O último dia 6 de dezembro marcou os 35 anos do assassinato do deputado estadual do PSB, João Batista. Morto por pistoleiros na frente de sua casa e de sua esposa e filhos, em Belém, no Pará, em 1988, Batista teve sua vida ceifada por conta de sua luta pela reforma agrária que despertou a ira dos latifundiários e grandes ruralistas. Ele foi o único parlamentar no exercício do mandato assassinado após a redemocratização do Brasil com o fim da ditadura civil-militar.
Seu nome está registrado em diversas escolas e assentamentos. Sua memória é registrada no livro “João Batista, o mártir da luta pela reforma agrária” e no filme “João Batista, o combatente do povo”, que analisa a ocupação da Amazônia e as consequências da violência no campo e na cidade. Durante sua trajetória, João Batista afirmava a militância em nome da liberdade, da democracia e da justiça. “Precisamos fazer com que nosso Estado não seja tão cheio de impunidade” era sua frase mais conhecida.
Antes de ser assassinado, o parlamentar já havia sofrido ameaças e três atentados. No primeiro, seu pai, Nestor Batista, foi alvejado na cabeça, o que deformou seu rosto, e um de seus irmãos foi atingido de raspão. No segundo, ele e mais dois companheiros foram atropelados e acabaram internados na UTI. No terceiro, sofreu ataque de pistoleiros durante uma manifestação no Dia do Trabalho, em 1987.
“A luta de João Batista não era apenas pela reforma agrária, era também contra a exploração do capital contra os trabalhadores. Ele era um militante revolucionário, e em nenhum momento recuou e deixou de ter clara a necessidade de organizar e conscientizar os trabalhadores na luta contra o latifúndio e contra o capital”, destaca Pedro César Batista, irmão de João e escritor do livro João Batista, mártir da luta pela reforma agrária.
De acordo com ele, mesmo após as tentativas de assassinato, Batista nunca pensou em abrir mão de seu compromisso de militar ao lado dos trabalhadores rurais pela reforma agrária e em defesa do socialismo.
A militância de Batista teve início durante sua juventude. A família dele foi ao Pará em busca de terra para trabalhar quando João tinha 13 anos. Em 1975, fez supletivo e passou a cursar Direito, sendo responsável por fundar o diretório acadêmico de sua faculdade. Participou por anos do movimento estudantil, e chegou a se candidatar à eleição da União Nacional dos Estudantes (UNE) em 1979.
Após o término da faculdade de Direito, se dedicou inicialmente a defender trabalhadores urbanos, mas em seguida voltou suas forças para defender a luta pela terra. Em 1986, se tornou deputado estadual pelo PSB.
Batista sabia da perseguição que sofria. Em sessões da Assembleia Legislativa do Pará (Alepa), chegou a denunciar 23 nomes. Um mês antes de seu assassinato, João enviou um telex para o então Ministro da Justiça, Paulo Brossard, denunciando as ameaças de morte que vinha sofrendo, mas nunca obteve resposta.
Além disso, fez um pronunciamento denunciando ameaças de oficiais da Polícia Militar, mas deputados diziam que ele tinha mania de perseguição. Poucas horas depois, no mesmo dia, foi assassinado.
Dois mandantes foram denunciados durante o julgamento dos pistoleiros, contudo, a denúncia não foi aceita. Um deles morreu, o outro segue impune.
Assessoria de Comunicação/PSB Nacional com informações do Brasil de Fato e Blog do Bordalo