O governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), afirmou que “o grande serviço” que as forças políticas têm de prestar ao país é trabalhar para que Bolsonaro não se reeleja. “Não dá pra continuar mais quatro anos sendo gerido da forma que o Brasil vem sendo gerido”, afirmou nesta quarta-feira (16), ao programa Ponto a Ponto, na Bandnews TV.
“Vou trabalhar muito para que as forças políticas contrárias à forma com que o Brasil vem sendo administrado pelo presidente Bolsonaro vençam as eleições. Acho que esse é o grande serviço que nós temos que fazer”, destacou.
Durante a entrevista, comandada pela jornalista Mônica Bergamo e pelo cientista político Antônio Lavareda, Câmara ressaltou que as quase 500 mil vidas perdidas para o coronavírus mostram o “desserviço” do governo Bolsonaro na condução da pandemia. O socialista destacou que enfrenta dificuldades pela baixa chegada de vacinas e o não cumprimento do calendário de entregas do Plano Nacional de Imunização (PNI).
Alguns municípios pernambucanos, por exemplo, não possuem vacinas para aplicar a segunda dose da CoronaVac, produzida pelo Instituto Butantan. Ainda assim, Pernambuco tem a segunda menor taxa de mortalidade no Brasil em 2021 pela covid-19, ponderou. “Os números do Brasil mostram o desserviço do governo federal nas suas práticas em relação a essa pandemia. São quase 500 mil vidas perdidas, e vidas não se recuperam”, criticou.
Na opinião do socialista, não existe protagonismo de governadores em outros países, bem-sucedidos no combate à covid-19 e à vacinação de sua população, justamente porque os governos nacionais cumpriram com seu papel de coordenar a luta contra o vírus.
Câmara ainda criticou a ausência de políticas públicas do governo Bolsonaro no Ministério da Educação, que “desde 2019 não funciona”, disse. Na avaliação do socialista, a alfabetização será um dos maiores desafios por conta do atual impedimento de aulas presenciais e a adoção de um modelo híbrido de ensino, presencial e virtual.
“Desde 2019 a gente vê um Ministério da Educação que não funciona. Antes da pandemia, o Ministério da Educação já vinha parado, sem nenhum programa, sem nenhuma continuidade. Com a pandemia, tivemos que cuidar realmente da saúde da população e essa morosidade e inércia do ministério ficam um pouco escondidas, mas isso vai ter reflexo na retomada tão logo a vacinação seja presente e todos os locais dos estados”, afirmou
O governador garantiu que seguem com rigor as apurações sobre a violência cometida por policiais contra manifestantes em um protesto contra Bolsonaro em Recife, em 29 de maio. Ele determinou a criação de um grupo de trabalho com a participação de movimentos sociais, já antecipando os protestos anti-Bolsonaro agendados para este próximo sábado (19) na capital.
Segundo Câmara, as vítimas cegadas pelas balas disparadas pelos agentes estão tendo suporte. Ele afirmou que sua gestão trabalha para que as indenizações sejam no campo administrativo e as ações não se judicializem, o que poderia levar anos até o pagamento das reparações aos dois homens.
“Cenas e fatos como vimos no Recife, no último dia 29 [de maio] não podem acontecer nunca mais em Pernambuco”, afirmou.