Em entrevista à rádio CBN nesta segunda-feira (22), o ex-prefeito de Campinas e atual presidente da Frente Nacional de Prefeitos, Jonas Donizette (PSB) cobrou um ‘calendário confiável’ e uma responsabilização maior do Ministério da Saúde e do Governo Federal nas ações de combate ao covid-19. Ele afirmou que “um agente público não pode falar uma coisa hoje e ‘desfalar’ daqui a dois ou três dias’, e ressaltou que o temperamento do Presidente da República ‘é muito instável e tudo que a gente não precisa neste momento é de instabilidade’.
Em relação ao novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, Jonas Donizette disse que a fala dele, a de que irá continuar a política adotada pelo governo Bolsonaro, é preocupante. “O Pazuello pagou o pato que parte era dele, e parte não era. Ele falou claramente que cumpre ordens. Por várias vezes, tomou medidas corretas e voltou atrás porque o presidente mandou”, criticou Donizette.
“O Marcelo Queiroga assumiu agora, e me preocupa a fala dele. Ele assumiu dizendo que vai continuar com a política de Bolsonaro. Que é uma política errada. O temperamento dele [Bolsonaro] é muito instável. Ele vai numa direção e, de uma hora pra outra, vai para outra. E tudo que a gente não precisa nesse momento é de instabilidade”, afirmou Donizette.
A Frente Nacional de Prefeitos (FNP) instalou oficialmente, nesta segunda-feira (22), o Conectar, Consórcio Nacional de Vacinas das Cidades Brasileiras. Com a morosidade do Plano Nacional de Imunização, a meta do grupo é negociar e comprar vacinas pelo mundo. O consórcio, com adesão de 1,7 mil cidades até o momento, podendo chegar até 2,6 mil, também atuará na compra de equipamentos e medicamentos.
A compra de vacinas contra a Covid-19, porém, não deverá ser feita com recursos municipais. Na entrevista, Donizette disse que o consórcio vai usar recursos federais na aquisição. “Nossa primeira meta é comprar mais vacinas. Pazuello disse que toda vacina que conseguirmos, o governo federal garantirá o pagamento. Temos o objetivo claro de antecipar algumas vacinas mostrando ao mundo a situação perigosa que o Brasil vive”, destacou.
O consórcio estendeu também seu escopo de atuação à compra de medicamentos, dentre eles, os remédios para a intubação de pacientes críticos, que começa a faltar nos hospitais públicos e privados do país. Um ofício do Conselho Nacional de Saúde (CNS) aponta que o Ministério da Saúde cancelou, em agosto de 2020, uma compra internacional de medicamentos para o chamado kit entubação.
“O Ministério da Saúde deixou de comprar em agosto do ano passado porque estava um pouco mais caro. Agora, temos medicamentos que estão custando 10 vezes mais caro. Então, uma ação governamental pode regular preços. Em um momento como esse, o quanto antes se fizer aquisição daquilo que precisa e estocar, é o mais garantido. E tem que haver uma compreensão dos órgãos de controle, porque o medicamento no mundo é encarado como uma mercadoria”, disse Donizette.
Jonas Donizette destacou ainda que, entre os avanços após o anúncio do consórcio, está a autorização do Ministério da Saúde para liberar o uso de vacinas reservadas para aplicação da segunda dose. Ele explicou que a recomendação será usar 90% das doses para a primeira dose e guardar 10%, por uma questão de logística. Autoridades médicas da Opas/OMS disseram à Frente Nacional de Prefeitos que a primeira dose já gera uma imunização que pode ajudar a diminuir a ocupação de leitos de UTI.
Donizette comentou ainda sobre as ações de alguns municípios para complementar o auxílio emergencial. “Várias prefeituras, como São Paulo e Campinas, estão com ações para complementar o auxílio emergencial. Em Campinas, o atual prefeito criou o Campinas Sem Fome. Na minha administração, eu criei o Cartão Nutrir, que foi uma base de sustentação para as pessoas e de movimentação da Economia”, afirmou.
“Agora temos a realidade de prefeituras muito pobres. Mesmo que o prefeito queira, principalmente em um momento difícil como esse, não há orçamento muitas vezes pra se fazer um programa de apoio na parte social”, disse.
Assessoria de Comunicação/PSB nacional com informações da Rádio CBN