O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, participou na manhã desta sexta-feira (11) de uma entrevista para o programa Em Ponto, da GloboNews e fez análises sobre o primeiro turno das eleições, o cenário político nacional, e o desempenho do PSB diante dos resultados das eleições municipais de 2024.
Ao ser questionado sobre os resultados das eleições, Siqueira admitiu que a centro-direita cresceu, mas ressaltou a desempenho ainda melhor da extrema-direita, o que considera preocupante.
“A centro-direita ganhou, mas a extrema-direita ganhou muito. O PL que é um partido de extrema direita, já elegeu dois prefeitos em capitais e está disputando mais 8 no segundo turno, isso é muito simbólico e mostra uma radicalização conservadora.”
Siqueira ainda acrescentou que a consolidação da extrema-direita é um fenômeno mundial: “o país vem sofrendo um processo de consolidação do conservadorismo, do centro pra extrema-direita. Isso não é um fenômeno apenas brasileiro, o ressurgimento de forças até fascistas tem acontecido em todo ocidente, em todas as democracias, na Europa e nos EUA também.”
Ao responder sobre o que diferencia o PSB dos outros partidos de esquerda do país, Siqueira afirmou que desde seu nascimento, o partido não acredita em nenhum tipo de ditadura. Recordou que o PSB nasceu se opondo à ditadura do proletariado, ao stalinismo, e também ao liberalismo.
“No plano internacional, por exemplo, nos diferenciamos por acreditar que a eleição da Venezuela não foi normal, vemos como uma ditadura e condenamos o que acontece lá desde que a presidente Michele Bachelet fez aquele relatório denunciando a violação dos direitos humanos, como também é o caso da Nicarágua, ou seja, nós temos uma visão democrática”.
Além dessa diferenciação, o presidente do PSB citou a Autorreforma do partido como um exercício de atualização diante das mudanças do cenário nacional.
“Nós abrimos há três anos um processo de Autorreforma e mudamos completamente o nosso programa partidário e isso significa que o partido quer se atualizar frente às profundas mudanças no mundo do trabalho, da economia, da tecnologia. A esquerda precisa se modernizar e ser contemporânea das grandes mudanças, acho que hoje ela ainda está apegada a alguns dogmas e precisa superar para que ela possa se renovar.”
Na eleição para a prefeitura de São Paulo, a candidata do PSB, deputada Tabata Amaral, alcançou o quarto lugar com mais de 600 mil votos e declarou seu voto em 2º turno para o candidato Guilherme Boulos, do PSOL.
Siqueira afirmou que apesar da distância política do PSOL em relação ao PSB, o partido irá apoiar Boulos em defesa aos valores progressistas que o partido sustenta.
“Nós vamos apoiar Boulos, não há do ponto de vista político, ideológico dúvidas sobre o rumo que o PSB irá tomar. A relação com o PSOL é distante, mas não por nós, é distante por eles. Mas apesar disso, não vamos tratá-los como somos tratados.
Questionado sobre a necessidade do surgimento de uma nova grande liderança na esquerda, Siqueira afirmou que o PSB vê na figura de João Campos uma “potencialidade extraordinária”.
“A esquerda está restrita a uma grande liderança que é o presidente Lula, ele é um grande líder mas como tudo na vida tem um limite, a idade é limitante e a esquerda precisa de novos líderes. O PSB enxerga em João Campos uma potencialidade extraordinária de se tornar um líder, ele já é o no plano estadual e depois no nacional assim como foi Eduardo Campos, seu pai.”
Ao finalizar sua participação, Siqueira disse que espera que “João possa dar uma grande contribuição a esquerda brasileira para melhorar as forças de centro l-esquerda, as forças progressistas e as forças que tem uma capacidade de não apenas se tornar liderança, mas de pensar o país e uma renovação que faça a população brasileira voltar a sonhar.”
Confira abaixo a entrevista completa: