A área da Saúde é afetada em 63,7% dos municípios brasileiros por causa do consumo de drogas. A área da Segurança é afetada em 58,5% das cidades brasileiras. Nesse caso, os problemas estão associados ao aumento de furtos e roubos, falta de policiamento em áreas de vulnerabilidade e crescimento da violência intrafamiliar, doméstica e rural. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (7) pela Confederação Nacional de Municípios (CNM) e fazem parte do Observatório do Crack, um conjunto de pesquisas realizadas pela entidade sobre o consumo da droga no país.
A pesquisa também revelou que a área da Educação é afetada em 38% dos municípios. Nesse contexto, a principal queixa dos prefeitos é o tráfico de drogas dentro das escolas praticado pelos próprios alunos. “A gente vê que o problema ultrapassa a barreira social e passa a influir em diversos outros setores. Enquanto isso, os municípios ficam na ponta, sofrendo uma avalanche por conta do crack”, explica o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski.
O número de municípios cujos gestores dizem sofrer com as drogas também é alto. Das 4.430 cidades consultadas pela pesquisa, 84,4% enfrentam problemas com o tráfico em seu território. Enquanto o problema avança, os municípios estão longe de ter uma rede de enfretamento eficiente. Apenas 548 cidades dizem ter Conselhos Municipais Antidrogas e 417 possuem Centros de Referência Especializados em Assistência Social (Creas).
Dos 43 municípios identificados no Ceará, por exemplo, 13 foram identificados com índices considerados alarmantes de usuários de crack: Nova Olinda, Iguatu, Banabuiú, Russas, Aquiraz, Eusébio, Itaitinga, Apuiarés, Umirim, Iaruçaba, Miraíma, Massapê e Cariré. Ainda de acordo com o CNM, 184 das 114 cidades da estado têm problemas com o crack.
Para o deputado federal Domingos Neto (PSB-CE), integrante da Comissão de Combate às Drogas da Câmara dos Deputados, é preciso criar um plano nacional de enfrentamento do crack a partir do Governo Federal. “Já vínhamos discutindo esta questão. O crack está afetando outras áreas além do social. É preciso criar um plano estratégico que incida sobre os quatro eixos de enfrentamento das drogas”, opina o parlamentar.
Investimento
O levantamento da CNM também revelou um dado alarmante. Em todo o Brasil, apenas R$ 23 milhões foram aplicados pelos estados para o combate às drogas. Desses, R$ 10 milhões foram investidos apenas no Rio Grande do Sul, no entanto, o crack está em 89% dos municípios do estado. O deputado José Stédile (PSB-RS), no entanto, contesta os números. “Não consigo ver para onde foram esses investimentos. Na cidade em que fui prefeito, inclusive, temos um projeto de enfretamento modelo para o Estado, mas tudo foi feito com recursos municipais. Pode ser que o dinheiro vá para a área da Saúde, mas não podemos precisar”, explica.