O lançamento da Campanha da Fraternidade 2019, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), foi marcado por críticas à reforma da Previdência, à falta de recursos para o Sistema Único de Saúde (SUS) e às questões sobre posse de armas e exploração de terras indígenas e quilombolas.
Neste ano, o tema da campanha é “Fraternidade e Políticas Públicas” e tem como objetivo estimular a população a se envolver na formulação de ações a serem implementadas pelos gestores públicos para garantir os direitos humanos.
No lançamento, na quarta-feira (6), em Brasília, o presidente da CNBB, cardeal Sérgio da Rocha, afirmou que a Igreja seguirá defendendo e estimulando a elaboração de políticas públicas que assegurem os direitos dos mais pobres, como em governos anteriores, mesmo que a entidade não tenha posicionamento oficial sobre a previdência.
“Vale aquilo que nós já temos afirmado, isto é, que não se penalizem aqueles que já são mais sofridos na sociedade, que não haja perda de direito dos trabalhadores”, disse.
Rocha ainda defendeu que a “construção da paz” deve ser “feita por meio da justiça social”, referindo-se a questão da posse de armas defendida pelo governo Bolsonaro.
Durante o lançamento, a representante do Conselho Nacional de Saúde, membro da CNBB e da Pastoral da Criança, Vânia Lúcia Ferreira Leite, criticou o sucateamento do SUS, que considera uma das maiores conquistas sociais do país. Ela citou ainda as Emendas Constitucionais 86 (que estabelece o orçamento impositivo) e 95 (que instituiu o teto de gastos públicos).
“As emendas 86 e 95 ameaçam o SUS. Ou seja, autoridades querem promover a fragilização do SUS. Isso acontece simultaneamente a um momento de redução da renda, de desemprego e aumento da pobreza e da miséria no país”, lamentou.
Em relação à exploração da mineração em áreas indígenas e quilombolas, o secretário-geral da CNBB, dom Leonardo Ulrich Steiner, afirmou que a entidade tem destinado especial atenção a este assunto.
“Isso preocupa a Igreja porque nós estamos nessas comunidades. Porque não estamos interessados, em primeiro lugar, no mercado, no dinheiro. Nós estamos interessados, e assim Jesus nos obriga, a pensar nas pessoas”.
Sob o lema da campanha “serás libertado pelo direito e pela justiça”, o coordenador da Pastoral do Povo de Rua da CNBB, padre Júlio Lancellotti, lamentou o “desmonte” de outros estatutos como os da Criança e do Adolescente (ECA) e do Idoso. “Nós estamos sofrendo porque estamos perdendo a liberdade, os nossos direitos e a justiça, que parece que migraram do Brasil”.
Assessoria de Comunicação/PSB Nacional