O presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, destaca que há 3.245 brigadistas, 700 fiscais, 1.100 viaturas, 22 aeronaves e 40 embarcações atuando para conter as queimadas Brasil afora. “É uma grande estrutura, mas o desafio é gigante”, afirmou ao blog da jornalista Miriam Leitão, nesta terça-feira (17).
Segundo ele, há previsão de expandir a operação, mas ampliar o número de brigadistas não é tão simples. “É uma atividade perigosa, que exige treinamento”, disse.
O governo federal anunciou que irá destinar R$ 514 milhões para ações emergenciais de combate aos efeitos dos incêndios e à situação de grave estiagem que atinge grande parte da Região Norte e a Amazônia Legal. O presidente Lula irá assinar medida provisória que abre crédito extraordinário a diversos ministérios e autarquias públicas que darão continuidade ao trabalho de investigação de incêndios criminosos, de combate aos focos das queimadas – garantindo toda a infraestrutura necessária – e de atendimento à população afetada.
Agostinho alertou para as dificuldades na contratação de brigadistas, e destacou que a tarefa exige experiência e treinamento intensivo devido aos riscos envolvidos.”Muita gente acha que é fácil contratar brigadistas e na verdade é super difícil. Eu não posso colocar uma pessoa sem experiência para fazer isso. Serviço super perigoso e por isso precisamos, além da seleção, fazer muito treinamento”, explicou.
Ele ressaltou que a falta de preparo pode ser fatal, mencionando incidentes recentes, como o caso de um bombeiro gravemente ferido em um incêndio no Parque Nacional de Brasília e a perda de um brigadista experiente. “É arriscado colocar gente despreparada para passar dias enfrentando o fogo. Há risco de morte. Esta semana um bombeiro se queimou feio no Parque Nacional em Brasília. Este ano perdemos um brigadista experiente”.
Agostinho também destacou os desafios logísticos para atender a um número recorde de brigadistas, que demandam transporte e alimentação. “Hoje temos um número recorde (de brigadistas) o que cria uma dificuldade logística grande para transporte e alimentação de todos eles. Alguns países têm números bem maiores de brigadistas e acabam investindo mais. Mas apenas isso não resolve. São Paulo tem nove mil bombeiros e não tem conseguido dar conta”, afirmou.
Segundo o presidente do Ibama, a maior parte dos brigadistas que atuam no país são indígenas e quilombolas. “Os bombeiros têm uma formação longa e que inclui várias especialidades urbanas e de resgate. Mas existem particularidades que os diferem. Hoje 50% dos meus brigadistas são indígenas e 20% quilombolas e isso facilita muito o deslocamento deles por dentro das florestas”, informou.
Recursos
Uma parte dos R$ 514 milhões anunciados pelo governo será destinada ao Ministério do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas para reforçar o monitoramento e enfrentamento às queimadas. Com o dinheiro extra, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) poderão contratar brigadistas e alugar viaturas e aeronaves.
Também receberão o dinheiro a Polícia Federal e a Força Nacional de Segurança Pública, para reforçar as investigações e a repressão ao crime ambiental. A verba também será distribuída às Forças Armadas, para operações de apoio na extinção das chamas. Outra parte dos recursos será empregada na compra de cestas básicas e de alimentos às famílias da Região Norte afetadas pela baixa dos rios.
Com informações do jornal O Globo