
Conhecido por sua atuação em favor dos direitos humanos, Dom Hélder Câmara foi o brasileiro mais indicado ao Prêmio Nobel da Paz, por quatro vezes.
A Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados aprovou projeto de lei de autoria da deputada federal Creuza Pereira (PE), que inclui o nome de Dom Hélder Câmara no Livro dos Heróis da Pátria. O projeto segue agora para análise da Comissão de Constituição e Justiça e, se aprovado, vai para o Senado.
Guardado no Panteão da Pátria Tancredo Neves, na Praça dos Três Poderes, em Brasília, o livro reúne, em grandes páginas de aço, nomes de brasileiros que ganharam status de “herói nacional”. Dentre os inscritos estão Tiradentes, Zumbi dos Palmares e Santos Dummont.
Um dos fundadores da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Hélder Câmara ficou conhecido em todo o mundo por sua atividade política, social e religiosa em favor dos direitos humanos. Arcebispo de Olinda e do Recife, desenvolveu intensa atividade contra a exploração e a favor dos mais pobres.
Durante o regime militar foi perseguido por atuar junto a organizações não-governamentais, movimentos estudantis e operários e ligas comunitárias contra a fome e a miséria. Em 1970 denunciou pela primeira vez, em um pronunciamento em Paris, a prática de tortura a presos políticos no Brasil.
“Dom Hélder Câmara deixou registrado seu pensamento em diversos livros que tiveram grande repercussão, sendo traduzidos em várias línguas. Sua atividade política, social e religiosa foi reconhecida no mundo inteiro”, afirma a deputada Creuza Pereira.

Para deputada Creuza Pereira, atuação política, social e religiosa do arcebispo “é argumento inquestionável” para inscrição de seu nome no Livro dos Heróis da Pátria. Foto: Cleia Viana/Agência Câmara
“Toda essa atuação é argumento inquestionável para fundamentar a inscrição de seu nome no Livro dos Heróis da Pátria”, justifica a socialista.
Dom Hélder Câmara pregava uma igreja simples, voltada para os pobres, e a não-violência, recorda Creuza. Por suas ideias e ações, recebeu diversos prêmios nacionais e internacionais. Foi o brasileiro mais indicado ao Prêmio Nobel da Paz, por quatro vezes.
Biografia
Décimo-primeiro filho de uma família de treze irmãos, Hélder Pessoa Câmara nasceu em Fortaleza, em 1909, filho de um jornalista e de uma professora. Aos 14 anos entrou no Seminário da Prainha de São José, onde cursou filosofia e teologia.
Em 1931 ordenou-se sacerdote. Foi nomeado logo depois diretor do Departamento de Educação do Estado do Ceará, exercendo esse cargo por cinco anos. Mudou-se então para o Rio de Janeiro, onde se destacou no desempenho de atividades sociais.
Fundou a Cruzada São Sebastião e o Banco da Providência, entidades destinadas ao amparo dos mais pobres.
Em 1946 recebeu um convite para assessorar o arcebispo do Rio de Janeiro. Seis anos depois foi nomeado bispo auxiliar do Rio de Janeiro. Hélder Câmara fundou a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), da qual foi secretário durante 12 anos.

Amigos, Dom Hélder Câmara e Miguel Arraes contestaram a ditadura militar. Do exílio na Argélia, líder socialista escreveu carta ao arcebispo do Recife. Foto: Instituto Miguel Arraes
Em 12 de março de 1964, foi nomeado Arcebispo de Olinda e Recife, pouco antes do golpe militar. Dias depois, divulgou um manifesto apoiando a ação católica operária em Recife. O novo governo militar acusou-o de demagogo e comunista e dom Hélder foi proibido de se manifestar publicamente.
No entanto, sua figura pública adquiria importância cada vez maior. Passou a fazer conferências e pregações no exterior, desenvolvendo intensa atividade contra a exploração e a favor dos mais pobres.
Dom Hélder aposentou-se em 1985, tendo organizado mais de 500 comunidades eclesiais de base. No final da década de 1990, lançou a campanha “Ano 2000 Sem Miséria”.
O arcebispo recebeu centenas de homenagens e condecorações, além de diversos prêmios, no Brasil e no Exterior. Faleceu aos 90 anos, de parada cardíaca.
Assessoria de Comunicação/PSB Nacional