismo democrático e o humanismo do PSB”. “Estamos do lado certo nesta encruzilhada em que nosso querido Brasil se encontra e contamos, ainda, com a honra de ter o companheiro Geraldo Alckmin, detentor de uma longa e exitosa vida pública, na qual sempre se levantou em defesa da democracia, dos direitos sociais, sendo reconhecido desde sempre por sua honradez, simplicidade e generosidade”, destacou.
Assista ao discurso:
DISCURSO DO PRESIDENTE NACIONAL DO PARTIDO SOCIALISTA BRASILEIRO – PSB, CARLOS SIQUEIRA, PERANTE A CONVENÇÃO NACIONAL ELEITORAL DO PARTIDO REALIZADA EM 29/07/2022
O Brasil se aproxima da realização do pleito eleitoral de 2022; chapas e candidaturas já estão praticamente organizadas e a disputa se afigura essencialmente entre democracia e autoritarismo, entre civilização e barbárie. Neste contexto, em que pese questões pontuais e projetos distintos em alguns estados, a luta em favor da plenitude democrática une de forma sólida os partidos que compõem o campo progressista no apoio incondicional à chapa Lula / Alckmin ? observado que a disputa em questão se dará e precisará se organizar, também, no âmbito da eleição de cada deputado ou senador, de governadores.
Isso considerado, é forçoso reconhecer que a tarefa que se avizinha para o campo progressista, que deve consagrar sua hegemonia política nas urnas, é imensa e desafiadora, porque em palavras curtas o Brasil vem sendo destruído pelo bolsonarismo e pelos sócios político-partidários de sua empreitada de desorganização do Estado brasileiro, de desmantelamento das políticas públicas sociais, ambientais, previdenciárias, de fragilização da democracia e de enfraquecimento das instituições republicanas em geral.
Não temos o direito de perder estas eleições e não nos bastará vencer a disputa presidencial. É preciso formar maiorias, eleger governadores progressistas, atrair para a tarefa de reconstrução nacional o melhor que houver na política, na economia, no mundo intelectual e cultural, brasileiros e brasileiras que tenham a convicção de que, independentemente da rica diversidade que representam, é preciso que todas as gentes se reúnam sob o manto acolhedor de uma nação, que só pode ter esta natureza fraterna se for, ao mesmo tempo, democrática e se tiver em pleno funcionamento o Estado Democrático de Direito.
Vitoriosas, inaugura-se uma oportunidade ao mesmo tempo única e irrenunciável às forças progressistas e democráticas. Impõe-se aprimorar a democracia brasileira, torná-la mais palpável e objetiva para o cidadão comum, que precisa ser beneficiário de primeira ordem e hora do progresso material e sociocultural do Brasil.
Temos, para tanto, que tomar a liderança na realização de uma profunda reforma política, diminuindo o número aberrante de instituições partidárias hoje existentes, desfazendo o patrimonialismo e corporativismo.
Empoderado pelas urnas, o projeto político-social das forças progressistas e democráticas precisa ir muito além do que já se fez; empreender mais, muito mais, do que aquilo que já teve oportunidade de fazer de bom em passado próximo. Desde que a cantilena ultraliberal voltou a reivindicar e orientar o fazer do Estado no Brasil, o país tornou-se muito mais complexo, o sistema mundo mudou de paradigmas, saímos da era de um poder econômico organizado a partir da “velha indústria”, para os termos e regulações próprias à economia do conhecimento, da financeirização, da digitalização e virtualização. Temos a nossa frente um outro mundo, o que exige novas estratégias, escolhas geopolíticas, prioridades, alianças.
Justamente por reconhecer esta realidade, o PSB, modestamente, pretende dar uma contribuição que vai além do aspecto eleitoral, como, aliás, já fez entregando as suas propostas programáticas ao ex-ministro Aloísio Mercadante, que tão bem vem conduzindo o programa de governo que será vitorioso nas urnas. Mas, peço permissão a todos para, aproveitando a oportunidade desta convenção nacional tornar pública algumas ideias que poderão a nosso juízo, mudar a qualidade da nossa democracia e melhorar a qualidade de vida da nossa população, além de modernizar nossa economia brasileira.
