
Foto: Humberto Pradera
Diante de mais de 1,5 mil pessoas presentes na cerimônia de abertura do XIV Congresso Nacional do PSB, na noite desta quinta-feira (1º), em Brasília, o presidente nacional do partido, Carlos Siqueira, fez um balanço dos três anos de sua gestão, agradeceu o apoio recebido de filiados e das instâncias superiores e projetou crescimento nas eleições de 2018.
O presidente se dirigiu aos membros do Diretório e da Executiva Nacional: “Quero agradecer a todos, suplentes e titulares, que estiveram presentes em todos os momentos, sobretudo os mais difíceis, e que nos deram todo apoio quando necessário. Sem esse apoio dificilmente estaríamos em pé como estamos neste momento”, disse.
No início da solenidade, foram homenageados o linguista norte-americano Noam Chomsky – apresentado como um dos grandes críticos do capitalismo – e o escritor Ariano Suassuna. O pianista Arthur Moreira Lima, filiado ao partido, executou o Hino Nacional e da Internacional Socialista. O músico Antônio Nóbrega interpretou canções em homenagem a Suassuna. João Suassuna recebeu uma placa em reconhecimento ao seu avô.
Ao ser citada pelo presidente, Renata Campos, que estava acompanhada dos filhos, foi aplaudida longamente.
Carlos Siqueira destacou o crescimento dos segmentos organizados no partido, que nesses três anos, conquistaram seis vagas como titulares da Comissão Executiva Nacional. “Eu sempre digo que um partido socialista, pra chegar ao poder, não pode ter apenas apoio parlamentar, ele tem que estar organizado na sociedade, nos sindicatos, associações, no campo, na cidade, em todas as áreas. E nós estamos ocupando esses espaços gradualmente.”
Os seis segmentos elegeram suas direções nacionais na tarde desta quinta-feira. O LGBT Socialista escolheu como nova secretária Tathiane Araújo, a primeira mulher trans a integrar a Executiva Nacional do partido.
Estavam presentes na abertura os governadores Paulo Câmara (PE), Ricardo Coutinho (PB) e Rodrigo Rollemberg (DF), o vice-governador de São Paulo Márcio França, o vice-governador de Rondônia, Daniel Pereira, o vice-presidente de Relações Governamentais do PSB, Beto Albuquerque, e os líderes do partido no Senado, Lídice da Mata, e na Câmara, Julio Delgado.
Também participaram da cerimônia senadores, deputados e prefeitos, além de representantes de outros partidos e do corpo diplomático, entre eles, República Popular da China, Cuba e Rússia.
O presidente Carlos Siqueira, que conclui o seu mandato de três anos, assumido em outubro de 2014, lembrou em seu discurso do desafio de assumir a direção nacional após a morte do ex-governador, Eduardo Campos, que presidia o partido à época.
Ele exaltou os dirigentes que o antecederam, como João Mangabeira, Antonio Houaiss, Jamil Haddad, Miguel Arraes, Roberto Amaral e Eduardo Campos. “Todos foram, e são, porque há ainda os que estão vivos, homens da melhor qualidade, com os quais tive a honra de conviver, com os quais tive a honra de trabalhar. Eu aprendi muito com eles”.
A morte do líder pernambucano, no entanto, não implicou em divisões nem impediu o crescimento do partido, afirmou. Nas eleições municipais de 2016, o PSB se tornou o terceiro mais votado, elegendo 418 prefeitos, alguns de capitais importantes como Recife, Palmas, Campinas e Guarulhos, mais de 200 vice-prefeitos e quase quatro mil vereadores.
“O partido, como antes, continua progressivamente crescendo e ocupando os espaços, como deve ser”, afirmou.
Mas o presidente ponderou que as eleições não podem ser “um fim em si mesmas”. Para ele, o PSB precisa mostrar à sociedade brasileira seus ideais e suas bandeiras nas eleições majoritárias deste ano, que são totalmente diferentes da “direção errônea, conservadora, ultraliberal, antiética e desonesta” do atual governo brasileiro.
“É preciso que o país saiba que o PSB busca construir, permanentemente, um projeto nacional de desenvolvimento”, ressaltou.
Em seu discurso, prestou reconhecimento ao ex-governador Renato Casagrande, por sua atuação à frente da Fundação João Mangabeira, que elaborou uma proposta de desenvolvimento nacional dos socialistas.

