O líder do PSB na Câmara, deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), iniciou, hoje (17), a coleta das assinaturas necessárias para a criação da “CPI do Queiroz”. A iniciativa acontece no mesmo dia em que o jornal Folha de S. Paulo publicou uma entrevista com denúncias feitas pelo empresário Paulo Marinho, ex-aliado de Jair Bolsonaro, de suposto vazamento de informações sobre uma Operação da Polícia Federal.
Na matéria, Marinho revela que um dos filhos do presidente, Flávio Bolsonaro, confessou que ele e seus auxiliares foram avisados por um delegado da Policia Federal sobre a deflagração da Operação Furna da Onça contra deputados estaduais do Rio. Essa Operação chegaria até Fabrício Queiroz, na época assessor de Flávio na Assembleia Legislativa.
O empresário revelou ainda que os policiais teriam segurado a operação, então sigilosa, para que ela não ocorresse no meio do segundo turno das eleições presidenciais, prejudicando assim a candidatura de Bolsonaro.
Molon afirma que não é por acaso que o presidente da República insiste tanto em escolher o chefe da corporação: “Ele quer continuar garantindo a impunidade para sua família e para si mesmo. Tudo isso precisa ser investigado para que Bolsonaro responda por seus crimes”.
Paulo Marinho é suplente de Flávio no Senado e pré-candidato à Prefeitura do Rio. Ele diz ter sido procurado pelo filho do presidente em 2018, uma semana após o primeiro turno das eleições, a fim de traçar uma estratégia de defesa contra uma possível investigação sobre seu ex-assessor.
“As denúncias feitas por Paulo Marinho são gravíssimas. Mostram que membros da Polícia Federal contribuíram para obstruir a justiça de forma a influenciar no resultado das eleições de 2018, beneficiando Bolsonaro”, pontuou o socialista.
“Rachadinhas”
A investigação envolvendo Flávio e Queiroz, começou após um relatório do antigo Coaf indicar movimentação financeira suspeita – R$ 1,2 milhão em um ano –, nas contas do ex-assessor e amigo do presidente. Além do valor, também chamou atenção a maneira que as operações aconteciam: depósitos e saques em datas muito próximas ao pagamento dos servidores da Assembleia, suposto esquema de “rachadinha”.
Investigação
A Procuradoria-Geral da República (PGR) informou que vai analisar o relato de Marinho. O procurador-geral, Augusto Aras, discutirá a denúncia com a equipe de procuradores que atua em seu gabinete em matéria penal.
A Polícia Federal relatou em nota que a operação policial foi deflagrada no Rio de Janeiro em 8 de novembro de 2018, tendo os mandados judiciais sido expedidos pelo Tribunal Regional Federal da 2° Região, a partir de representação do Ministério Público Federal, em 31 de outubro, “portanto, poucos dias úteis antes da sua deflagração”.
“A Polícia Federal se notabilizou por sua atuação firme, isenta e imparcial no combate à criminalidade, dentro de suas atribuições legais e constitucionais”, finaliza.