Impõe-se começar pela reforma do sistema político-partidário, porque partidos sólidos, bem definidos do ponto de vista político, ideológico e programático são uma pré-condição necessária, ainda que não suficiente, para que se possa configurar e implementar um projeto nacional de desenvolvimento no país.
Nem o sistema político, nem partidos são fins em si mesmos, razão pela qual lhes cabe propor e viabilizar alternativas para um projeto nacional de desenvolvimento, que beneficie ao conjunto da população brasileira e que tenha, segundo o ponto de vista do PSB, as seguintes características.
- O Estado Brasileiro precisa ampliar de forma dramática sua capacidade de investimento e de planejamento estratégico, a curto, médio e longo prazos. O dito “estado mínimo” tem servido à precarização da vida de trabalhadores formais e informais, o que se demonstra pelos resultados nefastos das reformas trabalhista e previdenciária ? que, com a promessa de criar milhões de empregos, redundaram em aumento do desemprego, queda da renda do trabalho, e crescimento desmesurado da insegurança alimentar da população. Reafirmamos, portanto, que a atuação do Estado, como investidor e indutor do investimento privado, é condição sine qua non para a criação de emprego, aumento de renda do trabalho, desenvolvimento inclusivo e sustentável.
- Cumpre articular nossas tarefas desenvolvimentistas sob um grande guarda-chuva programático, que denominamos no PSB como socialismo criativo. Este conceito, que abriga as teses que se detalha a seguir, pretende indicar que o imenso potencial criativo e produtivo da força de trabalho engajada nos novos paradigmas econômicos deve repercutir e disseminar benefícios sociais, ambientais e econômicos, produzindo emancipação e liberdade para aqueles que, hoje, se veem sob o jugo da pobreza e das vulnerabilidades das quais não conseguirão se livrar, sem políticas públicas de Estado que se destinem objetivamente a tal finalidade.
- É preciso desenvolver iniciativas articuladas de políticas públicas, que se iniciam com a melhoria radical da qualidade da educação nacional, em todas as etapas e modalidades de ensino, destacado que se deve preparar a população para a vida e para o trabalho.
- É absolutamente vital criar, descobrir, financiar e implementar novas tecnologias, serviços, produtos, processos. Impõe-se valorizar o próprio design como elemento de valor de primeira grandeza – deixando-se de lado, portanto, as velhas concepções, que o viam como uma espécie de adereço do produto.
- Para satisfazer a estes requisitos da economia capitalista contemporânea defendemos a tese do renascimento criativo da indústria, que se refere à imperativa necessidade de superar o processo de desindustrialização pelo qual o Brasil tem passados nas últimas décadas. Precisamos de um setor industrial intensivo em tecnologia, habilitado a aumentar a geração interna de valor e superar a condição de mero exportador de produtos extrativos minerais e vegetais, além de produtor de commodities em grande escala.
- O “relançamento” da economia nacional em um contexto radicalmente novo deve considerar em seu centro nervoso a questão da sustentabilidade, ou seja, não convém ao Brasil desenvolver atividades que apresentem um grande arrasto ambiental.
- Observado que o mundo se encontra a meio caminho de uma radical transição energética, que deverá traduzir o atual panorama de produção e consumo de bens e serviços para os termos de uma economia de baixo carbono, é relevante observar que o Brasil possui uma das matrizes energéticas mais limpas e promissoras do mundo, razão pela qual este fator apresenta uma grande vantagem competitiva e enormes potencialidades geopolíticas. Raciocínio de natureza semelhante deve ser aplicado aos estoques de água potável, que são absolutamente relevantes em termos mundiais.
- Preconizamos a valorização dos biomas brasileiros, a exemplo do projeto Amazônia 4.0, que parte do pressuposto de que cabe ao Brasil fazer as escolhas estratégicas para a valorização do maior ativo ambiental do mundo (a Floresta Amazônica), em lugar de se ver orientado por interesses econômicos e ambientais que são propostos de fora do país. Deste modo o PSB entende ser necessário:
- Posicionar na Amazônia instituições de excelência em termos de ensino e pesquisa, às quais competirá principalmente desenvolver tecnologias para o uso sustentável da floresta.
- Mobilizar para a região todos os recursos humanos e científicos necessários a seu pleno desenvolvimento, observados que as instituições acima indicadas devem contribuir de forma decisiva para formação de cientistas e técnicos que venham a atuar em terreno e também em ambiente privado.
