Em entrevista ao jornalista Marcelo de Moraes, do jornal O Estado de S. Paulo, o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira afirmou que uma eventual reeleição de Jair Bolsonaro nas eleições deste ano vai significar “o fim definitivo da democracia brasileira”. Leia a íntegra da matéria publicada na terça-feira (26) no Broadcast Político, plataforma de análises e notícias exclusivas do veículo.
‘Eleição será entre democracia e autoritarismo’, diz Siqueira
Marcelo de Moraes, O Estado de S. Paulo
O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, não tem dúvidas em definir como “histórica” a aliança feita pelo seu partido com o PT em torno da candidatura presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva, com Geraldo Alckmin de vice. Em entrevista ao Jogo Político, ele afirma que uma eventual reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL) “significaria, seguramente, o fim definitivo da democracia brasileira”.
“A aliança PSB-PT no plano nacional, junto com os demais partidos que integram esse acordo, é muito importante. É uma aliança histórica, que tem um objetivo claro, que é derrotar Jair Bolsonaro, que é derrotar o fascismo”, diz o dirigente socialista.
Para Siqueira, a filiação de Alckmin ao PSB ajudou justamente a encorpar é ampliar esse projeto para enfrentar a candidatura de Bolsonaro à reeleição.
“A vinda do Geraldo Alckmin para o PSB, essa figura que é caracterizada pela honradez na sua atividade política, pela discrição, mas também pela sua capacidade de articulação, é extremamente significativa para nosso partido e para o País. Porque ele vai ajudar a derrotar o autoritarismo. Que é o que estamos disputando. Não é uma eleição entre esquerda e direita. É uma eleição entre democracia e autoritarismo. A reeleição de Bolsonaro significaria, seguramente, o fim definitivo da democracia brasileira”, afirma.
Para Siqueira, a vitória de Bolsonaro em 2018 “foi uma derrota de todo o sistema político brasileiro”.
“Não foi uma derrota apenas do Fernando Haddad e do PT. Se fosse só contra o PT, teria uma explicação. Era uma raiva do PT, seja lá o que for, ainda que injustamente. Mas se o eleitor não quisesse o PT, tinha Alckmin. Se não quisesse Alckmin, tinha Henrique Meirelles. Se não quisesse Meirelles, tinha Marina Silva. Se não quisesse Marina, tinha Ciro Gomes. Tinha várias opções. O eleitor brasileiro, em sua grande maioria, derrotou o sistema político brasileiro. E disse: não estamos satisfeitos com a classe política. E queriam votar num candidato outsider”, avalia Siqueira. “Foi por isso que tentamos lançar o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa, que acabou desistindo”, lembrou.
“É preciso que esse recado seja relembrado pela classe política brasileira”, destaca o presidente do PSB. “Para que ela faça uma reflexão que não é preciso apenas ganhar a eleição. É preciso reconstruir a democracia, que ela, a própria classe política, ajudou a destruir”, diz.
Na visão de Siqueira, isso se faz promovendo uma ampla reforma política. “Com redução drástica do número de partidos políticos”, acredita. “Tendo partidos mais ideológicos e programaticamente bem definidos. Partidos não podem ser apenas um ajuntamento de pessoas para fazer da política um negócio”, afirma.
Siqueira diz que não é difícil imaginar as consequências políticas caso Bolsonaro consiga um novo mandato presidencial.
“Ele é um homem que nunca negou a ninguém que é contra a democracia. Ele jamais elogiou as virtudes democráticas. Não dá para imaginar que, no caso de reeleição, isso possa significar algum tipo de progresso do ponto de vista da liberdade e da democracia. Obviamente que se ele for reeleito, e nós esperamos e trabalhamos duro para que não seja, isso significaria um cheque em branco para que ele possa aprofundar o retrocesso do ponto de vista da política econômica e, sobretudo, do ponto de vista institucional e democrático. Por isso, ele representa um perigo para a possibilidade de restauração da plenitude democrática”, explica Siqueira.