Pré-candidato à presidência da República, o ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB/PE), apresentou a empresários do LIDE – Grupo de Líderes Empresariais – nesta segunda-feira (28), em São Paulo, seu programa de governo, dividido em cinco eixos temáticos, durante o segundo Almoço-Debate do ano, evento que registrou recorde histórico de 525 empresários presentes.
O encontro, realizado no Hotel Grand Hyatt, é promovido pelo LIDE, presidido pelo empresário João Doria Jr. Ao lado de Eduardo Campos estava e ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (PSB/AC), que também respondeu a perguntas dos participantes.
Campos comentou sobre as crises políticas e econômicas internacionais, que se estenderam até 2010 e atrapalharam os debates das últimas eleições presidenciais. “O Brasil pegou o caminho errado e agora é hora de retomar o caminho certo. Existe uma crise política que demanda um novo pacto social, que tem que ser gerido por uma nova política”, afirmou.
O candidato considera que este é o momento de construir um Brasil sem preconceitos à livre iniciativa e ao lucro, mas também que preze a sustentabilidade, a educação de qualidade, o atendimento à saúde – itens importantes que podem efetivamente mudar a vida brasileira. Dois desafios se colocam, um que dialogue com a economia, focado na produtividade, outro que dialogue com a sociedade e elimine a insegurança e o medo que assola a população em diversas cidades brasileiras.
“Não é momento de discutir os interesses de um ou de outro partido, mas de uma nova agenda para o País”, disse Campos, ressaltando que pretende preservar as conquistas que tivemos nos últimos 30 anos, não importando a que partido elas sejam atribuídas.
O candidato falou ainda sobre ter uma governança responsável, manter o tripé econômico, eliminar o ambiente hostil ao investidor, ampliar a inserção do Brasil no cenário internacional, ter clareza de que as despesas não podem crescer mais do que as receitas e também sobre uma revisão da quantidade de ministérios. A meta de sua equipe é chegar a 2018 com crescimento de 4% do PIB. Também falou sobre a necessidade de se fazer uma reforma tributária, que não acontecerá da noite para o dia, mas que deverá ser fatiada e com metas bem definidas. Desta forma, acredita que “em uma década poderemos entregar um novo e efetivo sistema tributário para o País”.
Bolsa família
“É preciso ter a consciência de que essa é uma importante conquista de uma luta conjunta, à qual somos favoráveis”, respondeu Campos quando perguntado sobre a continuidade do programa. O que o bolsa família precisa, em sua opinião, é dar condições para que diminua o contingente de pessoas que necessitam do benefício, com um conjunto de políticas favoráveis de terceira geração, com educação e qualificação da mão de obra.
Geração de energia
Marina Silva discorreu sobre a questão da produção de energia elétrica no País. “É inadmissível ter crise de energia num país como o Brasil, que dispõe de um enorme potencial a partir de diversas fontes limpas, como a solar e a eólica”, disse. Ela afirmou ainda que é totalmente viável sair de uma matriz energética suja para uma matriz limpa, considerando a viabilidade econômica, social e ambiental dos novos projetos. O que falta, segundo ela, é um planejamento energético que considere a matriz energética brasileira de outras formas, uma visão estratégica para projetar não apenas a produção, mas também a eficiência, uma vez que hoje perdemos cerca de 30% do que é produzido. “É um absurdo, em meio a tantos recursos, vivermos à beira de um apagão”, completou.
Pesquisa Clima Empresarial
A 94ª edição da pesquisa de Clima Empresarial LIDE-FGV trouxe o pior índice em 11 anos – 3,8 – o que demonstra a insatisfação do empresariado com os rumos da economia brasileira. O governo continua muito mal avaliado. Nos âmbitos federal e municipal, os números estão perto do pior índice histórico registrado, com avaliação 1,4 e 2,2, respectivamente. O mesmo ocorreu no quesito “situação atual dos negócios”, em que apenas 25% dos participantes acham que o cenário está melhor. Com relação a empregos o saldo foi zero, o que é bastante preocupante, na opinião do professor Fernando Meirelles, responsável pela pesquisa. “Isso significa que geração de empregos terá problemas no curto prazo”, afirma.
A carga tributária continua elevada no fator que impede o crescimento das empresas e quase um terço dos presentes respondeu que sua maior preocupação é o cenário político. A previsão para 2014, no entanto, está melhor, com 85% dos empresários presentes afirmando que a receita do ano deve ficar igual ou melhor do que em 2013. Na pergunta sobre quem vai ganhar a eleição para governador de São Paulo, Alckmin permanece como aposta da grande maioria (85%). Já para a presidência, Dilma Rousseff agora está com apenas 18% e Eduardo Campos ganhou espaço (28%).
SOBRE O LIDE – Fundado em junho de 2003, o LIDE – Grupo de Líderes Empresariais possui dez anos de atuação. Atualmente tem 1.620 empresas filiadas (com as unidades regionais e internacionais), que representam 52% do PIB privado brasileiro. O objetivo do Grupo é difundir e fortalecer os princípios éticos de governança corporativa no Brasil, promover e incentivar as relações empresariais e sensibilizar o apoio privado para educação, sustentabilidade e programas comunitários. Para isso, são realizados inúmeros eventos ao longo do ano, promovendo a integração entre empresas, organizações, entidades privadas e representantes do poder público, por meio de debates, seminários e fóruns de negócios.