Além de investigar as denúncias de superfaturamento de contratos na Petrobras e o pagamento de propina a parlamentares e funcionários da estatal, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara também vai estudar propostas de prevenção à corrupção. O assunto será tratado exclusivamente através de uma sub-relatoria que está sob a responsabilidade do deputado Júlio Delgado e deve sistematizar normas para o combate desse crime em órgãos e empresas públicas.
Nomeado na reunião desta terça-feira (10), Júlio sugeriu também a criação de outra sub-relatoria para acompanhar as plataformas e refinarias que estão em obras atualmente. “As empresas brasileiras que participaram do esquema de corrupção montado na Petrobras já estão sob investigação, mas é importante frisar que já começam a aparecer o nome de empresas internacionais, e precisamos também estar atentos à relação que elas estabeleceram na estatal”.
Durante a reunião, Júlio cobrou de maneira incisiva o afastamento dos parlamentares investigados pela Procuradoria Geral da República como beneficiários do esquema montado na Petrobras. “Nós temos que pedir e cobrar das lideranças e dos políticos que façam com que aqueles, que estão sob investigação, se afastem neste momento. Não há condição do investigado investigar. Os deputados listados nos inquéritos devem ser afastados”. Para Júlio, além da CPI, é necessário blindar também o Conselho de Ética e a Comissão de Constituição e Justiça, órgãos da Câmara que podem receber pedidos de investigação contra algum dos parlamentares citados.
Investigação
A reunião desta terça ouviu por mais de seis horas o depoimento do ex-gerente da Petrobras Pedro José Barusco Filho que revelou aos parlamentares detalhes importantes do esquema montado dentro da Petrobras. A decisão de ouvi-lo partiu do requerimento apresentado na semana passado por Júlio Delgado. “Barusco é uma testemunha importante porque participou diretamente de reuniões onde os valores pagos à agentes políticos foram definidos”, explicou.
O parlamentar aproveitou também para reforçar seu pedido de que uma força-tarefa seja montada para ir até Curitiba ouvir os empreiteiros presos na cidade e também o Juiz Federal Sergio Moro responsável pelo processo da Operação Lava-Jato. “Para trazer os presos será preciso todo um aparato policial. Ir ao encontro deles facilitará o nosso trabalho”, defende.