O presidente Jair Bolsonaro comentou com apoiadores, nessa quinta feira (16), que é a favor de “abrir o garimpo” em terras protegidas. Segundo interlocutores dele, o presidente citou um projeto que libera a atividade em terras indígenas. “Por mim eu abro o garimpo. Tem um projeto para abrir o garimpo em terra indígena. Um projeto que os índios querem”, afirmou.

Ele comparou a situação com a da baía de Angra dos Reis (RJ), em que a exploração esbarra em decreto ambiental e depende do Congresso Nacional para revogar a norma. “É igual mexer com o meio ambiente. Eu tenho R$ 1 bilhão para investir de fora, para fazer da baía de Angra o maior polo turístico, talvez, do mundo. Mas tem que derrubar o decreto. O decreto ambiental é lei. Eu não posso fazer nada, depende do parlamento”, disse aos interlocutores, de acordo com a agência Estado.

Bolsonaro disse ainda que se dependesse da sua caneta o garimpo ocorreria à vontade em Serra Pelada (PA). “Serra Pelada, dependendo da minha caneta, a gente iria garimpar à vontade. Eu tenho vontade de garimpar. Eu já garimpei também. Eu tinha um jogo de peneira, tinha uma bateia, sempre estava no meu carro e não podia ver um córrego que caia de boca lá”, comentou.

A declaração do presidente evidencia o descaso do governo federal com as reservas indígenas brasileiras e acontece alguns dias depois da primeira morte de um aldeado, em decorrência da covid-19, ser registrada no Brasil: Alvanei Xirixana, 15 anos, da aldeia Rehebe. O jovem estava internado no hospital Geral de Roraima, em Boa Vista (RR), quando faleceu.

Segundo o Instituto Socioambiental (ISA), que monitora a atividade na região de Roraima, houve um aumento de 3% na área degradada por garimpeiros no território yanomami em março, em comparação com fevereiro. Em uma das frentes de atuação, a atividade dos garimpeiros ocorre a cinco quilômetros de uma área em que yanomamis vivem em isolamento voluntário.

A União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) divulgou nesta quinta-feira (16) um documento intitulado “Nota à sociedade sobre a frágil situação dos povos indígenas do Vale do Javari diante da pandemia do Covid-19”. Os povos que habitam a maior reserva de índios isolados do mundo pedem ajuda para garantir a proteção da comunidade contra o contágio por coronavírus, criticam os órgãos federais que deveriam representá-los e afirmam temer por “horizonte sombrio”.

Ministério da Saúde

Além de recomendar prioridade à população indígena no atendimento médico nos casos suspeitos de COVID-19, o Ministério da Saúde também elaborou um documento com recomendações à Fundação Nacional do Índio (Funai) abordando, especialmente, o acesso às terras indígenas.

O ofício pede à FUNAI que adote medidas restritivas à entrada de pessoas em todos os territórios indígenas devido à vulnerabilidade das populações indígenas às doenças respiratórias, o que aumenta o risco de agravamento em caso de contágio pelo novo coronavírus. O órgão também recomendou que sejam reforçadas as restrições de acesso a territórios habitados por povos isolados ou de recente contato, incluindo a necessidade de quarentena para profissionais de saúde e membros da FUNAI antes do acesso a esses povos.

Assessoria de Comunicação/PSB Nacional com informações da agência Estado