A advogada Josefina Serra dos Santos, 59, mais conhecida como Doutora Jô, filiou-se ao PSB no fim do ano passado, em uma cerimônia na sede nacional, em Brasília. Pré-candidata a deputada distrital, ela atua na defesa da igualdade racial no Distrito Federal, sendo conselheira e vice-presidente da Comissão de Igualdade Racial, além de diretora de Igualdade Racial e Social da OAB/DF.
Nascida em um quilombo no interior do Maranhão, sofreu desde cedo os efeitos da discriminação e da desigualdade social. Trabalhou como empregada doméstica dos seis aos 22 anos de idade, mas a educação mudou sua vida. Formou-se em Direito e, desde então, atua na defesa intransigente dos direitos humanos e na inclusão social da população negra.
Descendente de escravos, filha de um agricultor e de uma quebradeira de coco-babaçu, Doutora Jô foi a primeira secretária de igualdade racial do DF. Iniciou trajetória política no Movimento Negro Unificado – MNU, ainda na década de 80, onde desenvolveu projetos de capacitação e formação de jovens negras e negros no campo da estética.
“Infelizmente, muitas mulheres estão na mesma situação que eu estive, mas, mesmo com muitos empecilhos e falta de oportunidades, não podemos desistir. Se tem uma coisa que não tem espaço na minha vida é a desistência”, destaca.
Confira a entrevista:
O que a trouxe para o PSB?
Eu conheci o PSB através da Valneide (secretária nacional da Negritude Socialista Brasileira). Ela me apresentou a deputada Cristina Almeida (AP). Fui convidada a conhecer o trabalho maravilhoso que é feito pela deputada Cristina em seu Estado. Isso faz mais de dez anos. Ou seja, sempre acompanhei o trabalho que o partido realiza em prol da negritude, principalmente, para as mulheres e a juventude negra, oferecendo oportunidades através da educação e do trabalho. Por isso, vim para o PSB por me sentir incluída.
Quais as causas pelas quais você luta?
Sempre lutei principalmente por oportunidades na educação, pois a educação muda vidas. Foi por meio da educação que consegui mudar de vida. Sou advogada popular e trabalho para orientar e levar a justiça às pessoas que vivem em situação de vulnerabilidade. Sou advogada popular para dizer a essas pessoas que elas têm o direito de ter direito.
O que significa ser socialista no tempo presente?
Essa pergunta é muito difícil, pois, nunca vivi e não vivo num país socialista. Vivo num país que manda quem tem dinheiro e obedece quem não tem. Sou quilombola, filha de quebradeira de coco de babaçu, ex-empregada doméstica e hoje sou advogada. Fui a primeira secretária de igualdade racial da capital do meu país. Infelizmente, muitas mulheres estão na mesma situação que eu estive, mas, mesmo com muitos empecilhos e falta de oportunidades, a gente não pode desistir. Se tem uma coisa que não tem espaço na minha vida é a desistência.
Qual é o país com o qual você sonha?
Um país em que um dia os professores não precisem mais ficar se humilhando e fazendo greves para conseguirem seus direitos, um país onde os professores sejam respeitados por todos. Aí o povo mudará e consequentemente o país.
Assessoria de Comunicação/PSB nacional