- Facilitar a articulação entre centros de pesquisas e empresas, de forma a potencializar o desenvolvimento de tecnologias de ponto, a serem empregadas na exploração sustentável do bioma amazônico.
- Assegurar o respeito às populações tradicionais e valorização de suas culturas. de tal forma que em seu conjunto os vetores de ação aqui indicados ampliem de forma decisiva o valor da floresta em pé.
Cabe observar, em complemento, que nenhuma economia é um fim em si mesma, o que significa dizer que ela deve servir às pessoas, deve auxiliá-las a otimizar seus potenciais criativos e produtivos, de forma a lhes oportunizar a conquista da autonomia, de uma vida digna e próspera. Desta forma, sem prejuízo das questões propriamente técnicas na esfera econômica, o PSB propõe que as políticas econômicas devem ser harmonizadas com as políticas sociais de Estado e com o Projeto Nacional de Desenvolvimento, que definirá os marcos estratégicos a serem alcançados pelo Brasil, sempre com o objetivo de melhorar a qualidade de vida de cada cidadão(ã).
Uma vida digna e próspera precisa incluir acesso universal a serviços de saúde de qualidade ? daí a necessidade de aprimorar o Sistema Único de Saúde (SUS), este a principal conquista social do período democrático ? e deve compreender a proteção de políticas abrangentes de assistência social, que contemplem a infância, os idosos, incapacidades, vulnerabilidades persistentes e ocasionais etc. Essencial frisar, ainda, que legislação trabalhista civilizada, previdência social digna e concedida em tempo oportuno são partes integrantes de um verdadeiro sistema de bem-estar social – que o Brasil viu ser abortado, antes de sua plena realização.
Há que se destacar, também, o longo capítulo dos direitos humanos ? tão violentados em tempos nos quais o próprio presidente da República se coloca a serviço de ideais antidemocráticos e de todo o obscurantismo da extrema-direita. É preciso assegurar com a eleição da chapa Lula – Alckmin acesso irrestrito aos direitos políticos e sociais, contemplando igualmente todas as demandas e direitos de gênero, raça, etnia e orientação sexual.
Qualquer projeto civilizatório para o Brasil precisa incluir como tema essencial o combate à violação de direitos, visto que não podemos permanecer como líderes em feminicídios, crimes contra as pessoas LGBT, crimes raciais etc., etc. Lembramos, quanto a este aspecto, que o socialismo democrático é sobretudo um projeto de civilização por se instaurar, a utopia de um mundo radicalmente novo, mais justo, fraterno e acolhedor.
As metas propostas para a recuperação e ampliação dos direitos humanos precisam de modo vital do protagonismo dos segmentos que se veem atingidos diretamente pelas violações aludidas acima, o que requer um aumento significativo e efetivo da participação na política da parte de mulheres, negros, pessoas LGBT e outras minorias. Não se trata apenas da militância de tais segmentos, mas de seu acesso objetivo a posições de poder no executivo, legislativo e judiciário, de tal forma que se possa modificar de maneira substantiva o descalabro a que assistimos atualmente em nosso país.
A título de conclusão vale destacar, por fim, que é com este espírito cívico e democrático, com um enorme desejo de conceber e realizar reformas estruturais essenciais ao Brasil, que o Partido Socialista Brasileiro – PSB se perfila junto ao campo progressista e democrático, que vai vencer as eleições de 2022.
Esta será a vitória da democracia, do desenvolvimento, da justiça social, da esperança civilizatória que sempre nortearam o socialismo democrático e o humanismo do PSB. Nós temos lado, sempre tivemos. Estamos do lado certo nesta encruzilhada em que nosso querido Brasil se encontra e contamos, ainda, com a honra de ter o companheiro Geraldo Alckmin ? detentor de uma longa e exitosa vida pública, na qual sempre se levantou em defesa da democracia, dos direitos sociais, sendo reconhecido desde sempre por sua honradez, simplicidade e generosidade ? ombreando com o presidente Lula uma tarefa de transformação de envergadura histórica ímpar na vida republicana brasileira.
VAMOS A VITÓRIA!
VIVA O BRASIL! VIVA A DEMOCRACIA!