A Câmara dos Deputados relançou, nesta quarta-feira (28), o Grupo Parlamentar Brasil-Argélia. O objetivo é trocar experiências e estreitar as relações com os parlamentares da nação africana. “A reabertura desse grupo tem não só um laço político com a Argélia e sim afetivo e cultural”, destacou a presidente do colegiado, deputada Ana Arraes (PSB-PE).
No ato, Ana Arraes emocionou os convidados lembrando dos anos de exílio que seu pai, Miguel Arraes, viveu na Argélia. “Se meu pai continuasse no Brasil, os militares encontrariam uma forma de prendê-lo. Ao buscar o exílio, não encontrou apenas uma embaixada. Encontrou um país amigo. Um país muito parecido com o nosso, com um povo muito hospitaleiro”, lembrou.
Ana Arraes também destacou que o grupo quer contribuir para aumentar a cooperação internacional dos dois países já que hoje a Argélia é o segundo país africano com maior número de acordos comerciais com o Brasil. “O nosso objetivo é aumentar isso, mas também estabelecer relações culturais”, finalizou a deputada.
O embaixador da Argélia no Brasil, Djamel Eddine, explicou que as relações bilaterais entre os dois países iniciou, democraticamente, quando o Brasil reconheceu a independência da Argélia, que foi dominada pelos franceses até 1692. “Hoje temos uma relação comercial muito forte”, destacou.
O embaixador também aproveitou para comentar a “Primavera Árabe”, série de protestos nos países árabes que culminou com quedas de governo e regimes na África mulçumana. “Posso dizer que a Argélia passou por essa etapa há 20 anos, quando a nova constituição instituiu o multipartidarismo, imprensa livre e eleições frequentes. Temos um perfil democrático ao contrário de muitos dos nossos vizinhos”, destacou.
Além da deputada Ana Arraes, fazem parte do grupo da deputada Sandra Rosado (PSB-RN) e deputados Pedro Eugênio (PT-PE), Paulo Rubem Santiago (PDT-PE), Wolney Queiroz (PDT-PE), Chico Lopes (PCdoB-PE), Silvio Costa (PTB-PE) e Francisco Praciano (PT-AM).
História
A Argélia, país localizado ao norte da África, tem relações de reciprocidade com o Brasil. Nos anos 1960, no auge da Ditadura Militar, deu exílio a Miguel Arraes. No país africano, Arraes teve contato com outros políticos brasileiros que foram símbolo de uma geração, como Fernando Gabeira, Leonel Brizola e o ex-presidente de Portugal Mário Soares. Também foi na Argélia que Arraes trabalhou ativamente pela libertação dos países africanos de língua portuguesa.