João Suassuna recebe placa em homenagem ao avô. Foto: Humberto Pradera
Ausência de planejamento
O socialista criticou a falta de planejamento estratégico do Brasil. Entre os pontos criticados estão a obsolescência de uma indústria incapaz de competir, que investe pouco em ciência, tecnologia e inovação, e gera empregos de baixa qualidade.
Além disso, advertiu para a precariedade da educação. Segundo ele, se o país não tiver escolas de ensino integral, com crianças, principalmente as mais pobres, tendo ensino de qualidade, trabalhadores preparados para os investimentos nacionais e internacionais, não será possível alcançar o desenvolvimento.
“Mas nós temos um povo feliz, criativo, trabalhador, disposto a realizar o desenvolvimento do país. Entretanto, temos uma elite atrasada e colonizada que não acaba com seus problemas e nem muda a realidade. Esse é o problema”, pontuou. Segundo ele, o PSB e outras forças políticas precisam buscar a solução dessa dificuldade.
“Pior governo da história republicana”
Carlos Siqueira voltou a fazer duras críticas ao governo do presidente Michel Temer. O socialista classificou a gestão do emedebista como o “pior governo da história republicana”, que “propôs o fim de uma das maiores conquistas dos últimos 30 anos de democracia, consolidadas na Constituinte de 1988”, declarou, citando a reforma da Previdência.
O presidente do PSB lembrou que o partido levou a Temer, quando assumiu, o documento Uma agenda para o Brasil, com 10 pontos considerados imprescindíveis para os brasileiros. Temer deveria ter tido a atitude do ex-presidente Itamar Franco, disse Siqueira, que liderou um governo de transição, num momento crítico do país. “Mas, todos sabem que nada disso aconteceu.”
O partido não indicou nem chancelou cargos no governo, e fechou questão contra as reformas trabalhista e previdenciária propostas pela atual gestão. “Não colocamos as digitais deste partido histórico da vida republicana nesta reforma que retira direitos dos trabalhadores. Queremos sim uma reforma, mas uma reforma que aperfeiçoe a legislação trabalhista, não uma reforma que retira direito dos trabalhadores”, reafirmou.
O presidente agradeceu o apoio que recebeu pela posição do partido contra os retrocessos do governo Temer.
“Não se perde o que não se tem”
A desfiliação de parlamentares que apoiaram as reformas de Temer também foi lembrada pelo socialista. “Nós não os perdemos porque elas (propostas) não têm nada a ver com o PSB. Não podemos perder o que não temos, nós só podemos perder o que temos”, disse.
“O PSB pode perder tudo, menos a sua história e a sua identidade política, ideológica e programática”, sustentou.
Ele destacou, ao contrário, a chegada ao partido de um grande número de parlamentares mais identificados com os princípios socialistas, como os deputados federais Alessandro Molon (RJ) e Aliel Machado (PR), que assinaram ficha na última semana.
“Vamos receber mais (parlamentares) na janela partidária e mais ainda nas eleições, porque teremos boas chapas, bons candidatos, companheiros empenhados em fazer o partido crescer, e o partido crescerá”, afirmou.
Nas eleições deste ano, apontou o presidente, o PSB terá dez candidaturas competitivas a governos estaduais: São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Pernambuco, em Sergipe, Amapá, Tocantins, e Distrito Federal. Outra prioridade em 2018 será eleger uma bancada federal de 35 a 45 parlamentares.
“Recuperar o prestígio da política”
O presidente do PSB, Carlos Siqueira, defendeu a necessidade de recuperar o prestígio da política. “Este Congresso precisa ser para o PSB a afirmação política, o quadro atual no país exige de nós coragem e determinação. Há uma decepção com o mundo da política; nós socialistas, progressivas, democratas, nacionalistas, precisamos recuperar o prestígio da política”, defendeu.
Precisamos mostrar que é possível fazer política de uma maneira diferente, mostrar que a política é a atividade mais nobre do homem, afirmou.
“O PSB deve ser um instrumento de transformação social, uma alternativa de poder. Mas só podemos fazer isso se estivermos de mãos dadas, a direção, os militantes, com outros partidos que tenham os mesmos objetivos.”
Ao finalizar, conclamou a todos para lutar pelo país, citando frase de Campos: “Não vamos desistir do Brasil”.
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Assessoria de Comunicação/PSB Nacional