Em uma década, Campinas reduziu em 42,8% o número de analfabetos absolutos, pessoas que não sabem ler e escrever. Os dados foram apresentados nesta segunda-feira (3) pela Prefeitura, durante abertura da 7ª campanha de erradicação do analfabetismo, chamada de “Fevereiro Violeta”.
Segundos dados do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP), o município começou 2020 com 16,2 mil analfabetos. Em 2010, eram 28,4 mil pessoas que não sabiam nem ler nem escrever.
O levantamento leva em consideração as pessoas analfabetas em condições de votar, acima dos 16 anos. Ainda de acordo com os números divulgados, a maior parte desse conjunto é mulher. Elas somam 10,1 mil mulheres analfabetas absolutas.
Para tentar diminuir o número de analfabetos, a Prefeitura de Campinas, administrada pelo prefeito Jonas Donizette (PSB) desde 2013, fará uma busca ativa de pessoas que não tiveram a oportunidade de frequentar a sala de aula.
Profissionais ligados à Fundação Municipal para a Educação Comunitária (Fumec) irão criar postos do projeto pela cidade e os interessados podem fazer a pré-matrícula.
“Educação é a saída para enfrentar esse mundo de mudanças e transformações tecnológicas”, comemorou Donizette em suas redes sociais.
De acordo com a Prefeitura, Campinas queria zerar o analfabetismo até 2020, mas disse que manterá o prazo do governo federal, previsto no Plano Nacional de Educação, que determina o cumprimento até 2024.
Além disso, a ação será tema de uma caminhada na Lagoa do Taquaral no domingo (9) para alertar a população.
Alfabetizada há um ano, a cozinheira Neuza Rosa de Souza Neuza, de 61 anos, comemora as conquistas após passar seis décadas sem saber ler e escrever. Ela cresceu na Bahia e conta que teve uma infância difícil morando na roça.
“Naquela época, meus pais não me deixavam ir pra escola. Eles diziam que mulher tem que saber lavar e cozinhar, não tinha que estudar. Até o ano passado eu não sabia nada. Hoje, ler é tudo para mim, é maravilhoso”, conta.
A vida de Neuza mudou depois que se mudou para Campinas e começou a participar das aulas da Educação de Jovens e Adultos (EJA), oferecidas pela Prefeitura. Antes, Neuza conta que guardava os recados de telefone da patroa na memória e pedia ajuda das atendentes no mercado para fazer as compras escritas na lista. Em casa, eram os netos quem ajudavam nas receitas e com o celular.
Com informações do G1