Se por um lado os números do Censo da Educação Superior trazem o dado positivo do aumento de 122% de matrículas no ensino superior na última década, por outro confirmam uma realidade preocupante, a baixa procura por cursos destinados à formação de professores.
O Censo foi divulgado na semana passada e revela que, em 2011, o Brasil aumentou em 5,7% as matrículas no ensino superior em relação a 2010. O país também ampliou o acesso à universidade. Hoje as matrículas chegam próximo de 7 milhões. "É o reflexo das políticas públicas que, ao longo dos últimos anos, vêm oportunizando que mais jovens entrem no ensino superior. O Prouni é um exemplo disso. O novo FIES também", avalia o deputado Luiz Noé (PSB-RS), titular da Comissão de Educação e Cultura da Câmara Federal.
O cenário preocupante refere-se às licenciaturas. Os cursos que serão os responsáveis por formar os professores para as próximas gerações não acompanharam a tendência de expansão e ficaram estagnados. O número de possíveis futuros mestres variou apenas 0,1% em relação a 2010. "Entendo que isso se deve a inúmeros fatores, dentre eles a realidade econômica que mudou e faz com que muitos estudantes hoje escolham outras áreas que remunerem melhor e que ofereçam melhores oportunidades. Outra situação que temos com a expansão do ensino superior é a maior oferta de cursos, fazendo com que a demanda diminua em determinadas áreas", analisa Luiz Noé.
O parlamentar avalia que, mediante essa realidade, a valorização do professor se dará em virtude da necessidade, pois a falta de professores e o desinteresse pela área, especialmente em função das questões de remuneração, tende a agravar com o passar dos anos. "Será sim, muito mais do que apenas reconhecimento, uma valorização que se dará pela demanda. É cada vez mais urgente que o poder público pense em alternativas, pois os dados do Censo apenas vêm para confirmar uma situação que já observamos na realidade", diz.
O Censo apontou que o crescimento nas matrículas se concentrou especialmente nos cursos de perfil tecnológico, que registraram aumento de 11,4% na demanda, e de bacharelado, que cresceram 6,4%.