Em audiência na Comissão de Educação, nesta quarta-feira (11), na Câmara, o deputado federal João Campos (PSB-PE) fez duras críticas à gestão do ministro da Educação, Abraham Weintraub, e às falas polêmicas do ministro, que disse mais recentemente, por exemplo, haver plantação de maconha e fabricação de drogas sintéticas nas universidades federais.
O socialista afirmou que Weintraub “faz mal à educação”, não reconhece o papel das universidades em pesquisas fundamentais para o avanço da ciência e que o ministro foi incapaz, até o momento, de apresentar um plano estratégico para a educação no país.
“O senhor falou que é bom de gestão, mas por que não entregou o planejamento estratégico do MEC?”, questionou Campos. “O senhor disse que está aqui para se dar mal. O senhor está aqui para fazer o mal. O senhor está para fazer o mal para juventude, para a criança, para o futuro da educação, para as universidades”, afirmou.
Weintraub foi convocado pelos deputados a explicar uma entrevista concedida por ele no fim de novembro, quando declarou pela primeira vez que as universidades são “madraças de doutrinação” e “têm plantações extensivas” de maconha, além de os laboratórios de química estarem desenvolvendo droga sintética, a metanfetamina.
Para Campos, ao invés de arma, o símbolo deste governo deveria ser “um livro”. O socialista criticou ainda a intervenção bolsonarista na escolha de reitores para nomear acadêmicos de “perfil conservador” . “Quando o senhor fala de mortes do comunismo, nós não vamos julgar o mérito disso, porque o senhor não fala das mortes da ditadura no brasil?”, indagou.
Na avaliação do deputado, o modelo de escolas cívico-militares do atual governo não resolverá os índices alarmantes da educação no país, que tem 10 milhões de analfabetos e 38 milhões de analfabetos funcionais.
Para o socialista, o governo federal deveria replicar, em todo o país, políticas públicas que dão certo em alguns estados. Ele usou o exemplo de Pernambuco, que alcançou a melhor Ideb e a menor taxa de evasão escolar do país com as escolas integrais, cuja rede tem 67% dos alunos de todo o Estado matriculados e é maior do que as de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais reunidas.
“Nós temos o 19º PIB brasileiro, e chegamos ao posto da melhor educação no Brasil. Saímos do 21º lugar do Ideb, em menos de 10 anos, para a primeira colocação. Pelo Ideb, temos a menor diferença de ensino médio entre a escola pública e a privada. Temos a menor taxa de abandono escolar por sete anos consecutivos. Era de 24%, hoje é de 1,7%”, afirmou João Campos.
“Aconteceu um fenômeno. Quando a rede começou a melhorar significamente, várias escolas particulares, principalmente em cidades pequenas, começaram a fechar. Porque os alunos preferiram estar na escola pública. Eu sonho um dia em poder andar pelo Brasil e ver mesmo fenômeno, o de ver a escola pública brasileira tendo a capacidade de fechar a escola privada. Fazendo isso, a gente vai estar emancipando a juventude”, declarou.
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