Cumprindo promessa de campanha de priorizar a Saúde, o prefeito de Petrópolis, Rubens Bomtempo (PSB/RJ), anunciou essa semana que não haverá Carnaval no Centro da cidade e que os repasses, no valor de R$ 1 milhão, que iriam para o desfile das escolas de samba serão investidos no setor. A decisão foi tomada durante reunião com o presidente da Fundação de Cultura e Turismo, Juvenil dos Santos e representantes de escolas e blocos da cidade, que entenderam a situação e concordaram com a providência do governo municipal.
De acordo com o presidente da Fundação de Cultura e Turismo, as estruturas como as arquibancadas, por exemplo, não serão montadas, o que não impede, no entanto, que os blocos que queiram sair às ruas desfilem pela Rua do Imperador. “Não estamos cancelando o Carnaval da cidade, só não iremos repassar os recursos, que serão encaminhados para um setor que está em estado de calamidade e precisa de todo o empenho e recursos financeiros. Estamos pensando no bem-estar da população”, diz Juvenil, complementando: “Tivemos a adesão espontânea das agremiações”, garante.
Outros tradicionais eventos, como o Baile dos Fantasmas e o Banho a Fantasia estão mantidos, assim como os bailes que acontecem nos bairros, como Alto da Serra, Praça Pasteur e Pedro do Rio. A matinê no Obelisco também está mantida.
Para garantir a segurança dos foliões que forem para a Avenida curtir os blocos, a Guarda Municipal e as polícias Civil e Militar estarão nas ruas.
A diretora de patrimônio da Escola de Samba Independente de Petrópolis, Marilda da Silva Antunes, elogiou a medida tomada pelo prefeito Rubens Bomtempo. “A saúde do município está um caos e precisa de todo o apoio. Não é justo realizarmos uma festa, enquanto os hospitais estão sem leitos e sem remédios”.
Calamidade Pública – No último dia 3, logo após tomar posse, o prefeito Rubens Bomtempo decretou estado de calamidade pública na saúde de Petrópolis, depois de constatar a gravidade da situação no Hospital Alcides Carneiro (HAC), encontrar a UPA de Cascatinha com atendimento precário e o SAMU desativado. O decreto de estado de calamidade foi o primeiro ato oficial de Bomtempo após tomar posse no cargo. Ao tomar conhecimento do desabastecimento do maior hospital público da cidade, o prefeito liberou a compra de R$ 1 milhão em insumos para suprir as necessidades imediatas de toda a rede, principalmente do HAC, e determinou ainda a reabertura da UTI da unidade até a próxima semana.
Bomtempo encontrou a UTI e a emergência do HAC fechadas, a maternidade superlotada e o centro cirúrgico com três salas desativadas. O laboratório do hospital está funcionando com cerca de 40% da sua capacidade, os exames de tomografia estão suspensos por falta de filme e contraste, e ainda há 49 pacientes à espera de uma vaga para internação.
“A situação é muito grave; é de calamidade. Não vou abrir mão do comando da Prefeitura no HAC. A saúde é a nossa maior prioridade e hoje ficou evidente que a situação é caótica. Precisamos construir com urgência um plano de recuperação a curto, médio e longo prazo para que o hospital do povo possa voltar a oferecer os serviços à população na sua plenitude”, afirmou o prefeito, que já iniciou uma limpeza geral na área externa da unidade.
Acompanhado do vice-prefeito, Luiz Fernando Vaz, do secretário de Saúde, André Sá Earp, da diretoria do Sehac e de integrantes do Conselho Municipal de Saúde, Bomtempo ressaltou ainda que as gestantes terão prioridade: “Não vamos deixar que o fechamento do Hospital Casa da Providência deixe as gestantes sem atendimento digno. A prioridade é atender a demanda da maternidade do município”.
“Estamos aqui para constatar a situação de perto e conhecer o tamanho da dívida para que possamos encontrar meios sustentáveis ao funcionamento pleno do hospital, que quase morreu por inanição”, disse o secretário de Saúde, André Sá Earp.
Sindicância na Saúde – Bomtempo solicitou ao secretário de Saúde a abertura de uma sindicância para apurar outros problemas graves na rede, como o não funcionamento do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), inaugurado pelo governo anterior sem qualquer estrutura.
Das três ambulâncias que chegaram para o SAMU há dois anos, uma já está quebrada. Apesar da inauguração, não houve contratação de profissionais, compra de mobiliário nem aquisição de outros equipamentos para o início do atendimento: “O SAMU foi inaugurado no dia 20 de dezembro e ao visitar as instalações hoje encontrei um galpão vazio, com as obras inacabadas. O momento é delicado, exige responsabilidade e não podemos mais esperar”, ressaltou o prefeito.
UPAs também em situação grave – O atendimento precário nas Unidades de Pronto Atendimento da cidade também preocupam o prefeito Rubens Bomtempo. A UPA de Cascatinha está sem atendimento de urgência há uma semana por falta de médicos e a do Centro está superlotada. “Estamos diante de fatos gravíssimos e não conseguimos encontrar o responsável pelo contrato com a Cruz Vermelha para entender esta situação”, concluiu Bomtempo.