FOME NÃO É MOEDA ELEITORAL
O cenário pós-pandemia apresenta desafios monumentais, dentre os quais cabe apontar o aumento do desemprego ? Dilma nos legou 11 milhões de desempregados, patamar que com o uso intensivo da “terapia” ultraliberal (iniciada já a partir de seu segundo mandato), ampliou-se para 14 milhões, sem que se apresentem iniciativas efetivas para superar essa mazela social ?, queda de renda das famílias, ampliação da desigualdade social e, vergonhosamente para o país, ressurgimento da fome como fenômeno socioeconômico, algo que chegou a ser erradicado entre nós.
A insegurança alimentar, em particular, é algo muito sério, não afeta apenas o Brasil e está entre as maiores preocupações da ONU, segundo a qual mais de 130 milhões de pessoas estão na iminência de passar fome até o final deste ano, 690 milhões de pessoas já não têm o que comer e mais de 3 bilhões de pessoas não têm dinheiro para uma dieta saudável.
No Brasil, para se equacionar o problema, complexo e multifatorial, é necessário partir de um preceito político básico, ou seja, a fome não deve ser tratada como ativo eleitoral e, consequentemente, a estruturação das políticas públicas não pode ficar refém de projetos mesquinhos de poder, sejam quais forem os agentes políticos que organizem iniciativas com tal finalidade.
O Partido Socialista Brasileiro (PSB), por sua vez, tem tradição de enfrentamento da fome com medidas concretas, de que são exemplos relevantes os programas desenvolvidos por Miguel Arraes, como governador de Pernambuco ? algo que tem se repetido em administrações socialistas país afora.
Neste contexto, as eleições municipais propõem um desafio maior para uma instituição partidária de natureza democrático-popular como o PSB: estamos obrigados a desenvolver e implantar projetos e programas verdadeiramente consistentes de combate à fome, inteiramente isentos de populismo, porque “palavras bonitas” não enchem barriga.
Este é, portanto, um tema fundamental para as novas administrações municipais e para seus programas de governo, que devem articular as políticas públicas de assistência social, saúde pública, educação, geração de renda e emprego, com a finalidade de produzir em tempo mínimo e de forma sustentável segurança alimentar para a população em condição de vulnerabilidade.
Observe-se, por fim, que programas e projetos bem estruturados podem ser financiados com recursos próprios e/ou por meio da cooperação interfederativa, tendo como parceiros os governos estaduais e federal. Estamos todos obrigados à cooperação ? sociedade civil incluída ?, porque que aquele que tem fome não pode esperar.
Carlos Siqueira
Presidente nacional do Partido Socialista Brasileiro – PSB