O presidente Nacional do PSB e candidato à Presidência da República pela coligação Unidos Pelo Brasil, Eduardo Campos, e sua candidata a vice, Marina Silva, inauguraram sua campanha na comunidade do Sol Nascente, em Brasília. Acompanhados pelo senador Rodrigo Rollemberg (PSB), candidato ao governo do Distrito Federal; pelo deputado Antônio Reguffe (PDT), candidato ao Senado e outros dirigentes do PSB, da Rede e dos partidos da aliança, os dois candidatos percorreram a comunidade, conversaram com moradores, comerciantes e pequenos empreendedores da região para conhecer suas preocupações e expectativas diante de um novo governo. A coligação Unidos pelo Brasil é integrada também pelo PPS, PPL, PRP, PHS e PSL. “Não se pode admitir que a 35 km do Palácio do Planalto, num Estado governado pelo mesmo partido, você ande pelas ruas de uma comunidade em que sequer o lixo é retirado das ruas”, disse Eduardo. “Uma força política que governa Brasília, e tem o governo do Distrito Federal, mas não consegue tirar o lixo do meio da rua das comunidades pobres não deveria nem disputar a eleição”, frisou. “Deveria ter a humildade de dizer: olha eu fracassei, não consegui fazer as entregas”.
Localizada no entorno de Brasília, na cidade satélite de Ceilândia, a comunidade do Sol Nascente foi escolhida pela coligação exatamente por traduzir a dicotomia entre o "Brasil real" e o "Brasil oficial" apontado pelos candidatos, que têm defendido uma aproximação entre as realidades do Brasil. “Brasília é o ponto de partida de nossa caminhada e haverá de ser o ponto de chagada”, disse Marina Silva. “Uma coisa importante é que nós queremos basear nossa campanha em uma carta dos brasileiros e aqui nós temos uma visão do que é isso: a ausência do serviço público de qualidade na segurança, na educação, no serviço de esgoto, na ausência dos serviços públicos dentro de uma cidade que fica a poucos quilômetros de Brasília”, acrescentou. “E ao mesmo tempo, a gente percebe o quanto a comunidade tem necessidade de mostrar que sobrevive a partir de seus próprios esforços. Se tiver ajuda do poder publico, toda a sua vida pode melhorar”, frisou.
Eduardo e Marina foram bem recebidos pela população e prometeram voltar, quando eleitos, para definir um programa de ação que corrija as mazelas da região. Muitos moradores, que conversaram com os candidatos em suas casas, apontaram a falta de segurança e de escolas como problemas importantes da comunidade. Comerciantes e pequenos empreendedores informaram que já sentem o peso da inflação, que tem comprometido seus ganhos. “Nós conversamos com alguns comerciantes e fomos ver a questão dos preços. Tanto o pessoal que estava vendendo verduras, quanto os que estavam vendendo outros produtos, todos eles são unânimes: estavam indo à feira do produtor buscar os produtos e há alguns meses já sentiam que o dinheiro que levavam não dava para comprar a mesma quantidade. E quando chegavam, tinham de ter muito cuidado para fazer as contas senão o que apuravam vendendo não dava para pagar o que eles tinham comprador”, comentou Eduardo. “Tudo o que nós não precisamos no Brasil é descuidar da inflação e esse governo descuidou da inflação. Nós temos que conter a inflação por que ela corrói os recursos, a renda, sobretudo dos mais pobres”.
Símbolo da favelização do Distrito Federal, a comunidade do Sol Nascente foi criada em 2008 e é formada, na maior parte, por imóveis ainda em situação irregular. “Viemos para ajudar, para servir”, avisou o senador Rodrigo Rollemberg (PSB), candidato da coligação Somos Todos Brasília ao GDF. “Nós queremos governar junto com vocês, conhecendo os problemas de vocês, para melhorar a vida da população”, destacou. “Nós temos o desafio de construir uma nova forma de fazer política”, disse Reguffe. “Uma política mais limpa, mais decente e que cuide das prioridades da população”, avisou, frisando que Eduardo e Marina são os líderes ideais para esse processo de renovação do país.
COMUNIDADE RETRATA AS MAZELAS DO BRASIL
Em 2013, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Sol Nascente tornou-se a maior comunidade da América Latina, deixando para trás a favela da Rocinha, no Rio de Janeiro. Ultrapassou o contingente de 70 mil habitantes – quando considerados os moradores do Pôr do Sol, condomínio que faz parte do complexo, esse número chega a 78,9 mil pessoas. Em 2010, eram 56 mil moradores. Estimativa dos próprios moradores indica que a população ultrapassa 100 mil pessoas, diferença decorrente do compartilhamento das moradias por mais de uma família, que os órgãos públicos têm dificuldade para aferir.
Encravada na cidade de Ceilândia, a Sol Nascente registra os piores indicadores de infraestrutura de toda a capital federal. Segundo a Codeplan, órgão do Governo do Distrito Federal (GDF), apenas 6,1% das moradias são ligadas à rede de esgoto; a coleta de lixo atende menos da metade de sua população e 94% das ruas ainda não foram pavimentadas. Quase a metade dos moradores é de imigrantes, cuja grande maioria veio do Nordeste, sobretudo do Maranhão e Piauí. A população da Sol Nascente também convive de perto com a violência: Ceilândia registrou 23% dos assassinatos e 20% dos roubos do DF em 2013.