O governador de Pernambuco e presidente Nacional do Partido Socialista Brasileiro (PSB), Eduardo Campos, esteve reunido nesta quinta-feira (18), em Recife (PE), com deputados e senadores da sigla. O objetivo do encontro foi apresentar um balanço do trabalho realizado pelos parlamentares no primeiro semestre de 2013 e definir a pauta para os próximos meses do ano.
Após o encontro, o governador conversou com jornalistas. Confira abaixo a entrevista:
Governador, como o senhor vê a atuação da bancada socialista no Congresso Nacional neste primeiro semestre de 2013?
EDUARDO CAMPOS: Eu acredito que é um momento da direção reconhecer o papel da nossa bancada no crescimento partidário. A gente teve um bom desempenho nesse semestre com a bancada, tanto no Senado como na Câmara. Passamos a intervir em temas centrais no debate que o Brasil viveu e vive. Vários projetos de parlamentares socialistas foram agora pauta quando as ruas pediram uma ação diferenciada do Congresso Nacional e percebemos que uma série de projetos que foram observados e exigidos nas ruas é de iniciativa de nossos parlamentares. E agora temos que seguir, cuidando do semestre vindouro que será um semestre muito importante para o futuro do Brasil.
Alguns deputados e senadores disseram, após a reunião, que o senhor não afirmou ser candidato ou não à presidência de 2014. É possível então, atrair mais alianças, mais políticos para o PSB para uma eventual 2014?
Essas decisões vão ser tomadas em 2014. Não tem nenhuma novidade. Nós temos ai 60 dias importantes para tratar de filiações. A agenda deve ser muito mais de construção da chapa proporcional nos estados, onde os parlamentares devem, na verdade, se concentrar. Vamos ajudar o Brasil, ajudar nesse segundo semestre a destravar uma série de projetos que ficaram ainda da pauta selecionada pelas ruas, ajudar no debate dos outros pactos, inclusive foi proposto pela própria presidente a questão da saúde. Vamos melhorar o financiamento da saúde, é uma pauta real, do mundo real.
Sobre o último documento oficial, que a Direção Nacional do Partido divulgou, que fala muito sobre política, mas também trata da economia brasileira, a informação que tivemos era que essa reunião seria já para vocês organizarem as propostas econômicas a serem entregues à presidente, houve mesmo isso?
Houve sim. Houve um debate meu com o Ciro Gomes há uns 60 dias em que nós trocamos algumas impressões sobre a questão da economia. E nós, a Fundação João Mangabeira está encarregada de estruturar um debate que já começa a ser feito com uma série de pessoas, das mais diversas visões, para que a gente possa amadurecer um documento de referencia para nossa militância e que a gente também deseja oferecer ao governo como nossa contribuição sobre esse momento, nosso olhar sobre a economia e sobre o futuro do Brasil.
Qual é a orientação do senhor para a bancada socialista a respeito da postura que devem tomar daqui para frente. Continuam acompanhando e apoiando as votações do governo?
A bancada é orientada pelo seu próprio fórum, pelos seus líderes, pelo debate que faz. Na verdade nós tivemos uma conversa muito mais ampla do que uma questão só de pauta no Congresso Nacional. A nossa posição não se alterou hora nenhuma, sempre ajudamos o governo nas votações que são importantes para o Brasil. Nas questões que discordamos, temos liberdade para marcar posição e não votar, mas naquelas que entendemos que é fundamental para o Brasil, fundamental para governabilidade, o PSB vai seguir ajudando, sempre foi assim.
Faz tempo que o Partido vem falando sobre a economia no Brasil. O senhor acha que neste primeiro semestre de 2013 o governo ouviu alguma sugestão do PSB?
Nós queremos fazer nossa contribuição de fundo, de conteúdo de quem torce para que o Brasil dê certo. Nós queremos torcer a favor do Brasil. Nós queremos que o Brasil retome o crescimento, nós não queremos ver o ano de 2013 perdido, isso não serve ao povo brasileiro. Então, a nossa aposta é que o Brasil possa melhorar, possa não perder o ano de 2013 e se a gente quer dessa maneira, não vamos fazer da velha política, a política da pegadinha, do constrangimento, vamos fazer a política que carrega conteúdo, preocupações, a nossa posição clara, cada um dos pactos, nosso olhar para a economia. Quanto ao pacto da saúde nós temos uma posição clara, tem que financiar mais. Eu não estou dizendo isso agora, eu defendi, ainda no segundo governo do ex-presidente Lula, a CPMF que mostrava um subfinanciamento. Depois falei de financiamento da saúde o ano inteiro de 2011 e 2012.
Sobre a saúde, o senhor é a favor desse programa lançado pelo governo federal, de médicos vindos do exterior?
É claro que a gente precisa de mais médicos, mas é claro que a gente devia ter feito esse debate não se radicalizar como aconteceu. No entanto, tem uma questão central que é formar mais médicos no interior.
Nós fizemos a nossa parte, abrimos uma faculdade de medicina em Garanhuns e outra em Serra Talhada, com grande esforço, não é simples fazer isso, não é singelo, senão já tinha sido feito. Aqui no Recife tem uma faculdade de medicina há mais de 60 anos e nunca teve uma no interior. A gente tem que formar gente nas áreas que estão precisando mais de médicos, formar daqui do Brasil, porque quando a gente está precisando trazer algo de fora é porque alguma coisa não funcionou lá atrás. Ou seja, só ir buscar lá fora não é o caso.
A sociedade está com uma nova agenda e o PSB já estava atento a isso. Em sua opinião, o PSB vai sair fortalecido de toda essa turbulência?
Não, eu acho que é prematuro dizer quem é que sai fortalecido, eu espero que a democracia e o Brasil saiam fortalecidos. Essa é a primeira expectativa. Esse processo ainda está em curso, e o que eu disse e vocês são testemunhas, a imprensa é testemunha disso, é que o PSB já tinha levantando essas questões. Nós colocamos um programa no ar sobre desoneração de passagem ônibus. Nós colocamos um programa no ar falando, está desonerando carro, porque não desonera passagem de ônibus? Porque numa passagem de ônibus tem mais imposto que na passagem de avião? Nós falamos isso. Depois, nós falamos da questão da mobilidade, do desenvolvimento urbano brasileiro.
No nosso programa partidário, veiculado no dia 25 de abril, dissemos que dentro desse Brasil que mudou tem um Brasil querendo mais. E as pessoas foram pra rua para dizer o que? Que queriam mais e disseram o que queriam mais. Ou seja, isso é sinal de que a gente estava sintonizado, outro sinal, dito pela própria bancada, é o crescimento do PSB. O partido vem crescendo, com certeza porque estava sintonizado com os anseios da sociedade. Agora o desafio, qual é? É seguir interpretando essa energia, é poder estar à altura desse momento, é aprender com a rua, é corrigir rumos, é corrigir atitudes, ter humildade e reconhecer que a política errou, uns erraram mais outros erraram menos, os que erraram menos estão mais próximos de voltarem a ter link com o que está na rua.