Pré-candidato a vice-presidente na chapa liderada por Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB) fará a partir desta quinta-feira (16), junto com o ex-presidente, um périplo por três cidades do Nordeste, para discutir propostas para fome, miséria e pobreza, cujos indicadores sociais negativos explodiram no governo Bolsonaro.
Os pré-candidatos da chapa Vamos juntos pelo Brasil estarão nesta quinta-feira (16) em Natal, na sexta-feira (AL) em Maceió, e, no sábado, em Aracaju (SE).
Na primeira parada, na quinta (16), em Natal, Lula e Alckmin se encontram com os nove governadores do Consórcio Nordeste (Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável do Nordeste), presidido pelo socialista Paulo Câmara (PE).
Durante o encontro, os governadores devem tratar dos efeitos do programa Acolhe Nordeste, do Consórcio Nordeste. A iniciativa prevê a destinação de R$ 500 para crianças e adolescentes órfãos de vítimas da Covid-19.
Outro assunto a ser debatido pela chapa presidencial com os chefes dos Executivos é a ampliação de projetos de transferência de renda, a exemplo do Bolsa Família, mas que contemplem qualificação profissional de adultos da família beneficiária do recurso.
Em seguida, Alckmin estará com Lula na visita a uma feira de agricultores familiares para debater, com lideranças do setor, o estímulo à produção de alimentos saudáveis e a qualificação para uso de tecnologias modernas que aumentem a produtividade, além de sinalizar maior disponibilidade de crédito para categoria.
Na sexta-feira (16), em Maceió (AL), os pré-candidatos do PT e do PSB terão agenda com setor cultural de manhã e ato público à noite. Uma das pautas será a retomada de um programa habitacional aos moldes do Minha Casa, Minha Vida.
Já na última visita desta rodada ao Nordeste, no sábado (18), em Aracaju (SE), eles deverão tratar de emprego com estímulos à infraestrutura, pela retomada de obras inacabadas e parcerias entre setores público e privado.
Fome e miséria
O agravamento da fome no país é resultado de uma política deliberada do governo Bolsonaro de desmonte das iniciativas contra a insegurança alimentar no país. Estudo da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Penssan) mostrou que, atualmente, 33 milhões de pessoas passam fome no Brasil, quase o dobro do registrado em 2020.
Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo em janeiro deste ano, um dos criadores do Fome Zero e um dos principais pesquisadores em segurança alimentar no Brasil, Walter Belik, listou uma série de iniciativas criadas no governo Lula para livrar o país da fome que foram descontinuadas.
O Bolsa Família, por exemplo, foi desidratado: passou de um programa de transferência de renda com condicionalidades para um de doação. Com o Auxílio Brasil, a ideia de proteção e assistência social das famílias em situação vulnerável foi escanteada.
O Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) foi encolhido e os valores cortados em 35%. O programa de reforma agrária, a Secretaria de Agricultura Familiar, o programa de estoques de regulação da Conab e o programa de cisternas, todos foram descontinuados, afirma Belik.
O PAA [Programa de Aquisição de Alimentos], que priorizava a compra de alimentos de agricultura familiar para doações ou alimentação escolar e chegou a comprar quase R$ 1 bilhão, garantindo renda para os pequenos produtores foi extinto.
“O programa de banco de alimentos virou o “Comida no Prato”, assistencialista e criado pelo governo para faturar em cima do trabalho feito há duas décadas pelos bancos de alimentos do Brasil, organizados pela sociedade civil, basicamente. O programa de restaurantes populares foi descontinuado, e hoje vivemos um congestionamento nos restaurantes populares de R$ 1, graças à perda de renda da população. O programa de cozinhas comunitárias acabou”, afirma o especialista.
Todos os programas de abastecimento, como modernização ou mesmo privatização das Ceasas, também acabaram. Elas se tornaram obsoletas, mas têm papel importantíssimo no abastecimento urbano.
Sobre a renda do brasileiro, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou que a renda por domicílio é a menor desde 2012. No Norte e Nordeste é menor do que nas outras regiões.
Na segunda-feira (13), mais de mil economistas assinaram um manifesto em favor das pré-candidaturas de Lula e Alckmin. Dentre os pedidos no documento, os especialistas exigem a reativação de conselhos de políticas públicas, como o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, o Consea, voltado para o combate à fome.
Os economistas também criticam no texto o abandono da política de valorização do salário mínimo iniciada na segunda metade da década de 1990. Conforme o documento, “o presidente da República irá entregar ao final do seu mandato um salário mínimo inferior, em termos reais, ao que recebeu no momento da sua posse”.
Com informações da CNN, do Poder 360º e da Carta Capital