Após a sexta-feira de protestos, no 1º de Maio, centenas de milhares de pessoas voltaram às ruas em todo o país repetindo manifestações contra as reformas trabalhista e da Previdência, propostas pelo governo de Michel Temer.
As principais centrais sindicais e movimentos sociais organizaram atos em diversas capitais – como São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte e Recife – e em outras cidades. Partidários e integrantes de segmentos sociais do PSB participaram dos atos em todo o país.
Oito centrais sindicais divulgaram uma carta conjunta intitulada “A greve de 28 de abril continua”. No documento eles dizem: “Neste 1º de Maio de 2017, Dia do Trabalhador, reafirmamos nosso compromisso de unidade para derrotar as propostas de reforma da Previdência, da reforma trabalhista e da lei que permite a terceirização ilimitada”.
Em São Paulo, mais de um milhão de pessoas participaram das manifestações que se espalharam pela cidade, com atos políticos na Avenida Paulista, na Praça da República, no Sambódromo do Anhembi e na Praça Campo de Bagatelle. Em todas elas, o tema foi um só: os protestos contra as reformas do governo.
Protestos ocorreram também em vários locais de Belo Horizonte. Em Contagem, uma missa que acontece há 41 anos, foi celebrada pelo bispo auxiliar Dom Otacílio Ferreira de Lacerda, e reuniu milhares de pessoas, no bairro Cidade Industrial.
No local da cerimônia, foram espalhadas faixas em oposição às reformas trabalhista e da previdência. Antes da missa, sindicalistas discursaram contra as propostas.
Dom Otacílio Lacerda falou sobre o momento difícil para o trabalhador brasileiro. “O momento é muito delicado. Como se sabe, 13 milhões, caminhando pra mais, de desempregados, a situação social está muito difícil. Nós sentimos isso dentro de nossas comunidades”, afirmou o bispo.
Questionado pela agência Brasil sobre as reformas, ele afirmou que “não podem ser feitas com imposição de decretos e abolição de direitos já conquistados”. Em março, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) já havia se manifestado contra a reforma da Previdência.
No Rio de Janeiro, manifestantes fizeram uma encenação simbolizando o enterro do presidente Michel Temer, na Cinelândia. Dançaram forró e agitaram bandeiras de centrais sindicais, partidos de esquerda e do movimento estudantil. A praça estava cheia, com pessoas ocupando as escadarias da Câmara dos Vereadores e do Teatro Municipal.
Durante o ato político, o secretário-geral do Sindicalismo Socialista Brasileiro (SSB), Joilson Cardoso, lembrou a ação violenta da Polícia Militar contra milhares de pessoas que participavam pacificamente de uma manifestação na sexta-feira passada, citou o ex-presidente do PSB Miguel Arraes e criticou as reformas da previdência e trabalhista.
“Miguel Arraes, nosso líder, dizia que só tinha duas mãos e um sentimento do mundo. Pois o sentimento que nos move neste 1º de maio é um sentimento de revolta contra os ataques aos direitos dos trabalhadores ocorridos no Congresso Nacional”, afirmou.
O líder sindical prosseguiu, defendendo a luta contra as mudanças e destacando a importância da unidade do povo. “A luta continuará contra a reforma da Previdência, contra a retirada de direitos. Mas essa luta só será vitoriosa se nós conseguirmos unir o povo brasileiro, este povo que é aviltado no seu direito, no direito de ter um país soberano e livre”, discursou.
No dia da greve geral, policiais usaram bombas de efeito moral e de gás lacrimogênio e cacetetes para dispersar a multidão que se concentrava na praça.
No Recife, milhares de pessoas retornaram às ruas para defender os direitos trabalhistas e a previdência social. Os manifestantes se reuniram desde o começo da manhã na Praça Oswaldo Cruz, no bairro da Boa Vista, e saíram em caminhada em direção à Praça do Derby.
O coordenador nacional da Pastoral Carcerária, padre Valdir João Silveira, que participou da manifestação, as mudanças das reformas prejudicam o trabalhador e tornará mais díficil a resinserção de presos no mercado de trabalho.
“Nós já temos grande dificuldade da pessoa, quando presa, ao sair conseguir emprego. E também da aposentadoria, quando saem já com certa idade. Então vai dificultar muito mais a assistência à pessoa presa e ao trabalho. Se já são vulneráveis no mercado de trabalho, com esta medida não vão ter possibilidade de se encaixar. E nenhum vai conseguir se aposentar”, disse o padre Valdir, acrescentando que isso pode impactar os índices de criminalidades. “Não é que pode ser. É um passo concreto. É matemático o resultado”, disse ao ser questionado pela reportagem da Agência Brasil.
Em Porto Alegre, integrantes de centrais sindicais, partidos de esquerda e trabalhadores se concentraram no Parque da Redenção, para a manifestação que foi batizada de 1º de Maio da Resistência.
Durante a manifestação, o vice-presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Vicente Selistre, defendeu a mobilização popular para evitar a aprovação das reformas da previdência e trabalhista.
“Todos nós trazemos para o Brasil um grito de mudança radical do comportamento, de sair para a rua contra as reformas. Nós temos que fazer com que todos tenham consciência de que o grande rombo não é causado pelos valores pagos para os trabalhadores e para os aposentados, o grande rombo é produzido pelos banqueiros e especuladores, que é muito maior e que nunca é falado”, afirmou Selistre.
O líder sindical disse que é preciso permanecer em “vigília” contra as reformas. “A greve não foi decretada como sendo por tempo indeterminado. Mas no nosso sentimento, no nosso coração, nós temos que permanecer em vigília, todos os dias, nas escolas, nas fábricas, nas ruas, nas garagens, até que decretemos, se necessário, uma greve geral por tempo indeterminado. Vamos continuar em vigília, vamos continuar nas ruas para impedir que tirem nossos direitos”, convocou o sindicalista.
Assessoria de Comunicação/PSB Nacional