
Foto: Pedro França/Agência Senado
O líder do PSB no Senado, Jorge Kajuru, protocolou um pedido para que a Polícia Federal (PF) apure as suspeitas de desvio de recursos por meio do cartão corporativo mediante o uso de notas fiscais frias durante o governo de Jair Bolsonaro (PL). A representação foi entregue ao diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues.
O pedido de investigação tem como base documentos que apontam gastos com hospedagens em hotéis de luxo e alimentos consumidos em lojas de alto padrão.
O ex-presidente gastou com a Lanchonete Tony & Thais Ltda, por exemplo, mais de R$ 626.000 reais entre 2019 e 2022. O estabelecimento, aparentemente simples, localizado próximo ao Parque Ibirapuera, em São Paulo, emitiu 102 notas e cupons fiscais nesse período, incluindo ao menos dez faturas diferentes de exatos 9.000 reais.
Somente em um dia, em 15 de abril de 2022, foram registrados sete pagamentos feitos com o cartão corporativo em posse de Bolsonaro à lanchonete, sendo seis de R$ 9.500,00 e um de R$ 5.206,00 mil, totalizando R$ 62.206,00.
Neste mesmo dia, uma sexta-feira de feriado da Paixão de Cristo, Bolsonaro fez uma de suas “motociatas” na capital paulista. A ação envolvendo motociclistas gerou um gasto de R$ 1 milhão dos cofres públicos só com policiais militares e chegou a fechar a Rodovia dos Bandeirantes.
A empresa Roberta Silva Rizzo, localizada em Boa Vista (RR), recebeu R$ 109 mil para supostamente fornecer 654 marmitas e 2.964 lanches à Secretaria Especial de Administração da Presidência da República no dia 26 de outubro de 2021, ou seja, 3.618 refeições em um único dia.
“É inegável que houve uma rotina obscura nessas despesas, uma série de fatos que se repetiram em diversos locais e o objetivo era conseguir documentos que trouxessem uma capa de legalidade aos desvios”, afirmou Kajuru.
Na denúncia, o parlamentar também questiona o pagamento de R$ 18,9 milhões que teriam sido gastos com hospedagem e alimentação de integrantes do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) entre 2019 e 2022.
Ao consultar o pagamento das diárias no Portal da Transparência, o senador constatou que Bolsonaro viajou com, em média, 50 militares. Ocorre que os documentos trazem números absurdos como a compra de até 3.600 refeições em um único dia, no município de Boa Vista/RR, portanto as contratações de alimentação são muito suspeitas”, cita o senador em um outro trecho do documento entregue à PF.
Ainda segundo a denúncia, “os gastos com refeições e hospedagens podem ter sido usados para criar uma fachada de legalidade aos desvios, ou seja, as notas fiscais contendo quantidades e valores elevados seriam “notas frias”.
“O montante pago em hospedagens e refeições logo chamou a atenção de veículos de comunicação, uma vez que Jair Messias Bolsonaro passou os últimos quatro anos tentando passar a imagem de era um homem simples e popular, que gostava de comer churrasquinho com farofa, cachorro quente nas banquinhas de rua e pão com leite condensado. Porém, a realidade se mostrou totalmente diferente”, afirma Kajuru.
No documento, com 69 páginas, Kajuru cita a denúncia do deputado Elias Vaz (PSB-GO). O parlamentar pediu explicações sobre os contratos para comida e bebida no avião presidencial.
Com informações de Veja.com e Revista Fórum