O deputado federal cearense Odorico Monteiro assinou ficha de filiação ao PSB, nesta terça-feira (23), em Brasília, em um ato com a presença do presidente nacional do partido, Carlos Siqueira, do secretário-geral Renato Casagrande, de parlamentares e representantes de segmentos sociais.
Com pós-doutorado na área da medicina e larga experiência em gestão pública de saúde, Monteiro foi um dos responsáveis pela implantação do Programa Mais Médicos no governo federal. Natural de Arneiroz (CE), o parlamentar assumirá a presidência estadual do PSB.
Durante o evento, Carlos Siqueira destacou a trajetória política do deputado no campo da esquerda e afirmou que seu ingresso no PSB reforça a linha política histórica do partido na luta pela defesa dos direitos sociais.
“O deputado federal Odorico Monteiro tem uma trajetória bastante rica politicamente, de formação política sólida no campo da esquerda. Vem das fileiras do histórico Partido Comunista Brasileiro, do qual também tenho orgulho de ter pertencido na minha juventude, e vem realçar ainda mais a sua trajetória no PSB”, declarou.
Segundo Carlos Siqueira, no momento em que o país vivencia diversas crises na política, na economia e no campo da ética, Monteiro reforçará o posicionamento do partido que passa por um momento de ajustes.
“Esse ajuste de posições para nos situarmos à altura do momento que vive o Brasil é muito importante, fundamental, estou seguro de que a sua presença no partido vem reforçar essa linha política que queremos consolidar e torná-la hegemônica, para que nós possamos também, de fato, exercer um protagonismo no longo e no médio prazo como o Brasil exige”, afirmou o presidente do PSB, em sua saudação ao novo filiado.
Estiveram presentes ao ato de filiação os deputados federais Janete Capiberibe (AP), Bebeto Galvão (BA), Heitor Schuch (RS), José Stédile (RS) e João Henrique Caldas (AL), além do vice-presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Vicente Selistre, e da secretária nacional da Negritude Socialista Brasileira (NSB), Valneide Nascimento.
Trajetória política
Odorico Monteiro contou que iniciou sua trajetória política no movimento estudantil, no sertão do Ceará. Influenciado pelo marxismo, ingressou nas fileiras do Partido Comunista Brasileiro (PCB). Por mais de 20 anos, atuou como secretário de saúde em vários municípios do Estado. Como secretário de Gestão Estratégica e Participativa do Ministério da Saúde, trabalhou pela criação do Programa Mais Médicos.
“Ter implantado no Brasil o Mais Médicos foi o coroamento da minha militância, aí resolvi ser candidato e recebi a generosidade de 120 mil cearenses. E o destino quis que eu viesse hoje para o PSB”, afirmou.
Odorico disse que se sente feliz em ingressar em um partido histórico e fundado com os ideais de democracia e liberdade. “O PSB nasceu da crítica ao stalinismo, na perspectiva de que o socialismo não é necessariamente ligado à ditadura do proletariado. É socialismo com democracia, com liberdade. Então eu fico muito feliz, e acho que o destino quis construir para mim essa oportunidade, sei que a tarefa é muito grande”, afirmou.
O deputado defendeu a reforma política e criticou as reformas trabalhista e previdenciária. Para Monteiro, a crise atual na política demonstra a ausência de legitimidade dos parlamentares em votar as reformas. O parlamentar avaliou ainda que há “um vício de origem” nas propostas de reformas, pelo fato de elas não terem sido debatidas com a sociedade.
“Além das questões de fundo em que os direitos dos trabalhadores brasileiros são retirados nas propostas de reforma, eu acho que há um vício de origem, acima de tudo. O vício de origem está em fazer reformas importantes como essas sem discutir com a sociedade. Precisamos fazer um esforço porque esta agenda está deslocada, e nenhum deputado ou partido discute isso com a sociedade brasileira. Não temos legitimidade para votar essas reformas que estão aí”, reforçou.
Também assinou ficha no PSB o engenheiro mecânico Paulinho Macedo, 26, que concorreu nas últimas eleições à prefeitura de Cascavel, município localizado na Região Metropolitana de Fortaleza.
Crise e dever socialista
Carlos Siqueira disse ainda que a atual crise na política decorre, em grande medida, das “deformações” pelas quais passam as instituições partidárias, pelo fato de não investirem na qualificação e na formação de seus quadros. Para o presidente do PSB, o partido deve ser instrumento de transformação social.
“O grande problema da crise política da qual o Brasil vivência decorre em grande medida das deformações pelas quais passaram as instituições partidárias, que ao invés de ter uma escola de formação política e administrativa, de formulação de políticas públicas para recrutar os quadros que vão oferecer como cardápio ao eleitor, faz o inverso, descuida desses aspectos que são fundamentais na política de qualidade e busca apenas entre aqueles que são mais conhecidos”, afirmou.
Siqueira destacou que os socialistas ingressaram na política não apenas para mudar a cidade, o estado, ou o país em que vive, mas para “mudar o mundo”. O presidente do PSB citou o intelectual e socialista Antonio Candido, um dos fundadores do partido, para quem as conquistas sociais alcançadas em todo o mundo decorreram de lutas travadas por socialistas. “Muitas coisas boas que existem no Brasil e no mundo são decorrentes das lutas que nós travamos por sucessivas gerações. Antonio Cândido disse que as ideias socialistas são triunfantes. E as conquistas sociais decorrem de lutas travadas em sucessivas gerações por aqueles que aqueles que comungam de ideias que queremos comungar”, declarou.
Siqueira afirmou também que os socialistas têm obrigação de lutar pelo avanço dos direitos sociais, e que o Brasil só não se tornou um país desenvolvido, apesar da sua potencialidade, pela qualidade da elite política e econômica. “Hoje mais do que nunca, temos que cumprir a tarefa histórica de desenvolver plenamente o nosso país, e um país desenvolvido não é só apenas um país rico, mas um país desenvolvido é um país que não tem miseráveis, em que todos os seus cidadãos possam desenvolver as suas potencialidades em igualdade de condições”, defendeu.
Na avaliação do presidente do PSB, o socialismo e outras forças políticas preocupadas com o desenvolvimento do país devem ganhar mais expressão na sociedade brasileira para fazer avançar as causas sociais. Ele defendeu ainda o crescimento gradativo do partido, com o cuidado de ser uma instituição respeitada, sobretudo pelos menos favorecidos, que devem enxergar na instituição partidária um instrumento de transformação social. “É melhor crescer pouco e não se deformar demais, do que crescer muito e se deformar, porque nós estamos a ver aí os maiores partidos com problemas tão sérios que são os que criam os grandes problemas para o país”, criticou.
“O partido socialista só se justifica estando sintonizado com os que mais sofrem, com os que são perseguidos, com os que sofrem discriminações, com o que sofrem racismo e toda a natureza de mazelas, que permeia até mesmo as sociedades ditas civilizadas ou mais desenvolvidas ou de primeiro mundo”, disse Siqueira. “Todas essas mazelas são objeto da nossa condenação e da nossa militância permanente, onde quer que tenha uma pessoa injustiçada por qualquer desse motivo, deve ser motivo de preocupação para nós socialistas. Digo tudo isto porque sei que estou falando a linguagem do deputado que assina neste momento a ficha do nosso partido”, destacou.
Confira as imagens do ato de filiação:
Assessoria de Comunicação/PSB Nacional