
Foto: Miguel Manso
O ex-presidente de Portugal, Mário Soares, o líder político mais importante dos últimos 50 anos em seu país, morreu neste sábado (7). Aos 92 anos, Soares estava internado desde o dia 13 de dezembro, no Hospital da Cruz Vermelha, onde entrou em situação crítica após uma indisposição.
O funeral do líder português vai durar três dias, em horários ainda a determinar. Nos dois primeiros, o corpo será levado de sua casa, fará uma parada na Câmara Municipal de Lisboa e, em seguida, será exposto no Mosteiro dos Jerónimos, o Panteão Nacional. Por ser agnóstico, Soares não será velado em nenhuma capela e não haverá missa de corpo presente.
No terceiro dia, será realizada uma cerimônia no próprio mosteiro com a presença da família e de autoridades portuguesas. De lá, o cortejo fúnebre segue para o Cemitério dos Prazeres, passando pelo Palácio de Belém, pela Fundação Mário Soares, pela Assembleia da República e pelo Largo do Rato, onde se encontra a sede do Partido Socialista português, do qual é fundador.
O presidente nacional do Partido Socialista Brasileiro (PSB), Carlos Siqueira, manifestou “profundo pesar” pela morte de Soares e destacou a importância do socialista para o seu país.
“Mário Soares foi um dos grandes estadistas do século XX, alguém que dedicou a maior parte de sua vida à conquista e consolidação da democracia, à garantia das liberdades e dos direitos fundamentais dos quais desfrutam até hoje os portugueses. Um líder político cuja liderança transcende ideologias, mas que sempre transmitiu, em todos os seus atos, a sua formação humanista e socialista que caracterizaram sua larga visão dos problemas do seu país, da Europa e do mundo”, afirmou Siqueira.
Biografia
Mário Alberto Nobre Lopes Soares nasceu em 7 de dezembro de 1924, em Lisboa. Desde cedo, destacou-se na política. Licenciou-se em Ciências Histórico-Filosóficas, em 1951, e em Direito, em 1957. Ainda como estudante universitário, fez parte de vários movimentos de oposição à ditadura portuguesa e, por isso, foi preso 12 vezes pela polícia política do regime. Cumpriu quase três anos de prisão e casou-se na cadeia, em 1949, com Maria de Jesus Barroso. Foi deportado para São Tomé em 1968 e, após dois anos, exilou-se na França. No exílio, se tornou um dos fundadores do Partido Socialista português, em 1973, e assumiu o cargo de secretário-geral do PS durante 13 anos.
Em 28 de abril de 1974, retornou do exílio na França e chegou a Lisboa no chamado “comboio da liberdade”, para a restauração da democracia. Participou dos quatro primeiros governos provisórios e levou o PS à vitória na Assembleia Constituinte, em 1975. Tornou-se primeiro-ministro, em 1976, liderando o I Governo Constitucional até 1977 e o II em 1978. Voltou a chefiar o Governo como primeiro-ministro, pela terceira vez, entre 1983 e 1985.
Em 1986, tornou-se o primeiro presidente civil da redemocratização. Em 1991, foi reeleito com 70% dos votos e se destacou como um presidente interventivo, especialmente no seu segundo mandato. Depois de deixar Belém ainda foi eurodeputado (entre 1999 e 2004) e tentou o regresso à Presidência em 2006. Entretanto, com a esquerda dividida, Soares ficou em terceiro lugar.
Mesmo afastado dos cargos políticos, Soares manteve sua influência no PS e uma voz ativa na sociedade portuguesa. Até recentemente, atuou na Fundação Mário Soares e publicou livros e artigos sobre a situação de Portugal.
Assessoria de Comunicação/PSB Nacional com informações dos portais Publico (de Portugal), G1 e jornal O Globo. Foto: Miguel Manso