João Capiberibe, senador do Partido Socialista Brasileiro (PSB) eleito pelo Amapá, tomará posse no Plenário do Senado Federal nesta terça-feira (29), às 15h30. O evento é um marco na democracia do Brasil, pois prevaleceu a vontade da população do estado, que o escolheu com mais de 130 mil votos, como também, foi cumprida as determinações da Constituição Brasileira.
“Depois de seis anos exilado internamente, porque considero a minha cassação um segundo exílio, eu vejo que houve um bom senso na decisão do Supremo, pois respeitou a Constituição e não permitiu a mudança do jogo muito atrasada”, explicou Capiberibe em uma coletiva à imprensa, no Senado Federal, no último dia 16.
“Na ditadura militar fui obrigado a viver no exílio. Na democracia fui vítima de uma armação que cassou meu mandato de senador, outorgado pela soberania do voto do povo do Amapá em 2002. Ainda, na democracia, quando o povo do Amapá devolveu-me o mandato de senador em 2010 fui obrigado a resgatar essa vontade popular na Justiça”, lembrou.
Capiberibe ressaltou que esses três episódios de sua carreira política fizeram com que ele aprendesse uma nova maneira de encarar a vida e o momento de espera, “que por vezes parece difícil, fatigante e complicada”. O senador ainda agradeceu aos que o apoiaram, aos manifestos, mensagens e solidariedade da população do Amapá.
Sua volta ao Senado Federal será marcada pela defesa das bandeiras históricas de sua vida política. “Nós fomos eleitos a baixíssimo custo, portanto vamos poder defender teses coletivas e questões que são decisivas para o nosso país. Questões ambientais, das minorias indígenas, da Amazônia, dos trabalhadores rurais sem terras, dos assassinatos no campo e da transparência”, destacou.
A Luta
Em 2002, João Alberto Capiberibe foi eleito senador, e sua esposa, Janete, deputada federal. Cassados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em 2004, ele perdeu 5 anos do mandato parlamentar e ela um ano. Foram afastados dos mandatos em 2005, acusados de comprarem dois votos por R$ 26,00, supostamente pagos em duas parcelas.
A manobra processual forjada pelo PMDB do Amapá deu o mandato de Capiberibe, em 2005, para Gilvam Borges. Matérias publicadas pelo Jornal Folha de São Paulo já denunciaram que Borges havia montado um esquema prometendo favores financeiros às testemunhas que acusaram o casal Capiberibe para tirar-lhes os mandatos.
Por fim, depois de diversos recursos na Justiça Brasileira o Supremo Tribunal Federal (STF) corrigiu a decisão do TSE em 23 de março e o recurso de João Capiberibe para a posse no mandato foi acatado pelo ministro Luiz Fux em 12 de agosto.
Janete Capiberibe foi diplomada Deputada Federal em julho deste ano e João Capiberibe foi diplomado pelo desembargador Raimundo Vales em sessão extraordinária do Tribunal Regional Eleitoral do Amapá (TRE-AP) realizada na segunda-feira (14) e tomará posse no Senado nesta terça-feira (29).