O Portal do PSB segue com a série de artigos do cientista político e doutor em Relações Internacionais Adriano Sandri. Neles, Sandri analisa a questão democrática, as eleições de 2022, o socialismo, o programa partidário, os desafios do país, a crise das instituições e, ao final, apresenta uma “Carta do povo brasileiro em defesa da democracia”. O primeiro artigo foi publicado na quinta-feira, 1/9.
Leia o terceiro texto:
Quem ganha as eleições? O primeiro critério normalmente utilizado é constatar quem foi eleito, quantos cargos cada partido vai ocupar. Processo eleitoral é para eleger representantes.
Para nós, socialistas, é muito pouco. Processo eleitoral revela o amadurecimento ou retrocesso da consciência política do eleitorado.
Nas eleições de 2018 ficou claro que o eleitorado cresceu na desconfiança sobre o sistema político em geral e queria um “salvador da pátria”, como já tinha acontecido mais de uma vez nos últimos cem anos.
A desconfiança tinha respaldo na realidade: desde que a liderança de esquerda, que ganhou em 2002 sob uma proposta ética de governar com transparência, admitiu, em 2003, que ‘todo mundo ganha e governa no sistema de corrupção’, foram inúmeras as provas de corrupção institucionalizadas no sistema político.
Permanece a questão da corrupção no âmbito político institucional, hoje muito evidente no sistema do ‘orçamento secreto, que reflete um problema bem mais profundo na cultura socioeconômica nacional. A temática da corrupção parece menos central neste pleito eleitoral.
O que, então, deve ser critério para debater e avaliar quem ganhará este pleito eleitoral?
Levanto alguns critérios para pensar nossas campanhas eleitorais como socialistas:
– o eleitorado que se afasta do voto plebiscitário, o voto ‘contra’, e vota pela democracia;
– o eleitorado que revela determinação de participação política organizada;
– o eleitorado que manifesta interesse pelo enfrentamento da miséria e pobreza, das injustiças sociais, das discriminações, da temática socioambiental.
É possível fazer esta avaliação? Sim, e desde já, por exemplo contabilizando o crescimento de candidaturas viáveis de mulheres, da negritude, de pessoas com deficiência, de indígenas, jovens, trabalhadores assalariados, das pessoas socialmente discriminadas por suas posições diferenciadas. Isso pode nos revelar o quanto nossos partidos evoluíram de fato na representação do eleitorado.
(Amanhã será publicado o quarto e último texto da série O socialismo e as eleições de 2022)