O líder do PSB na Câmara, deputado Beto Albuquerque (RS), afirmou nesta quinta-feira (3) que a CPMI da Petrobras “tem que sair”. A declaração foi feita durante entrevista ao Programa Repórter do Povo, da Rádio Uirapuru AM, de Passo Fundo. “Assinei o pedido de investigação porque considero grave gerar um prejuízo por falta de análise e gestão na decisão de se comprar uma refinaria”, avaliou Beto. Para o líder socialista, 1 bilhão de dólares é um valor muito alto e não pode ser considerado um fato qualquer.
Na semana passada, Beto e o líder do PSB no Senado Federal, Rodrigo Rollemberg (DF), assinaram requerimento para a instalação da CPMI destinada a investigar a compra da refinaria da Petrobrás em Pasadena, no estado americano do Texas, em 2006. Em poucos dias o número mínimo de assinaturas foi atingido, 27 senadores e 171 deputados federais.
Ainda na entrevista, Beto disse que é preciso investigar para que não se faça juízo de valor equivocado. “Temos que saber, claramente, porque não se fez o exame devido. Foram 20 dias entre a oferta acima do que vale a refinaria e o fechamento do negócio. Isso já está comprovado”, lembrou. “Em 20 dias se tomou uma decisão equivocada e o prejuízo passa de R$ 2,5 bilhões. Alguém tem que ser responsável por isso”, completou.
Beto lembrou que o tema esquentou muito em razão do fato de o Conselho da Petrobras na época ser presidido pela hoje presidente da República Dilma Rousseff. “Isso carrega o peso de todo o debate que está acontecendo. Para não haver juízo errado das coisas tem que investigar. A Câmara propôs uma comissão externa, no primeiro momento, sobre o pagamento de propina a funcionário da Petrobras, aí veio à tona o assunto de Pasadena e da refinaria Abreu Lima, de Pernambuco. São coisas que você tem que ver”, afirmou Beto destacando que por ser um símbolo nacional, que leva o nome do Brasil, a Petrobras não pode ficar errando tantas vezes na gestão de suas decisões comerciais.
CPI ampla
Sobre a pressão do Palácio do Planalto para que a CPI seja ampla e investigue também o caso do metrô de São Paulo, o Porto de Suape (PE) e a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), Beto disse que “esse jogo a gente conhece”. Para o líder socialista, é o jogo da dispersão. “Para não se investigar nada, cria-se várias frentes ou lança-se penas ao vento. A Petrobras tem fatos absolutamente concretos, decisões equivocada, prejuízo milionário. Perdeu nos últimos anos metade do seu valor e deve quatro vezes mais do que devia há quatro anos”, avaliou lembrando que por envolver dinheiro público o caso não pode ser colocado de baixo do tapete.
Na quarta-feira (2), o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), decidiu que caberá à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado definir se as comissões poderão ser criadas. O presidente do Senado, no entanto, definiu que, caso seja instalado um colegiado ele deverá incluir tanto a investigação do caso da Petrobras como os demais, de São Paulo e Minas. Beto enfatizou a posição do PSB de defender a investigação de todos os fatos que envolvam a estatal brasileira para evitar o “sangramento da empresa e de seus profissionais”. “Não vamos ficar entre a guerra de versões e interpretações e entre os que querem omitir o debate. Tem gente que não quer explicar, só quer eleitoralizar o assunto e nós queremos explicações que até agora não foram dadas”, afirma.
A investigação
O foco da investigação no Congresso Nacional pretende ser o negócio que foi reconhecido como um fracasso empresarial. A empresa brasileira pagou US$ 1,18 bilhão no empreendimento, valor 30 vezes maior que o preço real de mercado.
Além disso, a desvalorização da Petrobras é preocupação dos parlamentares socialistas. O uso político da empresa é apontado por especialistas como a principal causa das perdas, que tiveram como consequência o afastamento dos investidores. A Petrobras vale hoje R$ 179 bilhões, menos da metade dos R$ 380 bilhões que valia em 2010.