No painel “Economia criativa e inclusão social contra a violência”, nesta sexta-feira (22), três especialistas demonstraram com exemplos práticos de como a economia criativa pode ser aplicada para reduzir o desemprego e a violência.
A geóloga e professora universitária Paula Trujillo explicou, durante o Seminário Internacional sobre Economia Criativa, como Medellín deixou de ser a cidade mais violenta da Colômbia, nos anos 1990, para se tornar a mais inovadora do mundo, título concedido pelo Urban Land Institute.
As chaves da transformação foram o incentivo à criatividade e a inovação: ações de urbanismo, educação, cultura cidadã, construção de parques-bibliotecas, entre outras políticas ajudaram Medellín a implodir com o narcotráfico.
Hoje a economia criativa representa 3,4% do PIB colombiano, percentual que deve aumentar para 7% em 2022, destacou. “Nós cremos que podemos viver dignamente também pela riqueza da cultura”, afirmou.
Paula Trujillo é dirigente da Bodega-Confama, uma HUB de indústrias criativas da Colômbia que oferece serviços de saúde, educação, crédito, recreação e cultura a 4,6 milhões de pessoas.
Para ela, o segredo de transformação da realidade violenta de Medellín, um exemplo excepcional no mundo, é a co-responsabilidade entre setores público e privado.
“A parceria entre governo, câmara de comércio e as instituições sociais é um fenômeno exclusivo e permanente de Medellín”, afirmou.
Charles Siqueira, gestor ambiental e coordenador executivo do Instituto Cultural Pólen, que levou a experiência do Morro dos Prazeres (RJ) no combate à criminalidade por meio de projetos educativos, culturais, esportivos, sociais, ambientais e turísticos.
Ele coordena no bairro, entre outros projetos, a Nave do Conhecimento, que já promoveu 1.908 cursos nas áreas criativas e de empreendedorismo, com 27 mil inscritos e taxa de menos 10% de evasão.
“Impacto social em larga escala não se faz individualmente. Devemos pensar segurança pública pelas pessoas que estão ao redor do equipamento público. Sou a favor do conceito de que os indivíduos atuem para a segurança pública, e não o contrário”, defendeu.
Já o projeto Include cria e monta laboratórios de robótica para aproximar jovens moradores de comunidades carentes da tecnologia.
A iniciativa busca criar condições para que os jovens tenham acesso ao mercado de trabalho depois de participarem do programa e, além disso, para que consigam levar soluções para a própria comunidade usando a tecnologia.
O projeto, coordenado pelo sócio-fundador da Campus Party, Francesco Farruggia, já tem financiamento para construir 100 laboratórios de tecnologia em várias partes do país e pretende chegar a 10 mil em até cinco anos.
“A energia para recuperar o país está na periferia. A garotada faz coisas incríveis, temos resultados incríveis. A criatividade não nasce na zona de conforto, nasce na dificuldade. O menino rico não tem uma cabeça boa para resolver problemas”, defendeu durante o painel.
No programa, os jovens aprendem sobre programação, segurança de rede, impressora 3D, realidade aumentada e virtual, games, entre outros.
“O Brasil foi capaz de criar a Bossa Nova, de ter Oscar Niemeyer. Não podemos entregar esses talentos para o narcotráfico ou para a gravidez precoce”, disse Farruggia.
Assessoria de Comunicação/PSB nacional