
Foto: Ruy Baron
Na noite de abertura do XVI Congresso Nacional do PSB, nesta sexta-feira (30), Carlos Siqueira, que se despede da presidência após mais de uma década à frente do partido, fez um breve balanço de sua gestão, reafirmou o compromisso com o legado socialista e destacou a urgência da renovação política e programática da esquerda.
Siqueira prestou homenagens a figuras históricas do PSB, com quem conviveu de perto, como Miguel Arraes, Antônio Houaiss, Jamil Haddad e Eduardo Campos, e reconheceu o peso de ter assumido a liderança em 2014, após a trágica morte de Campos, ex-governador de Pernambuco.
“Estou me despedindo não do PSB, jamais me despedirei do PSB. Estou me despedindo apenas da presidência”, disse, relembrando, com emoção, o momento em que assumiu a presidência do partido, em 2014. “Fui surpreendido por muitos companheiros que estavam na organização do diretório que elegeu o novo presidente, ao dizerem que eu era o único nome de consenso naquele momento. Agradeço comovidamente por isso, e não me pergunte as razões, porque até hoje nunca perguntei como foi que virei presidente do PSB. Sinceramente, não sei e nem preciso saber. Só sei que foi pela generosidade de muitos companheiros, com o apoio da militância”, agradeceu.
Siqueira, que transmite o cargo de presidente nacional ao prefeito do Recife, João Campos, neste domingo (1º), reiterou a importância da continuidade do processo de mudança interna do partido, e ressaltou o papel das novas gerações nesse processo.
Ao comentar a sucessão, o presidente do PSB afirmou ter encontrado em João Campos o nome ideal para liderar essa nova etapa. “Eu sempre o vi como uma possibilidade potencial muito grande, não só para o PSB, mas para Pernambuco e para o Brasil. Claro que, quando eu disse que não seria mais candidato, muitos até fizeram apelos, dizendo: ‘Mas será que João Campos vai ter tempo?’. Eu sempre digo: quando você tiver uma tarefa importante, nunca entregue a quem tem tempo demais, porque não vai fazer nada. Entregue a quem já é muito ocupado”, destacou.
Em um recado às novas gerações, Siqueira falou sobre a importância de não abrir mão dos ideais socialistas e da democracia. “Não se envergonhem das nossas ideias porque elas são as melhores, não se envergonhem, das nossas ideias de socialismo democrático, das nossas ideias de democracia. Elas são as mais generosas, elas são as mais solidárias, elas são as que pregam oportunidades para todos, elas são as que pregam o projeto nacional de desenvolvimento”, sublinhou.
Reforma do sistema político
Durante o discurso, Siqueira fez duras críticas ao atual sistema político e voltou a defender a urgência de uma reforma política que construa partidos com identidade, ideologia e propostas claras.
“O sistema político pulverizado, com partidos que não estão afeitos a programas, que não estão afeitos a ter ideologias, que só estão afeitos a estar no governo, é muito difícil governar. E é muito difícil mudar o país. E foi com essa avaliação que nós lançamos o projeto da autorreforma”, destacou, relembrando a decisão do Supremo Tribunal Federal contrária à cláusula de desempenho que, segundo ele, contribuiu para o enfraquecimento da democracia representativa.
Diante desse cenário, o processo de autorreforma levou à elaboração de um novo manifesto e à atualização do programa do partido, ressaltou. O documento propõe um projeto nacional de desenvolvimento que tem como pilares o fortalecimento da educação e da ciência, a reindustrialização da indústria nacional e o desenvolvimento sustentável da Amazônia, entre outras diretrizes estratégicas.
Siqueira destacou o papel da Amazônia como chave para uma nova economia, baseada em biotecnologia, inovação e sustentabilidade, “sem derrubar uma única árvore”, e propôs a criação de uma instituição dedicada à região, a “Amazon Brasil”, proposta no novo programa do PSB. “O PSB chamou de Amazon Brasil. Mas pode ter qualquer outro nome. Importa que essa instituição faça para desenvolver a Amazônia, o que fizeram com a Embrapa. A floresta pode continuar em pé, mas ela pode ser um tesouro não apenas para a região amazônica, mas para melhorar os índices de pobreza que existem lá e em todo o Brasil”, disse.
O presidente do PSB também lamentou o período de declínio da indústria nacional, mas ressaltou que o setor voltou a crescer graças ao esforço do ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, a quem elogiou pelo trabalho realizado no governo. Segundo Siqueira, esse crescimento envolve uma modernização para tornar a indústria brasileira mais competitiva e, nesse contexto, destacou o conceito de “renascimento criativo da indústria”, outro pilar do projeto de desenvolvimento proposto no novo programa do PSB.
Assessoria de Comunicação/PSB nacional