Mesmo sendo o Estado mais preservado do Brasil – com quase 93% de cobertura vegetal intacta -, o Amapá está preocupado em manter o controle do desmatamento. O governo do Estado vai voltar a fazer o monitoramento de suas florestas. O anúncio foi feito pelo governador do Amapá, Camilo Capiberibe (PSB), durante um encontro ocorrido nesta terça-feira (19) no Pavilhão da Itália, no Parque dos Atletas – palco oficial da Rio+20, a convenção das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável.
Durante o evento, que contou ainda com a participação de outros governadores da Amazônia Legal, Camilo lembrou que o Estado já contou com uma ferramenta de vigilância contra a devastação florestal, mas ela acabou sendo deixada de lado na última década. Ele anunciou que a retomada deste sistema de monitoramento, via satélite, está sendo providenciada por meio do financiamento do Fundo Amazônia – criado pelo BNDES para fomentar projetos de crescimento socioeconômico na região.
"Além de permitir o controle do desmatamento, esta ferramenta que estamos pleiteando, vai nos auxiliar na gestão dos nossos recursos naturais", explicou o governador. Ele fez ainda uma apresentação sobre a taxa de desmatamento anual na Amazônia – que vem diminuindo desde 2004. "Apesar desta redução, não podemos ficar acomodados", avisou.
O governador também ressaltou outra medida para conter o avanço o desmatamento: o PAC Florestal – proposta do Amapá para o desenvolvimento da Amazônia. A proposição foi lançada pelo governador Camilo Capiberibe no Fórum de Governadores, que aconteceu em março deste ano, em Belém (PA). Trata-se do Programa de Aceleração do Crescimento para a Economia Florestal na Amazônia. A proposta visa impulsionar as cadeias produtivas da sociobiodiversidade, produtos florestais não madeireiros, exploração racional de madeira e legalização fundiária. "Todas essas atividades ajudam a conter o desmatamento. Mas, precisamos de recursos para resolver essas questões e o Governo Federal pode suprir os estados da Amazônia com essa linha de investimento", completou Camilo.
O PAC Florestal foi abraçado pelos governadores da Amazônia Legal, que a inseriram na Carta dos Governadores, documento que será apresentado nos debates do Rio Centro, onde estarão os líderes mundiais de 20 a 22 deste mês. A Carta dos Governadores possui apenas duas propostas: a criação de um Conselho para o Desenvolvimento Sustentável da Amazônia e o PAC Florestal.
Também estava presente no encontro o senador João Alberto Capiberibe, que foi citado pelo governador do Acre, Tião Viana, como "guardião da sustentabilidade no Brasil", em razão da experiência pioneira de desenvolvimento sustentável implantada no Amapá, no período de 1995 a 2002, quando o parlamentar era o governador do Estado. O evento foi mediado por um representante do Centro Euro Mediterrâneo de Mudanças Climáticas.
Visitas
Após o evento do pavilhão italiano, o governador fez visitas a vários espaços no Parque dos Atletas. Ele esteve no Pavilhão do Brasil, da União Europeia e do Japão, onde teve contato com novidades tecnológicas em fontes de energia alternativa. No local, Camilo também conheceu um projeto desenvolvido por produtores paraenses no município de Tomé-Açu (PA), que atualmente exportam açaí para o Japão. O projeto deu certo graças à parceria com a Agência Japonesa de Cooperação Internacional (Jica), que ajudou na certificação do produto.